Euro-2024: Griezmann tornou-se um problema para a França?
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Os franceses saíram do grupo invictos, mas marcaram apenas dois golos em três jogos, um deles na própria baliza, que lhes permitiu vencer a Áustria, e o outro de grande penalidade, marcado por Kylian Mbappé no empate 1-1 com a Polónia.
Pelo meio, houve um empate a zero com os Países Baixos, no qual Griezmann desperdiçou duas excelentes oportunidades.
Apesar de defenderem bem, as suas prestações laboriosas fizeram com que a melhor equipa europeia em cada um dos dois últimos Mundiais terminasse apenas em segundo lugar no Grupo D, atrás da Áustria.
Com isso, a seleção europeia chegou ao que é, sem dúvida, a parte mais difícil do sorteio na fase a eliminar, mesmo que o próximo adversário também tenha tido dificuldades na fase de grupos.
Griezmann, agora com 33 anos e a disputar a sua sexta grande competição internacional pela França, foi extraordinário no Miundial do Catar.
Didier Deschamps converteu-o de avançado em construtor num meio-campo que precisava de ser reconstruído após a perda de Paul Pogba e N'Golo Kanté por lesão.
Griezmann combinou a criatividade com uma ética de trabalho incansável e foi o melhor jogador do seu país antes da final, quando Mbappé assumiu o controlo com um espantoso hat-trick, com a França a acabar por perder com a Argentina de Lionel Messi nos penáltis.
O contraste entre o o Mundial e o Europeu para Griezmann tem sido impressionante.
No último amigável da França antes do torneio, o empate 0-0 com o Canadá, teve dificuldades para jogar atrás do avançado.
Na vitória contra a Áustria, o jogador do Atlético de Madri voltou ao lado esquerdo do meio-campo, mas a fratura no nariz sofrida por Mbappé naquele jogo teve um grande impacto sobre o seu vice-capitão.
Griezmann, agora com a braçadeira de capitão, foi novamente solicitado a jogar atrás do avançado - no caso, Marcus Thuram - contra os Países Baixos, mas fez uma má exibição. Tanto que foi suplente contra a Polónia, tendo entrado apenas na última meia hora.
"Foi apenas uma escolha, nada mais. Não há necessidade de interpretar nada", insistiu Deschamps após o jogo em Dortmund.
Seca de golos
Deschamps negou a existência de qualquer problema entre os dois e disse que Griezmann - que se estreou na seleção francesa há uma década e que já disputou 132 jogos - aceitou o facto de ter ficado de fora da equipa "como um profissional, com um sorriso".
Desde o Euro-2016, quando a França perdeu a final como anfitriã, que Griezmann não ficava no banco num jogo de uma fase final ainda com algo em disputa.
Agora, a questão é saber qual o papel que Griezmann irá desempenhar contra a Bélgica, a equipa que a França derrotou por 1-0 nas meias-finais, a caminho da vitória no Mundial-2018.
A expectativa é que seja chamado à equipa titular, onde poderá apoiar Mbappé, que regressou da lesão contra a Polónia, usando uma máscara de proteção facial.
Com Mbappé disponível, há um pouco menos de pressão sobre Griezmann para marcar, mas ele estará ansioso para melhorar as suas estatísticas recentes - apenas dois golos nos últimos 31 jogos pela seleção.
No entanto, a Opta colocam os seus Expected Goals (XG, uma métrica para medir a qualidade de uma oportunidade) no Euro-2024 em 1,84.
Apenas Mbappé (2,12 em dois jogos) e o melhor marcador do torneio com três golos, Georges Mikautadze, da Geórgia (2,26), têm um número mais elevado.
Talvez os golos acabem por aparecer e, de qualquer forma, a sua influência na equipa francesa continua a ser enorme.
"Ele falhou oportunidades, mas isso vai acontecer de novo. Ele é um jogador vital para nós", disse Aurelien Tchouameni.
"Ele é o guardião da nossa forma de jogar. A bola passa sempre por ele. Tem essa responsabilidade, mas é um jogador excecional, como mostrou durante toda a temporada e como mostra todos os dias, então não há preocupações", concluiu.
Agora cabe a Deschamps decidir onde Griezmann irá jogar contra a Bélgica.