Southgate tem tido, sem dúvida, muito sucesso ao longo do mandato com a Inglaterra e é talvez o melhor treinador do país desde há algum tempo.

Desde que chegou, moldou um plantel muito forte que parecia unido em campo, algo que faltava às anteriores Gerações de Ouro, um desígnio algo exagerado. A consistência com que Southgate faz as convocatórias tem contribuído para o sucesso dos Tres Leões.

O ex-jogador mantém sempre o mesmo núcleo de jogadores em quem confia e só faz pequenas mudanças no plantel ou, pelo menos, era esse o caso até ao anúncio da lista provisória para o próximo torneio.

Southgate optou por deixar de fora algumas das suas estrelas preferidas, nomeadamente Marcus Rashford e Jordan Henderson, à medida que forma uma nova equipa naquele que poderá ser a sua última grande competição no cargo.

É claro que haverá sempre jogadores como Harry Kane, Jude Bellingham, Phil Foden e assim por diante, cujo talento é fundamental em qualquer seleção. Mas parece haver uma mudança de guarda atualmente, com a chamada de estrelas mais jovens e os restantes, mesmo os que tiveram grande sucesso com a Inglaterra, a ficarem de fora.

Assim, resta-nos avaliar o futuro dos jogadores com os quais Southgate tem contado com tanta frequência e onde poderão estar depois do verão.

Jordan Pickford

Parece que este é o primeiro grande torneio - ou até mesmo um conjunto de jogos - em que os adeptos já não estão divididos quanto às capacidades de Jordan Pickford.

O guarda-redes do Everton tem sido alvo de muitas críticas desde a sua estreia em Inglaterra, em 2017, mas provou repetidamente que os céticos estavam errados, estabelecendo-se como o guarda-redes número um. Tornou-se um membro fiável do plantel e é sempre um dos melhores em grandes torneios.

É também consistente na Premier League, somando o segundo maior número de jogos sem golos sofridos na última temporada (13), ao serviço do Everton. Também não há grandes concorrentes ao seu lugar e Pickford provavelmente continuará a ser o número um de Inglaterra num futuro próximo.

Harry Maguire

Harry Maguire tem sofrido muitos altos e baixos nos últimos anos, tanto a nível de clube como de seleção. A forma no Manchester United tem sido, no mínimo, irregular, por vezes excelente, mas muitas vezes com erros caríssimos.

Apesar das dificuldades no campeonato, Southgate insistiu não só em escolhê-lo, mas também em tê-lo como primeira opção ao lado de John Stones e, com justiça, provou ser uma sólida dupla defensiva. Infelizmente para Maguire, o surgimento de Jarrad Branthwaite pode ser o último prego no caixão da sua titularidade.

O jovem parece ter sido feito à medida para encaixar na defesa dos Três Leões ao lado de Stones no futuro, o que significa que Maguire terá que se contentar com um papel menor, embora não seja necessariamente descartado por completo.

Jordan Henderson

Parece o fim de um ciclo para Henderson depois de falhar esta última convocatória. Tudo começou com uma transferência infeliz para a Arábia Saudita no verão de 2023, antes de voltar atrás e juntar-se ao Ajax no início de 2024.

Estas decisões revelaram-se dispendiosas, uma vez que o médio desceu consideravelmente na hierarquia.

Prestes a completar 34 anos, este teria sido provavelmente o último grande torneio de Henderson, mas a ausência da convocatória sugere que o seu tempo acabou, independentemente de Southgate continuar ou não como treinador.

Kalvin Phillips

Kalvin Phillips foi um dos principais destaques no Euro-2020 e formou uma parceria formidável no meio-campo com Declan Rice. No entanto, as coisas pioraram desde a transferência para o Manchester City em 2022, já que mal jogounas últimas duas temporadas.

Um empréstimo ao West Ham em janeiro de 2024 foi visto como uma tentativa tardia de voltar à seleção inglesa, mas Phillips passou os últimos cinco meses lutando contra lesões e má forma. O seu futuro, tanto a nível de clube como de seleção, é altamente incerto, embora aos 28 anos esteja a entrar na melhor idade e ainda possa recuperar o nível.

Phillips está a chegar a uma encruzilhada na carreira este verão e precisa de acertar o próximo passo para ter alguma esperança de voltar à seleção - com jovens como Curtis Jones, Adam Wharton e Kobbie Mainoo a aumentarem a pressão para excluí-lo completamente do meio-campo da Inglaterra.

Marcus Rashford

Depois de um recorde de carreira de 30 golos em todas as competições durante a temporada 2022/23, a forma de Rashford caiu a pique esta temporada. O avançado do Manchester United conseguiu apenas oito golos e chegou mesmo a ser afastado da equipa.

O resultado foi a exclusão da seleção inglesa para o Euro-2024, com a preferência por jogadores como Jack Grealish e Anthony Gordon. No entanto, Rashford tem qualidade indiscutível e, aos 26 anos, está prestes a entrar no seu auge, pelo que seria insensato sugerir que a carreira internacional chegou ao fim.

Ainda tem muito para oferecer, desde que consiga redescobrir alguma da forma que fez dele um dos melhores avançados do mundo. Espera-se que a ausência seja apenas um obstáculo no caminho e que possamos voltar a ver o melhor de Rashford no futuro, pelo clube e pela seleção.

Raheem Sterling

Depois de Kane, Raheem Sterling continua a ser o inglês com mais golos em atividade, tanto a nível de clube como de seleção (20 pela Inglaterra, 173 nos clubes). A sua importância para os Três Leões nos últimos anos não deve passar despercebida, com o extremo a desempenhar um papel crucial no Euro-2020.

Sterling viveu o seu melhor período nessa altura, mas tem tido dificuldades desde que se juntou ao Chelsea em 2022, o que acabou por levá-lo a sair da equipa de Southgate nos últimos meses. Aos 29 anos, está a atravessar rapidamente o seu auge e o próximo grande torneio internacional (Campeonato do Mundo de 2026) poderá chegar demasiado tarde para Sterling ser verdadeiramente eficaz na seleção inglesa.

Depois de perder um lugar no Euro-2024, é possível que já tenha feito o último jogo internacional, mas nunca se deve descartar um jogador que tantas vezes provou que os críticos estavam errados.

Apesar de falhar este verão, Sterling ainda pode ter um futuro com a camisola da Inglaterra se voltar aos níveis mostrados anteriormente ao longo da carreira.