Euro-2024: Portugal-França, forças e fraquezas de dois velhos conhecidos
Acompanhe as incidências da partida
Depois do histórico triunfo da equipa portuguesa no Euro-2016, numa final de má memória para os gauleses, e que eternizou o herói improvável Éder nas grandes competições de seleções, Portugal e França encontraram-se mais três vezes - duas nas Liga das Nações (uma vitória para os franceses e um empate) e, mais recentemente, na fase de grupos do Euro-2021.
Pois bem, quis o destino que novo encontro se proporcionasse no Euro-2024, desta vez nos quartos de final, e um dos candidatos à vitória vai ter de ficar já pelo caminho. Num duelo entre dois gigantes do futebol mundial, com estrelas como Cristiano Ronaldo e Mbappé a liderarem as respetivas seleções, ninguém vai querer perder pitada do que irá acontecer no Volksparkstadion, em Hamburgo.
Michael Olivier é o árbitro escolhido para ajuizar a partida e até ao primeiro apito do inglês há um conjunto de questões que estão no subconsciente dos adeptos, para as quais os selecionadores Roberto Martínez (Portugal) e Didier Deschamps (França) vão ter de encontrar respostas, isto se quiserem encontrar o caminho para as meias do Euro-2024.
Quais os pontos mais frágeis de França? Por onde pode ser provocado o erro de Portugal? Como é que as equipas vão encaixar? O Flashscore juntou as redações de França e Portugal para encontrar possíveis respostas.
O maestro Vitinha
Vítor Machado Ferreira ou, simplesmente, Vitinha. O nome não é mais estranho no futebol de alto nível, sobretudo para os franceses que têm a oportunidade de acompanhar de perto o enorme talento do médio do Paris Saint-Germain.
O camisola 23 tem sido um dos principais destaques da equipa das quinas e pode mesmo dizer-se que há um Portugal com e sem Vitinha, como se viu no último encontro frente à Eslovénia (0-0, 3-0). O médio funciona como uma espécie de maestro de uma orquestra que ainda procura a melhor versão de alguns intérpretes - Bruno Fernandes, Bernardo e Ronaldo, por exemplo, têm capacidade para (muito) mais.
É esperada que a batalha do meio-campo possa assumir papel de destaque neste Portugal-França e se a equipa portuguesa quiser assumir vantagem nesse capítulo terá de manter um padrão comum nos jogos anteriores: posse de bola. A turma de CR7 e companhia foi superior em termos de posse de bola a todos os adversários até ao momento, e só num jogo teve uma percentagem inferior a 65%.
Perante um adversário com algumas dificuldades no momento de reação à perda, será fundamental Portugal dominar a posse desde o primeiro momento para criar o tal desconforto aos franceses, que estão obrigados a reajustes no onze, em função da suspensão de Rabiot. Há dois candidatos para a vaga: Camavinga e Fofana. A ideia é preservar a solidez defensiva no meio-campo, algo que encontrou diante a Bélgica.
Outro ingrediente fundamental para juntar à equação: paciência. Ao puxar para si a responsabilidade do jogo, entenda-se o domínio em capítulos como a posse e o número de passes (média de 629 por jogo), Portugal terá de ser paciente para encontrar os espaços livres para progredir no terreno e chegar à zona de Mike Maignan. E a França, fruto da sua verticalidade, deixa alguns buracos que podem ser explorados.
Onde andas, Ronaldo?
Apesar de um jogo de enorme desgaste do ponto de vista físico e mental, Cristiano Ronaldo é carta segura no onze de Roberto Martínez para o importante encontro desta sexta-feira. Tal como disse um dia o selecionador, "basta, por vezes, uma oportunidade para ele marcar", algo que ainda não aconteceu neste Euro-2024, e por isso não há grandes dúvidas de que seja ele a grande referência ofensiva de Portugal.
O jogador do Al-Nassr não tem sido aquele avançado disponível para vir buscar jogo, até porque os 39 anos obrigam a uma gestão completamente diferente do seu tanque de energia, portanto é preciso criar condições para fazer com que a bola chegue aos seus pés (ou cabeça).
A equipa das quinas apostou muito (sem grande sucesso, seja dita a verdade) nos cruzamentos para a área na partida contra a Eslovénia, mas pode ser por aí que estará o ouro.
Com dois laterais muito ofensivos (João Cancelo e Nuno Mendes), o espaço nas costas da linha defensiva francesa é também um dos possíveis espaços a explorar. É verdade que há Saliba e Upamecano na defesa gaulesa, mas CR7, no seu melhor nível, pode, finalmente, molhar a sopa.
Tirar o máximo partido da vantagem física
Com a introdução do 4-4-2 em losango, Didier Deschamps estava desesperado para encontrar a fórmula perfeita para restaurar a sua base defensiva. O objetivo foi alcançado, e o jogo contra a Bélgica oferece algumas garantias nesse sentido. O treinador e a sua equipa vão repetir a experiência, deixando mais uma vez o inconstante Ousmane Dembélé no banco.
Com este bloco de equipa, o principal objetivo dos Bleus será conter o adversário durante grande parte do jogo, sabendo que a posse de bola será provavelmente dos portugueses. Para além deste sistema, os franceses vão contar com a sua força física para tentar ganhar vantagem nos últimos metros e, porque não, também o mais cedo possível no meio-campo, com a ajuda de um contra-ataque eficaz.
Tal como acontece frequentemente com Deschamps, o principal objetivo será evitar sofrer golos, mesmo que isso signifique não responder adequadamente no ataque. No entanto, com as individualidades que a equipa francesa possui, basta uma única oportunidade para marcar.
A formação inicial é simples e é a que os Bleus vão adotar na fase defensiva, como aconteceu contra os belgas. Depois, estas oportunidades - que surgirão, sem dúvida, em transição e/ou em contra-ataque - terão de ser exploradas ao máximo por Mbappé, Thuram, Griezmann e companhia.
Kylian Mbappé, a arma letal de Deschamps
Se há um jogador que vai ter de fazer a diferença para os Bleus, esse jogador é Kylian Mbappé. Em primeiro lugar, porque é a estrela da equipa francesa e o seu capitão, e espera-se que deixe a sua marca neste tipo de evento. É certo que a sua época intermitente e o nariz partido não o ajudaram a desenvolver o seu melhor futebol, mas o jogo contra os homens de Tedesco mostrou que o novo jogador do Real Madrid melhorou.
Também é importante perceber que o lado direito da defesa de Portugal é, em teoria, um dos pontos fracos da equipa lusa. E porquê? Porque Cancelo, por muito bom que seja ofensivamente, pode falhar defensivamente.
Com a bola, Roberto Martinez dá ao seu jogador o máximo de liberdade possível para ultrapassar os seus companheiros de equipa no meio-campo ou para oferecer uma solução à direita. Mas um esforço ofensivo significa espaço potencial para ser explorado no contra-ataque. E quem está nessa zona? Kylian Mbappé, claro.
É por isso que Kylian Mbappé precisa de fazer o seu melhor jogo no Euro. Ele é capaz disso, e os Bleus vão sem dúvida aproveitar esta fraqueza para dar um golpe na sexta-feira à noite. E se isso não funcionar, há sempre a opção de adicionar mais uma camada com Bradley Barcola a sair do banco...