Roberto Martínez: "É incrível o talento que existe num país com 10 milhões de habitantes"
Na entrevista, o treinador espanhol de 50 anos, que leva oito vitórias em outros tantos jogos pela Seleção Nacional, foi questionado se Portugal tem a seleção mais talentosa da Europa na atualidade.
"Essa análise deve ser feita de fora. O que me parece incrível é o talento que existe num país com uma população de 10 milhões de habitantes. E porque isso acontece? Não é um acidente, há uma estrutura de formação que é a melhor, se não for da Europa, do Mundo. Uma estrutura de sub-19, sub-23 (Liga Revelação), primeiras equipas", explicou Roberto Martínez.
"O futebolista português é competitivo, gosta de informação tática e tem o gene de querer ganhar. E há exemplos como Pepe, que tem 40 anos, Cristiano Ronaldo, que tem 38 e ganhou todo, têm uma fome de jogar que não se vê em seleções jovens", acrescentou o selecionador nacional.
Sobre o capitão de Portugal, Roberto Martínez lembrou a primeira conversa com Cristiano Ronaldo, na Arábia Saudita.
"Nunca gostei de fazer convocatórias sem conhecer a pessoa que está por detrás do futebolista. Tentei conhecer todos os jogadores que estiveram na convocatória do Mundial e, ao conhecer Cristiano Ronaldo, encontrei um jogador disposto a dar tudo pela Seleção. Vi uma pessoa que queria estar comprometida e ao serviço da equipa. Um jogador como Cristiano, que ganhou tudo, surpreendeu-me a humildade e vontade de servir a equipa. Esse foi o ponto de partida de todos os jogadores que estão no balneário", assumiu o treinador espanhol.
O selecionador nacional, de resto, foi questionado sobre a possível presença de Cristiano Ronaldo no Mundial de 2026.
"Ninguém pode ir contra algo que pode conseguir Cristiano. Se realmente o quer, tem uma capacidade que nunca vi noutro jogador. Nunca trabalhei com um jogador que mostre tanto sacríficio. Ele cuida muito do corpo e se ele aguentar, com o amor que tem pela Seleção e pelo futebol, podemos ver Cristiano durante muito tempo", afirmou o treinador, depois confrontado com o Mundial de... 2030, quando Cristiano Ronaldo já terá... 45 anos.
"Há que dar alguma naturalidade. Um jogador, quando passa dos 30 anos, cada ano vê como um presente. A partir dos 35 como um privilegiado. Cristiano está a desfrutar o dia a dia, num momento bom e doce no projeto na Arábia Saudita e nota-se na Seleção", explicou.
Na mesma entrevista, Roberto Martínez foi igualmente confrontado com o facto de já saber o Hino Nacional.
"O hino não é apenas uma letra, é algo que representa os portugueses e aprendi-o como uma forma de respeito", assumiu, antes de falar de João Félix, que falhou no Atlético Madrid e brilha agora no Barcelona, depois de não se ter afirmado no Chelsea.
"Desde o primeiro momento que vi João Félix a treinar depois de voltar a Espanha, notámos a diferença. A Premier League é um campeonato muito complicado, com poucos espaços por dentro", explicou Roberto Martínez.
Também João Neves, que se estreou pela mão de Roberto Martínez, no jogo com a Bósnia, mereceu elogios do selecionador.
"Quando um jogador chega pela primeira vez a uma Seleção é um momento impactante. Só se tem uma oportunidade para a primeira impressão e o impacto do João Neves... É um futebolista que vai dar que falar a nível mundial. Vive o futebol, tem 19 anos, ganhou o campeonato pelo Benfica e a sua conduta e comportamento na Seleção mostra que nasceu para isso. É um jogador que joga melhor como médio defensivo, capacidade tática acima dos jogos que jogou com a idade que tem. Acho vai ser influente no futebol europeu nos próximos 10 anos, sem dúvida", garantiu Roberto Martínez