Entrevista a Guilherme Fernandes: "Jogava com Isco na PlayStation e agora treino com ele"
Em entrevista ao Flashscore, o sorriso não engana e o facto de "incrível" ter sido a palavra mais repercutida não deixa espaço para dúvidas: Guilherme Fernandes está maravilhado com o que encontrou na cidade de Sevilha. Desde a forma como foi recebido por Rui Silva e William Carvalho ao encontro com Isco, o guarda-redes está a "aproveitar ao máximo" a primeira experiência no estrangeiro e assume que deixou o clube da Reboleira por não ter espaço na equipa principal.
- O Betis é uma nova aventura na tua carreira. Como surgiu esta oportunidade e como está a correr este início?
- Surgiu para dar seguimento ao meu jogo. Sabia que no Estrela da Amadora dificilmente ia ter oportunidades na equipa principal. (O Betis) é um clube com um peso enorme em Espanha, é impossível dizer que não a este grande projeto. Abracei-o de corpo e alma e está a correr bem. Na última semana treinei sempre com a equipa principal, esta semana vou voltar a treinar com eles. Não podia desejar um melhor começo que este.
- Qual tem sido o papel do Rui Silva e do William Carvalho neste processo de adaptação?
- Incrível. Nos primeiros dias, estava a passar pelo ginásio deles e o Rui e o William chamaram-se e disseram-me: bem vindo, se precisares de alguma coisa podes falar connosco. Agora tenho treinado mais vezes com eles. O Rui está sempre comigo, explica-me o que eu não consigo entender. O William tem estado lesionado, mas ajuda-me no balneário sempre que eu preciso de alguma coisa. Tem sido bom e tenho sido muito bem recebido.
- Em relação à tua posição, o Rui Silva tem-se imposto em Espanha, primeiro no Granada, depois no Betis, e foi titular nesta primeira jornada. Como olhas para ele e para aquilo que o Rui Silva tem conseguido fazer em Espanha?
- É incrível. Tenho estado a trabalhar com ele e vejo a pessoa que ele é. É cinco estrelas e é um monstro a trabalhar. Tem sido incrível aprender com ele, os movimentos técnicos, táticos, a postura dele em treino... mesmo no jogo com o Villarreal esteve muito bem. Tem sido como uma referência e espero seguir o percurso dele, que tem sido incrível.
- Como tem sido trabalhar com Pellegrini? Habituaste-te a vê-lo pela televisão durante muitos anos, mas como é conviver com ele?
- Tem sido incrível. Na semana passada ainda não acreditava muito bem e até comentei com o Fran Vieites, que é o outro guarda-redes: isto não parece verdade, jogava com o Isco na PlayStation e agora estou a treinar com ele. Tem sido incrível e tenho estado a aproveitar cada segundo e cada momento.
- Como é o Isco nos treinos? A qualidade técnica é de facto acima da média?
- É, tem uma qualidade incrível. Nós às vezes pensamos que ele vai fazer uma coisa e ele faz o contrário. Tem uma qualidade mesmo fora do normal.
- Continuando a falar do Betis, como é que olhas para os adeptos e como é que se vai sentindo aí em Sevilha este início de época?
- Tem sido bom, nota-se que os adeptos são muito presentes. Praticamente todos os dias estão à porta da Academia à espera que os jogadores saiam com os carros. Nesta zona em que estou a morar há muitos adeptos e tem sido incrível. Estou desejoso para ver uma partida e ver a massa associativa que o Betis tem, que é muito grande.
- Como caracterizas o teu percurso? Certamente houve momentos mais difíceis, não é só dizer que se passou por Benfica e Sporting, mas como olhas para esses momentos?
- Olho para eles de forma construtiva, com orgulho devido àquilo que consegui fazer até agora. Nem tudo foi bom, tive momentos muito maus, mas tenho a minha família que me apoia imenso. Quando somos miúdos não temos a maturidade de perceber porque é que não se joga e é importante termos a família por trás a apoiar-nos. A passagem pelo Sporting e Benfica também foi importante no crescimento a nível mental. Tem sido positivo o facto de eu nunca ter desistido e o futebol é aquilo que quero fazer até ao fim da minha vida. Esta oportunidade no Betis ainda me dá mais vontade de lutar pelos meus sonhos e objetivos.
- Consegues nomear alguns colegas da formação que agora tenham alguma projeção a nível profissional e que foram teus colegas de balneário?
- Félix Correia, Gonçalo Inácio, Eduardo Quaresma, Rodrigo Fernandes, Tiago Tomás.
- Certamente havia outros que não tiveram a mesma carreira e ao nível de guarda-redes isso acontece muito porque só pode jogar um e não há grandes adaptações. A posição de guarda-redes não é fácil nesse sentido...
- É uma posição muito ingrata mesmo. Como disseste, só joga um, não posso adaptar um guarda-redes a lateral ou a avançado. O conselho que posso dar é: se não estiverem a jogar, não desistam. No ano passado, o Sérgio Vieira dizia muitas vezes: vamos colher no futuro aquilo que estivermos a semear agora. Digo para trabalharem constantemente porque se não nesta época, vai dar certamente no futuro.
- Como foi a reação da tua família com esta saída para o estrangeiro, apesar de ser aqui ao lado?
- A minha mãe ficou mais afetada. Como disse, eles são muito presentes e fizeram questão de cá vir. O campeonato vai começar a 3 de setembro e eles já disseram que fazem questão de assistirem ao primeiro jogo. Tem sido difícil a distância, mas com as redes sociais é mais fácil estar presente.
- Agora fora do futebol, como têm sido estes primeiros tempo? O calor talvez seja o mais difícil.
- Tem sido a parte mais díficil, aqui é muito abafado. No sábado tivemos a palestra sobre o Villarreal, que atrasou um pouco o treino, e só começámos a treinar perto das 10:00. A essa hora já estava um calor absurdo e às vezes é muito complicado treinar com estas temperaturas. De resto tem sido bom, a cidade é muito bonita e tem sido interessante conhecer esta cidade nova.