Euro-2024: Sérvia e Dinamarca preparam-se para duelo crucial no Grupo C
Acompanhe aqui as incidências do encontro
Para ambas, uma vitória garantiria a passagem à fase seguinte, enquanto um empate poderia significar problemas para Dinamarca e da Sérvia.
Um problema de cruzamentos
Até à data, o torneio não tem corrido de feição à Sérvia. Depois de ter perdido na estreia com a Inglaterra, com um golo de Jude Bellingham, a equipa de Dragan Stojkovic teve dificuldades em pontuar perante a surpreendente Eslovénia.
Num grupo em que os golos são um ativo valioso (nenhum grupo teve menos golos nas duas primeiras jornadas do que os 7 do Grupo C), a Sérvia terá de encontrar formas de criar melhores oportunidades, uma vez que apenas quatro equipas tiveram um número de golos esperados(xG) inferior ao dos sérvios até agora (1,8).
A maior parte aconteceu contra a Eslovénia. Depois de uma exibição morna contra a Inglaterra, que resultou no menor xG desta edição (0,18), a Sérvia tentou penetrar na defesa adversária fazendo muitos cruzamentos. As 33 tentativas (incluindo cantos) contra a Eslovénia representaram o segundo maior número neste torneio.
E o último deles deu razão a Stojkovic, quando Luka Jovic cabeceou para o fundo das redes o passe de Ivan Ilic. Contra os dinamarqueses, é improvável que esse plano de jogo mude, já que os sérvios contam com um dos homens-alvo mais impactantes do Euro.
Avançados em dificuldades
A Sérvia tem em Aleksandar Mitrovic um dos jogadores mais prolíficos do futebol internacional. De facto, desde a viragem da década, tem-se destacado entre outros ilustres goleadores do país, ocupando o sétimo lugar no ranking de golos marcados entre os jogadores europeus.
Neste torneio, no entanto, Mitrovic continua em boa posição entre os seus pares, sendo uma ameaça bem conhecida, mas que parece não conseguir encontrar a baliza. Apenas dois jogadores tiveram mais remates nas duas primeiras jornadas deste torneio sem marcar do que Mitrovic, com 7, depois de Cristiano Ronaldo (9) e Romelu Lukaku (8).
Seis desses remates foram contra a Eslovénia, quatro dos quais provenientes de cruzamentos. Aleksandar Mitrovic teve e desperdiçou três grandes oportunidades nesse jogo, tornando-se apenas o segundo jogador neste torneio com três oportunidades claras não convertidas, depois de Romelu Lukaku contra a Eslováquia.
Mas pelo menos Mitrovic está a ter oportunidades. Rasmus Hojlund tem tido dificuldades tanto no clube como no país, marcando apenas três golos nos últimos 19 jogos pela Dinamarca e pelo Manchester United. E é sobretudo com a camisola da Dinamarca que o avançado não tem tido oportunidades. Nos últimos seis jogos, registou oito remates com um valor total de 0,54 golos esperados(xG) e criou apenas uma oportunidade. Nada resultou em golo ou assistência.
Neste torneio, Hojlund tem apenas um remate em dois jogos. Felizmente para ele, esse número é igual ao de todos os substitutos dinamarqueses combinados (um remate de Mikkel Damsgaard contra a Inglaterra). No entanto, parece que os dinamarqueses terão de contar com outro jogador do Manchester United para chegar à segunda fase.
Eterno no meio-campo
Christian Eriksen tem sido a estrela absoluta da Dinamarca até agora neste torneio. Contra a Sérvia, Eriksen pode desempatar o recorde de jogos pela seleção dinamarquesa com Simon Kjær (ambos com 132 partidas), mas, como o defesa ainda faz parte do plantel, é possível continuem lado a lado após o apito inicial.
Mas, apesar de fazer parte do plantel há mais de 14 anos, Eriksen parece longe de estar acabado. Nas duas primeiras jornadas, o jogador registou (8) ou criou (11) 19 remates, pelo menos mais quatro do que qualquer outro no torneio. Aos 32 anos e 127 dias, tornou-se o jogador mais velho com mais de três oportunidades criadas em jogos consecutivos do Euro desde Andrea Pirlo (33 anos em 2012).
Pressão e posse de bola
Eriksen também faz a sua parte sem bola, já que é um dos 29 jogadores que recuperaram a posse mais de 10 vezes nas duas primeiras jornadas e é uma caraterística bem-vinda no estilo de jogo exigente do selecionador dinamarquês Kasper Hjulmand. O técnico prefere uma abordagem com muita pressão, com os dinamarqueses a ocupar o segundo lugar em termos de altos índices de recuperações (19) e o quarto em termos de passes após ação defensiva (PPDA, 10,4).
Ganhando a bola de forma agressiva, os dinamarqueses mantiveram o estilo caraterístico trocá-la com paciência nesta competição, sendo que apenas a Alemanha, Portugal e Croácia têm mais posse de bola (58,9%). Mas, como evidenciado pelas dificuldades do avançado Hojlund, não conseguiram fazer valer esse controlo. Os dinamarqueses ocupam o quinto lugar no ranking de remates, com 32, mas este número é um pouco distorcido pelo facto de serem também os terceiros a rematar de mais longe (14 até agora).
No total, os 32 remates acumularam um total de 2,48 golos esperados(xG), e a média de 0,078 golos esperados por remate é a quarta mais baixa entre as equipas do Euro após duas jornadas. Uma das razões para esta situação poderá ser a incapacidade para criarem situações de superioridade através de dribles sobre o adversário, uma vez que a equipa ocupa o último lugar em termos de dribles bem sucedidos (5/18) e de percentagem de sucesso nestas situações (28%).
Quebrar hábitos
Com as duas seleções um pouco estagnadas no ataque, pelo menos a Dinamarca pode contar com o histórico do confronto a seu favor. Os dinamarqueses venceram os três jogos anteriores contra os sérvios, marcando oito golos no total e sofrendo apenas um. No entanto, a Dinamarca não conseguiu vencer nenhum dos seus últimos seis jogos em grandes torneios (3 empates, 3 derrotas), igualando a série mais longa de 1986-1992 (1 empate, 5 derrotas).
A Sérvia, por sua vez, está há sete jogos sem vencer em grandes torneios (D2 e L5). Será que alguma delas conseguirá quebrar o mau hábito e obter a tão necessária vitória nesta terça-feira?