Paris-2024: Duelo entre França e Argentina apimenta o torneio de futebol masculino
O confronto entre os dois rivais nos oitavos de final é, em muitos aspectos, exatamente o que faltava para uma competição reservada principalmente a jogadores com menos de 23 anos, sem estrelas e com dificuldades em atrair a atenção do grande público do futebol.
O encontro entre dois dos principais candidatos à medalha de ouro em Paris, no dia 9 de agosto, terá muitos motivos para ser seguido.
Será o primeiro encontro entre as duas seleções desde que os jogadores argentinos foram gravados a entoar cânticos racistas contra os franceses enquanto comemoravam a conquista da Copa América em meados de julho.
A FIFA anunciou que iria investigar os cânticos, que visavam o avançado francês Kylian Mbappe, entre outros, e incluíam insultos racistas e homofóbicos.
Os cânticos deram mesmo origem a um incidente diplomático, com a Argentina a pedir desculpa depois de a vice-presidente do país sul-americano, Victoria Villarruel, ter escrito no X que a França era um "país colonialista". "Chega de indignação fingida, hipócritas", acrescentou.
Os jogadores argentinos já foram vaiados pelos adeptos rivais durante o torneio olímpico e podem esperar mais uma receção calorosa por parte da multidão francesa.
"Com tudo o que aconteceu recentemente, todos em França foram afetados, por isso vamos ver o que acontece nos quartos de final", avisou Jean-Philippe Mateta, avançado do Crystal Palace, depois de os anfitriões terem terminado a fase de grupos com três vitórias em três jogos.
O confronto de sexta-feira será também o primeiro entre as duas nações desde a final do Campeonato do Mundo de 2022, no Catar, que a Argentina venceu nos penáltis após um épico empate 3-3.
No entanto, o torneio olímpico de futebol masculino é uma competição de sub-23, embora com a exceção de um máximo de três jogadores acima dessa idade por equipa.
Apenas dois membros da seleção olímpica argentina, Nicolas Otamendi e Julian Alvarez, estiveram em campo na final de 2022, e nenhum da França.
Isso talvez tire um pouco de pressão, mas, em termos puramente futebolísticos, vai ser uma disputa fascinante de qualquer das formas.
Henry contra Mascherano
A Argentina procura o terceiro ouro olímpico, depois de ter vencido em 2004 e 2008, este último com um jovem Lionel Messi no plantel. Já a França quer o ouro no futebol em casa 40 anos depois de ter conquistado o título nos Jogos de 1984, em Los Angeles.
"Se quisermos ganhar a medalha, temos de estar preparados para defrontar qualquer adversário, seja ele qual for", disse o argentino Thiago Almada, suplente não utilizado na final do Campeonato do Mundo de 2022, à emissora TyC Sports.
Há poucos nomes conhecidos em ambas as equipas, embora Alvarez, do Manchester City, lidere o ataque argentino, enquanto a França é capitaneada por Alexandre Lacazette e também pode contar com a nova contratação do Bayern de Munique, Michael Olise.
No entanto, ambas as selecções têm treinadores lendários - a França com Thierry Henry, vencedor do Campeonato do Mundo de 1998, e a Argentina com Javier Mascherano, antigo jogador do Barcelona, que ganhou o ouro olímpico em Atenas e Pequim.
Quem vencer passa para a meia-final em Lyon na próxima segunda-feira contra o Egito ou o Paraguai, medalhista de prata em 2004, que se enfrentam em Marselha.
Os quartos de final serão disputados na sexta-feira, com Marrocos a defrontar os Estados Unidos, em Paris, e a Espanha a defrontar o Japão, em Lyon.
A Espanha quer mais glória semanas depois de ter ganho o Euro-2024, uma vez que tem como objetivo um segundo ouro olímpico no futebol masculino depois do triunfo em 1992. O Japão chega a estes Jogos Olímpicos com um plantel jovem, mas foi a única equipa, para além da França, a vencer os três jogos da fase de grupos.