Exatamente há um ano e dois dias, em Chisinau, a Polónia perdeu com uma das piores seleções da Europa, estando a ganhar até ao intervalo por 2-0. Alguns meses depois, com a mesma seleção, não conseguiu vencer perante milhares de adeptos polacos no Estádio Nacional.

Mais tarde, descobriu-se que, se chegasse ao Euro, o que quase ninguém acreditava na altura, acabaria no grupo da morte com a fortíssima França, os Países Baixos e a Áustria. Por fim, jogou a final do play-off, em que durante 120 minutos a seleção polaca não fez um único remate à baliza, mas, ao avançar após os penáltis, procurou a maturidade e uma promoção conscientemente conquistada.

Os factos, porém, foram que a Polónia chegou ao Euro-2024 como a última e 24.ª equipa. Os especialistas usaram, por isso, comparações coloridas e ousadas, dizendo que tinham entrado no torneio pela porta das traseiras, pela sacristia, ou que tinha simplesmente rastejado para lá, completamente despercebidos pela Europa. Na altura, não faltaram conclusões bastante lógicas de que a Polónia ia para a Alemanha sem quaisquer expectativas e que cada ponto teria de ser tratado como um grande sucesso.

No entanto, como acontece na vida de um adepto de futebol polaco, este começa a acreditar cada vez mais, à medida que a competição desportiva se aproxima. As vitórias nos jogos de preparação contra a Ucrânia e a Turquia, que afinal também estão a disputar o Euro, fizeram com que a nação acreditasse que afinal podia funcionar. A partida contra os Países Baixos, embora perdida, provou que os vermelhos e brancos podiam arrancar pontos aos seus rivais e lutar para sair do grupo, pois fizeram o seu melhor jogo desde há muito tempo.

Só depois da verificação brutal no confronto com a Áustria é que se começou a perceber que todos se tinham iludido ingenuamente, como em todos os grandes torneios. Que tinham baseado as suas expectativas e esperanças em fundamentos completamente ilógicos. Que, afinal, ele próprio tinha dito, alguns meses antes, que não tinha qualquer hipótese neste torneio.

A lógica acabou por ser impiedosa - foram os últimos a avançar para o Euro, por isso tinham de ser os primeiros a desistir. No papel, a seleção polaca não tinha qualquer hipótese contra Países Baixos, Áustria e França, e o campo só o provou. Neste momento, a Polónia é a única seleção nacional a dizer adeus ao torneio logo após o segundo jogo.

E isso magoa certamente todos os adeptos, porque os sonhos foram brutalmente roubados. Os húngaros perderam dois jogos no Grupo A, mas ainda têm hipóteses matemáticas de avançar, e os resultados do grupo foram de tal ordem que, mesmo que a Polónia esmagasse a França, não serviria de nada. Nem sequer pode sonhar.

Também dói o facto de, no fim de contas, haver várias equipas no torneio que podem ser consideradas mais fracas do que a Polónia. Países pequenos, com populações muito mais pequenas e tradições futebolísticas muito menores, como a Eslováquia, a Eslovénia, a Roménia ou a Geórgia, mostram que é possível. Os adeptos de Bratislava e de Bucareste já festejaram as vitórias, em Liubliana foram festejados dois empates e em Tbilissi há desilusão, mas os georgianos mostraram uma grande equipa no seu primeiro jogo.

Parece, no entanto, que tudo na natureza tem de se encaixar e estas oportunidades surgem uma vez em cada ano. Os polacos aproveitaram-na ao máximo em 2016, quando deram muitas alegrias aos adeptos ao avançarem para os quartos de final, chamando a atenção da Europa do futebol e até das estrelas de Hollywood.

No entanto, em todos os outros torneios europeus em que a Polónia se qualificou, ficaram em último lugar do grupo. E, daqui a quatro anos, todos voltarão a acreditar na véspera do torneio.