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Opinião: Faltou razão à paixão por Portugal

Bruno Henriques
Roberto Martínez ficou com muitas questões por responder
Roberto Martínez ficou com muitas questões por responderLUSA
Portugal despediu-se do Euro-2024 diante da França, num jogo em que a vitória podia ter perfeitamente ficado no lado da equipa portuguesa. Contudo, o Europeu ficou marcado por decisões erráticas de Roberto Martínez, depois de uma fase de qualificação perfeita.

Depois dos magriços (1966) ou dos navegadores (2010), Roberto Martínez decidiu que esta geração seria apelidada de os apaixonados. Um cognome escolhido pelo selecionador português e que pareceu encaixar-se na perfeição.

Contratado em 2023, para liderar Portugal no pós-Fernando Santos, o técnico mostrou charme – aprendeu o hino, tentou sempre falar em português – que conjugou com bons resultados – uma fase de qualificação perfeita com 10 vitórias em 10 jogos – e pareceu criar as fundações para uma paixão que ia ter um final feliz.

Portugal partiu para o Euro-2024 como um dos favoritos. Uma geração já com experiência suficiente nos principais palcos (Bernardo Silva, Rafael Leão, Bruno Fernandes, Rúben Dias, Diogo Jota, João Cancelo, etc), a presença de grandes figuras (Pepe e Cristiano Ronaldo) e caras novas prontas a contribuir (Diogo Costa, Nuno Mendes e Francisco Conceição) fazia o país sonhar. 

Perder com a França não pode ser visto como um fracasso. Uma besta negra da Seleção Nacional (salvou-se aquele Euro-2016), a equipa de Deschamps é também uma das favoritas e a verdade é que Portugal teve a melhor exibição neste Campeonato da Europa diante dos gauleses. 

Os golos esperados (xG) no jogo com a França
Os golos esperados (xG) no jogo com a FrançaFlashscore

Contudo, ficaram muitas questões por responder nesta participação de Martínez com a Seleção Nacional. Afável e prestável, o selecionador nacional nunca se escondeu das perguntas, mas também nunca deu as respostas que eram precisas. Justificar a saída de Vitinha contra a Eslovénia pelo estado do relvado, elogiar as exibições diante de República Checa e com os eslovenos (com constantes estatísticas favoráveis como posse de bola ou cantos) ou o exaltar do papel de Ronaldo que teve claramente o pior Europeu da carreira (considerar que abriu espaço no golo de Conceição é no mínimo duvidoso) não convenceram jornalistas e adeptos. 

A questão de João Félix (de importante na qualificação a sem espaço no Europeu), a utilização excessiva de Cristiano Ronaldo (só Diogo Costa teve mais minutos), as substituições tardias, a insistência em partir o jogo quando procurava a vitória, os constantes cruzamentos, e os três jogos completos sem marcar… Tudo situações que ficaram por perceber, escondidas atrás de palavras simpáticas e agregadoras.

Volto a reafirmar: ser eliminado pela França não é, de forma alguma um fracasso, sobretudo se comparamos as exibições de 2016 e 2020 com a de 2024, em que olhámos os gauleses de frente, mas fica o sabor amargo de quem podia ter feito mais.

Em muitos momentos deste Euro-2024, Roberto Martínez pareceu ser vítima de uma paixão assolapada, quando precisava de usar a razão. 

A escolha de Bruno Henriques
A escolha de Bruno HenriquesFlashscore