Entrevista Flashscore a San José: "Com Vinicius, a necessidade de contratar Mbappé é menor"
- Como vê o Real Madrid neste momento?
- Vejo-os com muita admiração e penso que estão a atravessar uma série de problemas de lesões, que infelizmente acontecem no futebol, mas que este ano atingiram fortemente o Real Madrid. Mas o mais interessante é que o planeamento dos últimos anos para ter este plantel está a dar frutos. Estão a conseguir um desempenho que nem todos pensariam que pudesse acontecer. O Real Madrid está de parabéns pela composição de um plantel que, nos momentos difíceis, soube defender-se.
- Ancelotti é um desses treinadores que têm a reputação de serem bons técnicos, mas ele faz muito mais. Deu maturidade defensiva e futebolística a uma equipa....
- O Real Madrid ainda está no topo, está a competir com jogadores que, em teoria, tinham poucas hipóteses de jogar. Estes jogadores estão lá a dar o máximo, a jogar a um nível ótimo, respondendo a Ancelotti na medida em que a criação deste plantel, que também foi da responsabilidade do treinador, está a dar os frutos desejados. Há um pormenor que não me escapa, como antigo futebolista: os jogadores que não jogavam antes e que o faziam esporadicamente quando saem do campo abraçam Ancelotti. Isso é um sintoma de cumplicidade e de boa harmonia no clube.
- É altura de dar continuidade a Ancelotti?
- Sou daqueles que acham que quando as coisas funcionam não se deve mudar. Em termos de coletivo, de entidade, de grupo, todos estão muito harmoniosos e o Ancelotti é o grande responsável por isso. Se as coisas não correrem mal, independentemente dos resultados, o que não é fácil para ganhar títulos, penso que, se Ancelotti quiser, não terá qualquer problema em continuar no Real Madrid.
- Estamos a chegar ao fim de um jogador fantástico como Luka Modric, há também Kroos que ainda tem algum tempo de vida. Há jovens jogadores com muita qualidade, com o aparecimento do Bellingham... Como está a ser feita essa transição? Acha que o Bellingham pode ser esse líder tão rapidamente que pode assumir o comando?
- Acho que não há palavras suficientes. Os meus comentários seriam mais no sentido de reafirmar o que todos estão a ver em campo. Há jogadores jovens (Rodrygo, Vinicius, Camavinga) que se adaptaram muito bem ao estilo do Real Madrid. Isso, aliado à experiência de Modric, Kroos, Nacho, Carvajal ou Rüdiger, com a qualidade que todos têm, facilita os êxitos do Real Madrid.
"Com Vinicius, a necessidade de contratar Mbappé é menos importante"
- Como é que Mbappé se encaixaria nesse papel e nesse ecossistema futebolístico, caso chegasse?
- Qualquer jogador dessa envergadura seria bem-vindo em qualquer clube. Não sei se o Real Madrid ainda está a pensar nessa contratação. Há três anos, falava-se muito de Mbappé quando Vinicius ainda não tinha entrado na equipa com esta potência e qualidade. Quando Vinicius se estabeleceu, com as necessidades de Mbappé e com as dificuldades que uma contratação desta envergadura acarreta, penso que se torna menos importante ou premente. Mas não há dúvida de que jogadores desta qualidade seriam bem-vindos em qualquer lado.
- Acha que o Real Madrid tem condições para levar a cabo esta operação?
- Não é que essa necessidade não exista, para além de ser um grande jogador, é um produto financeiro, não me interpretem mal. Mas, para isso, tem de haver um mercado de trabalho. Vão ter de conjugar algumas circunstâncias, que o jogador queira vir, que o PSG não coloque nenhum obstáculo, e essas circunstâncias até agora não aconteceram todas no mesmo dia. Se acontecerem, sou daqueles que pensam que Mbappé pode trazer algo para Madrid.
- A grande notícia do final do ano é que os tribunais decidiram a favor da Superliga. Como é que vê isso, vê um futuro para a nova competição?
- Continuo a reconhecer a minha falta de informação sobre a evolução da Superliga e da próxima Liga dos Campeões, que também irá introduzir algumas alterações. A Superliga baseia-se em fundamentos, o que estamos a ver no futebol. As pessoas querem ver grandes jogos. Vamos aos estádios onde jogam as equipas da primeira divisão e a assistência é mínima. Qualquer grande jogo (Real Madrid-Barça, Real Madrid-Atleti, se o City ou o Arsenal vierem), é isso que as pessoas querem ver. Se for essa a base da Superliga, o sucesso está garantido. Também está a ser oferecida a possibilidade de não pagar para ver futebol, as pessoas não querem gastar dinheiro para ver um jogo por semana, se virem vinte bons jogos podem gastá-lo. A notícia é que o monopólio está finalmente a chegar ao fim e está a dar origem a outras opções e à necessidade de a UEFA e a FIFA se organizarem.