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Cristiano Ronaldo é o homem golo

Havia dúvidas? Na cabeça dos portugueses, talvez, mas na mente de Roberto Martínez há muito que o plano na frente de ataque está traçado. Apesar de já não conseguir apresentar o mesmo nível de outros tempos, não há ninguém mais capaz na seleção portuguesa (e no Mundo?) na hora de finalizar e Cristiano Ronaldo voltou a mostrar que está preparado para fazer a diferença em mais uma fase final do Europeu. O avançado do Al Nassr acertou no poste de livre direto, mas guardou-se para a segunda parte. Marcou dois golos de pé esquerdo, um deles um golaço, e podia muito bem ter feito um hat-trick. Apesar da qualidade de Gonçalo Ramos, o avançado do Paris SG vai mesmo ter de esperar.

Bruno Fernandes no papel de maestro

Se Ronaldo é o homem golo, Bruno Fernandes é, cada vez mais, a grande referência da seleção. O médio do Manchester United mostrou capacidade para combinar com o antigo colega de equipa e fez um jogo bem ao seu estilo. A questão tática e o conforto de ter João Neves a guardar o miolo permitem a Bruno Fernandes aparecer solto à entrada da área, onde pode aplicar a visão de jogo acima da média ou a capacidade de remate para fazer a diferença. Como tem sido habitual desde a chegada de Roberto Martínez, voltou a ter influência direta num golo da seleção, ao assistir para o 1-0 de João Félix. São já nove golos e 10 assistências desde a chegada do novo selecionador.

João Neves promete ser solução

Na fase de grupos, Portugal vai encontrar adversários que, à partida, irão adotar um estilo parecido ao da seleção irlandesa e João Neves voltou a mostrar que pode ser importante e até entrar com uma surpresa no onze para o Euro-2024. Frente a blocos mais baixos e fechados, o médio do Benfica tem a capacidade para construir desde a entrada da área defensiva de Portugal e, ao mesmo tempo, desdobrar-se em missões defensivas que compensam o pendor ofensivos dos restantes colegas. Apesar do nível que João Palhinha tem apresentado quando joga por Portugal, a entrada de João Neves no onze, um jogador de características bem diferentes das do médio do Fulham, pode ser decisiva para desbloquear partidas.

Maturidade para manter o controlo

A gestão de jogo que a equipa portuguesa conseguiu demonstrar também deve ser assinalada. Apesar de ter defrontado um adversário mais débil do que a Croácia, o conjunto de Roberto Martínez chegou a entregar a iniciativa ao adversário a meio da primeira parte, recuou no campo, mas nunca deixou que o adversário criasse jogo, porque, tal como já abordámos aqui, também a República Checa tem dificuldades para criar perigo em ataque posicional e aposta forte em transições. Numa prova como o Euro-2024, é preciso saber que nem sempre é possível fazer pressão alta e evitar ataques rápidos constantes, algo que, esta noite, Portugal soube fazer de forma exímia.

Corredor esquerdo por afinar

A dinâmica no corredor direito foi evidente desde os primeiros minutos. Dalot ligou-se com Bruno Fernandes, Félix e até Cristiano Ronaldo para criar situações de golo. O mesmo aconteceu na segunda parte, já com Nélson Semedo no lugar do lateral do Manchester United. No entanto, tal como já tinha ficado percetível nos amigáveis anteriores, a equipa portuguesa ainda tem dificuldades para encontrar a melhor fórmula para o corredor esquerdo. Cancelo parece ser o melhor parceiro para Rafael Leão, mas ambos estiveram apagados ofensivamente e é sabido que o nível do avançado do AC Milan nem sempre é consistente. Por outro lado, Nuno Mendes mostrou outra solidez na primeira parte e Diogo Jota, bem ao seu estilo, teve impacto decisivo ao contribuir com uma assistência, tendo desde logo chamado mais atenção para um corredor que tinha estado algo esquecido nos primeiros 45 minutos.