"A resolução foi tomada após as inúmeras violações do contrato em vigor", disse a Panam Sports em comunicado, sem dar detalhes sobre as infrações.
Alejandro Char, antigo presidente de Barranquilla, disse que o governo deveria ter transferido cerca de 4 milhões de dólares (3.65 milhões de euros) para a Panam Sports até 31 de dezembro, mas isso não aconteceu.
"Foi um procedimento estranho (...), não aconteceu quando eu já tinha a ordem presidencial", disse aos repórteres.
Entretanto, o Ministério dos Desportos colombiano disse que recebeu o anúncio "surpreendentemente", uma vez que a chefe do ministério, Astrid Rodríguez, tinha, supostamente, acordado com o presidente da Panam Sports, Neven Ilic, os pagamentos para janeiro de 2024.
Os organizadores não informaram qual a cidade que acolherá os Jogos em vez de Barranquilla, embora, segundo a imprensa, uma das interessadas seja Assunção.
A organização da competição era um ponto de interrogação, pois o presidente esquerdista Gustavo Petro não estava convencido e chegou a sugerir que o evento mais importante do ciclo olímpico nas Américas fosse realizado em diferentes cidades e vilas da Colômbia.
Intermediação do Chile
A Panam Sports só explicou na quarta-feira que, a 19 de outubro, recebeu uma carta da Colômbia a solicitar uma"prorrogação dos prazos para poder cumprir o contrato". No entanto, diante da resposta "nula" do país organizador, decidiu retirar definitivamente a sede do evento.
O presidente, que tem estado em desacordo com um grupo político de direita que governa Barranquilla desde 1 de janeiro, não fez qualquer declaração.
O autarca acrescentou que "a qualquer momento" Petro falará com Boric, presidente do Chile, para interceder a favor da Colômbia.
"Acabei de falar com a Presidência da República e a mensagem é que estão a falar com o governo chileno para ajudar a interceder nesta situação, para que nós, colombianos, não percamos a esperança nestes Jogos Pan-Americanos", disse.
Decisão "indeclinável"
Os parlamentares da oposição pediram a Petro que apoiasse o desporto e viabilizasse a organização dos Jogos Pan-Americanos, embora a Panam Sports tenha garantido que se trata de uma decisão "indeclinável".
O deputado de direita David Luna garantiu que vai apresentar uma moção de censura contra o ministro do Desporto.
"Ele tem uma responsabilidade política com os colombianos e com o povo de Barranquilla e deve responder por isso deixando seu cargo", disse no Twitter.
A Colômbia tem uma longa história de desistência ou perda da organização de grandes eventos desportivos.
No século passado, o país recusou receber o Campeonato do Mundo de 1986 (que acabou por se realizar no México) para investir o dinheiro em obras públicas.
Em 2021, o então presidente de direita, Iván Duque, recusou que a Colômbia recebesse a Copa América, supostamente devido aos efeitos desastrosos da pandemia na economia, embora esse governo tenha sido alvo de uma explosão social com protestos nas ruas e dezenas de mortos.
Entre agosto e setembro de 2024, os principais estádios da Colômbia acolherão o Campeonato do Mundo de Futebol Feminino Sub-20.