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Euro-2024: João Nuno Fonseca vê Portugal incómodo com plano de Martínez

LUSA
Cristiano Ronaldo é uma das figuras da Seleção
Cristiano Ronaldo é uma das figuras da SeleçãoAFP
Vários futebolistas preponderantes de Portugal têm sentido incómodo com as missões e os posicionamentos atribuídos pelo selecionador nacional, o espanhol Roberto Martínez, durante o Euro-2024, admite o treinador João Nuno Fonseca.

“Temos de dar conforto aos jogadores para eles entregarem o melhor de si, mas, quando lhes tiramos isso, não criamos apenas desconforto, como pedimos coisas que não estão habituados. Continuo a achar que não há conforto face àquilo que foi a temporada destes jogadores. Sobretudo, é necessário gerar interações e procurar ao máximo criar um estilo que nos permita condicionar o oponente”, referiu à agência Lusa o antigo técnico-adjunto dos gauleses do Nantes (2018/19), do Stade de Reims (2021/22) e do Valenciennes (2023/24).

Portugal e França lutam pelo acesso às meias-finais da 17.ª edição do Europeu na sexta-feira, a partir das 21:00 locais (20:00 em Lisboa), no Volksparkstadion, em Hamburgo, na Alemanha, oito anos depois do triunfo luso sobre os bleus (1-0, após prolongamento) na decisão de 2016, no Stade de France, em Saint-Denis, graças ao tento do suplente Éder.

A antevisão vídeo da partida
Flashscore

“Espero que o selecionador devolva o que é natural aos nossos jogadores. Se tivermos o João Cancelo mais por fora e o Bernardo Silva a invadir espaços interiores, vamos criar dificuldades acrescidas à França. Se permitirmos que o Rafael Leão tenha liberdade para desequilibrar e ser criativo no último terço, vamos tirar partido disso. O mesmo vale se o Nuno Mendes estiver bastante ofensivo do lado esquerdo. Agora, tudo depende do nosso momento e também da estrutura adotada para o posicionamento dos futebolistas”, notou.

Portugal precisou do desempate por grandes penalidades (3-0, após empate 0-0 nos 120 minutos) para suplantar a Eslovénia nos oitavos, mas João Nuno Fonseca confia que os futebolistas “estarão em pleno ou perto disso em termos fisiológicos” com quatro dias de recuperação e que o onze inicial possa ser repetido pela primeira vez ao quinto embate.

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“Eu só espero que o Vitinha (substituído aos 65 minutos do último encontro) consiga ter a oportunidade de jogar a partida toda, pois é o atleta que, neste momento, está a criar e a ser mais diferenciador. Retirá-lo de campo é algo que ainda não consegui entender. Tem sido preponderante esta época, não só na seleção, como no Paris Saint-Germain”, frisou.

Aguardando por um encontro “definido nos detalhes e com impacto das bolas paradas”, o treinador, de 35 anos, aceita que Portugal continue a ser movido pelo estado de alma de Cristiano Ronaldo, recordista de fases finais (seis), jogos (27) e golos (14) em Europeus.

Os últimos duelos entre Portugal e França
Os últimos duelos entre Portugal e FrançaFlashscore

“Ele representa muito para Portugal e fazer o que tem feito no plano físico quer dizer que está ao nível dos melhores. Fisicamente, não se pode dizer que não é capaz. Agora, não nos podemos centrar apenas num jogador, mas nas dinâmicas coletivas que fazem com que ele seja produtivo. Para mim, esse é o ponto fulcral e penso que a equipa não está a conseguir chegar devidamente ao Cristiano Ronaldo, que já foi, é e será decisivo”, disse.

O avançado e capitão, de 39 anos, esteve em foco na segunda-feira, ao permitir a defesa a Jan Oblak, antigo guarda-redes de Beira-Mar, Olhanense, União de Leiria, Rio Ave e Benfica, na conversão de uma grande penalidade, aos 105 minutos, redimindo-se, mais tarde, no primeiro de três pontapés concretizados pelos lusos no desempate através da marca dos 11 metros, no qual Diogo Costa fixou um recorde de três defesas seguidas em Europeus.

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“Aquilo que estamos a demonstrar como coletivo não está a ajudar o Cristiano Ronaldo a marcar golos. A maneira como se antecipa aos adversários, consegue saltar mais alto do que o seu oponente direto e ataca de forma aguerrida a área são sinais evidentes de que está mais do que pronto para ter rendimento num Europeu”, insistiu João Nuno Fonseca, numa altura em que o recordista de internacionalizações (211) e golos (130) por Portugal já somou 366 minutos dos 390 possíveis na prova e continua à procura do primeiro tento.

