Segurança reforçada no Kosovo antes do primeiro jogo de Israel após a guerra
Embora a grande maioria dos cidadãos do Kosovo seja muçulmana, o país considera-se mais alinhado com a política ocidental e adere firmemente à política externa do seu mais importante aliado, os Estados Unidos da América.
No entanto, depois de dezenas de mensagens a criticar a campanha militar de Israel em Gaza terem começado a circular nas redes sociais sob a hashtag #BabyKillersAreNotWelcomedHere (assassínos de bebés não são bem-vindos, em tradução livre), a polícia do Kosovo disse aos meios de comunicação social locais que tem vindo a "aumentar as medidas de segurança" para que o jogo "decorra sem problemas como outros eventos desportivos".
As autoridades do Kosovo já anunciaram que cada um dos 14.000 bilhetes disponibilizados para o jogo de domingo será personalizado e apenas os adeptos que apresentarem os bilhetes e os seus bilhetes de identidade poderão entrar no estádio Fadil Vokrri.
A Federação de Futebol do Kosovo (FFK) admitiu que considerou a possibilidade de realizar o jogo num estádio vazio por razões de segurança.
"Após a reunião com a UEFA, foi tomada a decisão de realizar o jogo com espectadores", disse Agim Ademi, presidente da FFK, aos meios de comunicação locais.
Acrescentou que serão tomadas todas as medidas previstas nos regulamentos da UEFA para que o jogo não seja seguido de qualquer possível incidente.
O jogo estava inicialmente previsto para 15 de outubro, mas foi adiado depois de os combatentes do Hamas terem atravessado a fronteira com Israel em 7 de outubro, matando 1200 pessoas, na sua maioria civis, e fazendo cerca de 240 reféns.
De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas em Gaza, mais de 11.000 palestinianos, na sua maioria civis e muitos deles crianças, foram mortos desde então em toda a Faixa de Gaza nos bombardeamentos de retaliação e na ofensiva terrestre de Israel.
Respeito
Após o início do conflito, foram organizadas em Pristina várias marchas de apoio aos palestinianos de Gaza, tendo sido também prestadas homenagens às vítimas israelitas.
O grupo oficial de adeptos da seleção nacional do Kosovo, Dardanet, exortou a multidão a concentrar-se no "apoio à equipa nacional" e pediu-lhes para evitar a cânticos ofensivos.
"Respeitando as regras, respeitamos o nosso país", afirmou o Dardanet num comunicado.
Os residentes de Pristina que falaram com a AFP concordam, na sua maioria, que a rivalidade desportiva saudável deve ser a prioridade número um antes do jogo.
"O que está a acontecer em Gaza, especialmente a morte de crianças e da população civil, não está certo", disse o economista Agron Jashari, de 40 anos, acrescentando que "o desporto deve ser separado da política".
Muitos no Kosovo fazem do alinhamento com a política externa dos Estados Unidos uma prioridade. Washington continua a ser o aliado internacional mais importante de Israel, mas também defendeu a declaração de independência do Kosovo da Sérvia em 2008.
"A equipa israelita deve continuar a ser admitida", disse o empresário Bardhyl Bislimi, de 53 anos, acrescentando que cancelar o jogo seria "um autogolo", tendo em conta que "Israel é o aliado número um dos Estados Unidos".
Embora o governo de Pristina não tenha comentado o conflito em curso, estabeleceu relações diplomáticas com Israel nos últimos anos e tornou-se o primeiro território de maioria muçulmana a reconhecer Jerusalém como a capital israelita, abrindo uma embaixada na cidade.
Em 2016, a polícia do Kosovo - juntamente com os seus colegas da Albânia e da Macedónia do Norte - impediu potenciais ataques simultâneos do grupo Estado Islâmico à equipa de Israel que jogava uma partida de qualificação para o Campeonato do Mundo em Tirana e a outro alvo no Kosovo. Dezanove pessoas foram detidas e oito acabaram atrás das grades por um período que pode ir até 10 anos.
Israel ocupa atualmente o terceiro lugar do Grupo I de qualificação para o Euro, a cinco pontos da líder Roménia, e tem boas hipóteses de se qualificar para o Campeonto da Europa do próximo ano na Alemanha.
No entanto, depois do jogo em Pristina, tem de encaixar mais dois jogos na janela internacional em que as outras equipas habitualmente jogam duas vezes: defronta a Suíça, segunda classificada, na próxima quarta-feira, e a Roménia no sábado, ambos os jogos em "casa", a disputar em Felcsut, na Hungria.
O Kosovo está quatro pontos atrás, em quarto lugar.