Álvaro Morata deu a entender, após a final do Euro-2024, que tinha tido sérias dificuldades nos últimos meses, embora em nenhum momento tenha proferido as palavras que menciona na conversa acima referida. Tal como outros desportistas de topo - como o já retirado Andrés Iniesta, o basquetebolista Ricky Rubio ou a estrela norte-americana Simone Biles - o avançado fala abertamente sobre os seus problemas de saúde mental.
"Quando passamos por momentos muito difíceis, depressão e ataques de pânico... não importa o trabalho que fazemos e a situação que temos na vida. Há outra pessoa dentro de nós com quem temos de lutar todos os dias e todas as noites. Para mim, sair de Espanha foi a melhor coisa a fazer. Chegou uma altura em que não conseguia aguentar", disse o antigo jogador do Madrid, que agradece a Diego Pablo Simeone, Koke Resurreción, Miguel Ángel Gil, à seleção nacional, ao seu psiquiatra e ao seu treinador.
"Acho que é a primeira vez que o digo abertamente, mas sim, passei por um período muito mau e pensei que não ia conseguir jogar em campo. Somos o que se vê na televisão e nas redes sociais, mas é um mundo que muitas vezes não é real. Temos de dar uma imagem porque é o nosso trabalho. E sim, passei por um momento muito, muito, muito mau. Explodi e houve um momento em que não consegui apertar as chuteiras. Estava a correr para casa porque a minha garganta estava a fechar-se e comecei a ver mal", acrescentou.
"Tinha vergonha de estar com os meus filhos"
"Três meses antes do Campeonato da Europa, estava a pensar se ia voltar a jogar um jogo. Não conseguia. Não sei o que se passava comigo. É muito complicado e muito delicado, porque nos apercebemos que aquilo de que mais gostamos no mundo é o que mais odiamos. Tinha vergonha de estar com os meus filhos e de sair à rua. Sempre que ia com eles, tinha um episódio com as pessoas, às vezes sem maldade".
"No início pensei que ia ficar no Atleti porque queria muito, mas numa entrevista disse que não ia continuar na seleção porque já tenho uma idade e há gente muito jovem. Além disso, temos outras coisas fora do futebol, como os meus filhos. E lembro-me que houve muita gente... alguns escreveram, disseram o que eu pensava e houve algumas notícias que foram desproporcionadas. Isso não me acontece em Itália", disse sobre a sua despedida da equipa espanhola.