Euro-2024: Gianluigi Donnarumma, o muro de Berlim
Três anos depois de ter sido eleito o melhor jogador do Euro-2020, ganho pela Itália em Wembley contra a Inglaterra (1-1 a.p. 3-2), Donnarumma está de novo em grande.
Depois de evitar uma pesada derrota da Espanha, que venceu por 1-0 num segundo jogo que dominou, o guarda-redes do Paris SG, de 25 anos, produziu uma das suas melhores exibições pela contra a Croácia, em Leipzig.
Sem o seu capitão, a Itália, que arrancou um empate 1-1 no último lance do jogo e um bilhete para um duelo com a Suíça nos oitavos de final em Berlim, no sábado, poderia ainda estar a abanar a cabeça para saber se terminaria entre os melhores terceiros classificados, ou se teria mesmo de fazer as malas para regressar a casa.
Houve, claro, o penálti defendido a Luka Modrić aos 54 minutos, e depois, na sequência, o remate à queima-roupa de Ante Budimir empurrado para os pés de... Modric, completamente abandonado pela retaguarda italiana, para o golo inaugural.
"A única certeza"
Antes deste penálti ou remate à baliza defendido (num total de 15 tentativas) pela seleção nacional, Gigio já tinha feito uma defesa espetacular logo aos 5 minutos a um remate de Luka Sucic.
De acordo com as estatísticas da UEFA, Donnarumma é o segundo guarda-redes mais solicitado/eficaz neste Euro, com 12 defesas, atrás de Giorgi Mamardashvili, da Geórgia, que tem 15, ainda antes do último jogo da fase de grupos.
Esta estatística também pode ser lida como mais uma prova das fraquezas e fragilidades da equipa nazionale de Luciano Spalletti.
É essa a opinião da Gazzetta dello Sport na edição de terça-feira, cuja primeira página é dedicada ao "milagre italiano".
O Euro-2024 no Flashscore
"A Itália não está a jogar bem, comete demasiados erros defensivos que são frequentemente resolvidos pelo seu único jogador de classe mundial, a sua única certeza, Donnarumma", escreve o diário desportivo.
O guardião está longe das críticas que o perseguem desde que deixou o AC Milan para se juntar ao Paris SG, na sequência da conquista do título europeu conquistado em 2021.
Se a sua imagem foi gravemente afetada pela transferência, nomeadamente em Milão, onde foi muito criticado durante a Liga dos Campeões, esta época, com o PSG, e também no jogo da seleção nacional contra a Ucrânia, algumas semanas antes, Donnarumma também causou algumas dúvidas ao sair dos postes.
Em Paris, poderá enfrentar a concorrência do jovem russo Matvey Safonov, também de 25 anos e com contrato até 2029.
2006 de novo?
Durante as tensas eliminatórias para o Euro-2024, um erro grosseiro de posicionamento fez com que a Itália empatasse 1-1 com a Macedónia do Norte, em setembro.
Desde a sua chegada à Alemanha, porém, o guardião tem demonstrado uma calma inabalável.
O que se deve em grande parte à presença na equipa técnica italiana do seu antecessor e modelo Gianluigi Buffon (176 internacionalizações), que é agora o chefe de delegação da equipa italiana.
"É bom ouvi-lo falar sobre o que passou, mas quando nos dá conselhos, é ainda melhor", explicou Donnarumma no início do torneio. O ex-Milan tornou-se, na segunda-feira, o guarda-redes mais jovem a disputar dez jogos no Europeu, batendo em três anos o anterior recorde estabelecido pelo português Rui Patrício.
"Ter o Gigi ao nosso lado, que fez história em 2006, ajuda-nos muito. Agora cabe-nos a nós escrever uma nova página nessa história", afirmou Donnarrumma.
18 anos depois da lendária final do Mundial-2006, vencida nos penáltis contra a França, a história de Itália volta ao Estádio Olímpico de Berlim. Desta vez, não para conquistar um título, mas para provar que estão errados aqueles que, cada vez mais em Itália, não acreditam na equipa. Apesar do seu anjo da guarda.