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Exclusivo com Bernardeschi: "A Geórgia foi quem surpreendeu toda a gente"

Marco Romandini
Itália festeja a qualificação para os oitavos de final após o empate com a Croácia
Itália festeja a qualificação para os oitavos de final após o empate com a CroáciaAFP
Federico Bernardeschi, atual campeão europeu com a Itália, será o analista do Flashscore durante o Campeonato da Europa na Alemanha. Os leitores vão poder viver o torneio em exclusivo através das análises, comentários e opiniões daqueles que jogaram e ganharam esse mesmo torneio há três anos. As equipas e os jogadores mais impressionantes da fase de grupos do Campeonato da Europa, o desempenho da Itália e os desafios que se avizinham. Tudo isto e muito mais no segundo episódio de "In the Box" com Federico Bernardeschi.

O Campeonato da Europa visto por Federico Bernardeschi em exclusivo para o Flashscore. Chegámos ao segundo episódio desta coluna especial que nos acompanhará durante todo o torneio. O antigo jogador da Juventus, agora no Toronto FC, analisa o desempenho das equipas e dos jogadores após a conclusão da fase de grupos.

- A fase de grupos do Campeonato da Europa acabou de terminar. Não faltaram surpresas. Quais foram as que mais o impressionaram?

- Sem dúvida, a Geórgia, tendo em conta o resultado de quarta-feira. Penso que surpreendeu um pouco toda a gente, porque era um pouco a Cinderela deste Campeonato da Europa. Tem um jogador extraordinário, Kvaratskhelia, e chegou aos oitavos de final. Depois, colocaria a Áustria, é surpreendente que tenha passado em primeiro lugar. Quanto ao resto, o grupo da Bélgica, onde todos terminaram com quatro pontos. Muito complicado.

- De que equipa gostou mais e qual a que o desiludiu?

- Fiquei definitivamente impressionado com a Espanha, a única a terminar com 9 pontos e que jogou um futebol verdadeiramente fantástico. Todas as outras grandes equipas tiveram algumas dificuldades, mas penso que isso se deve ao facto de, hoje em dia, jogarmos de três em três dias ao longo do ano e os jogadores chegarem à fase final muito cansados. Jogam-se muitos, muitos jogos.

- E, de facto, no topo da tabela dos melhores marcadores está Mikautadze, que é uma surpresa. Por falar nisso, quais foram os jogadores que mais o impressionaram?

- Sem dúvida, Nico Williams e Yamal, jogadores muito importantes. Depois, Musiala, da Alemanha, que é impressionante. Mas também o nosso Calafiori, com Barella e Gigio (Donnarumma) a vestir a camisola do Super-Homem. Para além do habitual De Bruyne, que pinta o futebol como sempre, mesmo que não seja apoiado pelo contexto.

- Falando de Nico Williams, um extremo como tu, no flanco direito que fez sofrer Itália contra a Espanha. Há motivos para preocupação?

- Di Lorenzo é um jogador forte, mas quando temos à nossa frente alguém com as características de Nico Williams, devastador no um contra um, é normal que tenhamos dificuldades. Um pouco como contra o Leão, são aqueles jogadores que, se os encontrarmos nesta forma estratosférica, mudam verdadeiramente o jogo... têm rapidez, têm técnica, apontam para nós, vão para a direita, para a esquerda.... Qualquer lateral do mundo ficaria apreensivo com jogadores assim.

- Como é que avalia o desempenho da Itália? Passamos de uma vitória bastante convincente contra a Albânia, para a derrota Espanha, que dominou, e, finalmente, para a Croácia, conseguindo o empate só aos 90+8 minutos.

- Penso que o primeiro jogo foi muito bom. Começámos com o balde de água fria do golo, mas ultrapassámos bem o momento. Houve uma grande reação a nível físico, mental, em termos de jogo. Vimos coisas importantes. Contra a Espanha sofremos, mas sinceramente já o esperava. Também sofremos em 2021, porque os espanhóis fazem-nos sofrer, obrigam-nos a correr, têm sempre a bola. Deixam-nos nervosos porque nos obrigam a fazer coisas a que não estamos habituados. Espero sempre dificuldades da Espanha. É uma seleção muito difícil de defrontar, e penso que os rapazes também o sabiam, sobretudo os que estiveram lá em 2021. Quanto à Croácia, se olharmos para as outras equipas, à exceção da Espanha, nenhuma dominou. A Itália, contra os croatas, fez o seu jogo. Sofreu porque, mesmo estando no fim do ciclo, a Croácia tem jogadores de qualidade, não foi um passeio no parque. E, a sete segundos do fim, passámos aos oitavos de final, mas os jogos acabam aos 90+8 minutos se o árbitro der oito minutos de compensação. Agora não sei quem vai querer jogar contra a Itália.

- Nestes jogos, Spalletti utilizou sistemas diferentes, do 4-2-3-1 passou para o 3-5-2, provavelmente para dar mais densidade ao meio-campo, onde os croatas são fortes. Qual foi o que mais lhe agradou e que acha que poderia ser melhor para as características da Itália?

- Acho que depende muito das características dos jogadores que o treinador quer utilizar. Depende de como ele quer preparar o jogo. Na minha opinio, Spalletti sabia desde o incio que tinha um porto seguro com a defesa a três e, nos últimos meses, tentou dar uma abordagem diferente, uma mentalidade diferente, um jogo diferente com as suas ideias, mas ele sabe que pode usar esse sistema. Também trouxe os jogadores certos. Depende muito de como quer interpretar os jogos.

- Com o 3-5-2, no entanto, Chiesa foi sacrificado. Não é uma pena perder um jogador potencialmente crucial como ele no onze inicial?

- Eu não diria que é um pecado. Se jogarmos com o 3-5-2, também vimos na Juve que o Federico não se adapta muito bem atrás da linha da frente, por isso o treinador optou por um jogador que se sente mais confortável ali, precisamente porque interpretou o jogo de forma diferente. Se ele joga com um extremo, acho que Chiesa joga, mas se não joga com extremo, não há problema em fazer com que outros jogadores desempenhem esse papel. Tudo se baseia no adversário, na forma como o treinador lê o jogo.

- No sábado, a Itália vai defrontar a Suíça nos oitavos de final. Que jogo espera?

- Com a Suíça será um jogo difícil, na minha opinião. É uma seleção muito compacta, que corre muito, tem jogadores muito importantes nos contra-ataques. Vai ser um jogo difícil, em que teremos de ter muito cuidado nas reposições de bola, com a marcação preventiva, para fazermos bem estas coisas, porque vamos ter a bola, mas depois eles vão fazer muito bem as transições.

- Para terminar, a pergunta habitual: até onde pode ir esta equipa italiana?

- Na minha opinião, tudo está em aberto, tudo é possível. Não sei onde podemos chegar, ninguém sabe. Os rapazes têm de aproveitar a viagem que estão a fazer, aproveitar cada momento, cada jogo, cada emoção, porque estas competições dão-nos momentos extraordinários.

Federico Bernardeschi
Federico BernardeschiFlashscore