Rudi Völler uma vez facilitou as coisas para si mesmo. Em vez de decidir entre Miroslav Klose e Carsten Jancker no Campeonato do Mundo de 2002, o então selecionador alemão simplesmente colocou os dois no onze na fase de grupos.
"Foi relativamente fácil", disse Völler, com um sorriso.
Para Julian Nagelsmann, a questão do ataque não é tão fácil de responder. Niclas Füllkrug está na luta por um lugar no onze inicial antes do jogo em casa, em Dortmund, mas o técnico da seleção teria de sacrificar Kai Havertz ou Florian Wirtz a favor do seu super-coringa.
Füllkrug, o super-coringa
Mas será que Nagelsmann vai mudar o seu onze inicial em duas posições antes dos oitavos de final contra a Dinamarca, no sábado (20:00)? O técnico já tem de substituir o defesa Jonathan Tah, que está suspenso. Havertz foi sempre titular no ataque nos sete jogos da seleção alemã este ano, com Füllkrug a sair do banco.
"Ele dá argumentos para as duas coisas: Continuar como joker, porque faz um ótimo trabalho, ou começar desde o início. Para ele, é uma alegria e uma tristeza que cumpra bem o papel", disse Nagelsmann sobre o homem com a caraterística fenda nos dentes.
Apesar da fantástica marca de 13 golos em 19 partidas pela seleção, o avançado de 31 anos não se intimida.
"O título é muito mais importante do que o próprio jogador", disse Füllkrug, que assinaria por baixo ser campeão europeu, mesmo se continuasse a sair do banco.
Havertz brilha com outras qualidades
Mas o melhor jogador da história do torneio alemão ainda não perdeu completamente a esperança de ser titular. Afinal de contas, Nagelsmann "sempre disse que isso não é definitivo. Ele também faz isso depender do adversário".
Na quinta-feira, o selecionador alemão recusou-se a falar sobre o assunto e treinou à porta fechada em Herzogenaurach. Mas tem que tomar uma decisão: Será que vai usar o nervoso Füllkrug, que só precisa de algumas ações para usar os seus pontos fortes? Ou será que prefere outro jogador de combinação forte como Havertz (25 anos), que só marcou um penálti nos três jogos da fase de grupos?
Para Völler, a questão é "relativamente simples". O diretor desportivo da federação alemã afirmou que a taxa de "abundância" era certamente "extraordinária".
"No entanto, um jogador como Kai Havertz é um futebolista extraordinário e extremamente importante para a equipa", explicou Völler elogiando "a forma como trabalha, como segura a bola na frente e desafia, sem deixar de ser forte com a cabeça e sempre jogável".
A equipa precisa de "um avançado centro que jogue no jogo" e "Kai pode fazer isso maravilhosamente", acrescentou.
Mas talvez Nagelsmann, como fez Völler, também opte por uma dupla de ataque. Füllkrug e Havertz começaram a jogar juntos pela última vez em março de 2023. Füllkrug marcou dois golos na vitória por 2-0 sobre o Peru, enquanto Havertz fez um golo.
Outro ponto de interrogação
O selecionador alemão terá provavelmente de retirar Wirtz da equipa. A jovem estrela começou bem contra a Escócia, mas depois teve dificuldades contra a Hungria e a Suíça.
Völler está de olho nele. "É a maldição da boa ação quando se tem um desempenho como o de Florian no Leverkusen no ano passado", disse Völler, acrescentando que um desempenho como o de Wirtz contra a Suíça seria então "julgado como mediano". No entanto, o jogador de 21 anos também teve "momentos excecionais".
O seu jogo, tal como o de Jamal Musiala, "envolve sempre uma certa dose de risco", sublinhou Völler.
"Mas é disso que precisamos - coragem para driblar", acrescentou.
Especialmente contra a Dinamarca, que Völler espera que seja "compacta", "precisamos de jogadores que possam molhar o adversário", defendeu.
Aliás, há 22 anos, Völler contava apenas com Klose no ataque a partir da fase a eliminar.
"Ao longo do torneio, Miro marcou constantemente e Carsten um pouco menos, então jogámos de forma diferente", lembrou o campeão mundial de 1990. Nagelsmann deve ter ouvido com atenção.