Stade Reims foi um dos últimos projetos de João Nuno Fonseca
Stade Reims foi um dos últimos projetos de João Nuno FonsecaArquivo Pessoal

França enfrenta Portugal com pragmatismo

Portugal defrontará uma França com processos práticos e frieza em zonas de definição na sexta-feira, nos quartos de final do Euro-2024, projeta o treinador João Nuno Fonseca, adjunto de três clubes gauleses desde 2018/19.

“Olho para esta França como uma equipa extremamente pragmática. Eles não irão fazer aquilo que ainda não fizeram (nas partidas anteriores), sobretudo contra nós, que somos muito mais uma equipa de posse. Vão respeitar-nos como sempre, mas, como têm essa capacidade de serem pragmáticos, serão letais. Até nos momentos com bola, temos de estar vivos e prontos para antecipar certos movimentos”, disse à agência Lusa o técnico, que trabalhou no Nantes (2018/19), no Stade de Reims (2021/22) e no Valenciennes (2023/24).

Portugal e França lutam pelo acesso às meias-finais da 17.ª edição do Europeu na sexta-feira, a partir das 21:00 locais (20:00 em Lisboa), no Volksparkstadion, em Hamburgo, na Alemanha, oito anos depois do triunfo luso sobre os bleus (1-0, após prolongamento) na decisão de 2016, no Stade de France, em Saint-Denis, graças ao tento do suplente Éder.

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Acompanhe o relato no site ou na appFlashscore

“A expectativa é alta, tendo em conta aquilo que fizemos na qualificação, mas que ainda não estamos a fazer nesta fase do Europeu. Acho que nos falta muito coletivo para o que valemos no plano individual. Eu sei que não é fácil e sinto que o trabalho do selecionador em conseguir dar uma intenção de jogar (à equipa) em tão pouco tempo é extremamente exigente, mas a análise da França e das suas debilidades - a partir das quais poderemos ser fortes -, terá de ser feito de forma exímia ou corremos o risco de vir embora”, alertou.

Portugal precisou do desempate por grandes penalidades (3-0, após empate 0-0 nos 120 minutos) para superar a Eslovénia nos oitavos, enquanto a vice-campeã mundial França bateu a Bélgica (1-0) com um autogolo de Jan Vertonghen, ex-defesa central do Benfica.

“A maneira como temos de ser proativos face aos franceses será determinante. O nosso caráter e crença são enormes, mas há que ter a capacidade de não olhar ao passado e entender que esta é a altura certa para nos fazermos valer como seleção e terminar com muitas das críticas que têm vindo a ser feitas ultimamente”, desejou João Nuno Fonseca.

As duas seleções medem forças pela quinta vez em duelos a eliminar nas fases finais de grandes competições, sendo que Portugal comanda em média de posse de bola por jogo (65,2%) e em ataques (306) no Euro-2024, mas só anotou cinco golos nas quatro partidas efetuadas, mais dois do que a França, que tem o ataque menos eficaz dos oito finalistas.

Recorde a entrevista a João Nuno Fonseca no Flashscore

“A forma como vamos defender terá de ser mais em 4-4-2 para que, pelo menos, exista superioridade nos momentos sem bola. Atendendo ao expectável 4-3-3 da França, será determinante a capacidade de os nossos alas baixarem um bocadinho mais no terreno e criarem superioridade nesses flancos. Caso contrário, vamos ter muitas dificuldades para gerir as movimentações atacantes, seja do Marcus Thuram, seja do Kylian Mbappé, e a capacidade de os médios entrarem com afinco no último terço para rematar”, enquadrou.

João Nuno Fonseca, de 35 anos, quer mais chegada às zonas de finalização dos médios da equipa orientada pelo espanhol Roberto Martínez, que voltou no último jogo ao 4-3-3 utilizado no êxito sobre a Turquia (3-0), da segunda jornada do Grupo F, prescindindo do 3-4-3 improvisado como sistema-base nas outras partidas da primeira fase - vitória com reviravolta tardia frente à República Checa (2-1) e derrota ante a estreante Geórgia (0-2).

“A capacidade de sermos um pouquinho mais verticais em espaços interiores é um ponto fulcral no qual precisamos de insistir. Isto é, não haver tanto uma circulação de bola mais lateralizada, mas mais vertical e a fazer com que os franceses sofram pelo meio. Vamos forçar nas zonas onde eles estão mais povoados, mas é nesses espaços curtos que nós, com toda esta qualidade que temos ao dispor, poderemos ser mais decisivos”, terminou.

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