Foi uma saída num canto, como milhares que já fez. Desta vez, porém, Marc-André ter Stegen caiu mal. As suas lágrimas, as mãos no rosto enquanto a maca o transportava para fora do relvado do La Cerámica, já valiam um diagnóstico. Os prognósticos eram pessimistas e a confirmação foi contundente: rotura total do tendão patelar do joelho direito e oito meses de ausência.
Tal como na época passada, em que o guarda-redes alemão esteve afastado durante quatro meses, é Iñaki Peña que parece estar destinado à sucessão. No entanto, não convenceu exatamente e fala-se dele como número um. O problema é que, para o fazer até janeiro, há muito poucos candidatos.
Navas e Szczesny são os únicos candidatos credíveis
O mercado de guarda-redes é um mercado dentro de um mercado, um jogo de cadeiras musicais específico para a posição. Nesta fase da época, o Barça só pode recrutar um jogador livre, uma vez que o joker médico não existe desde... a chegada de Martin Braithwaite em fevereiro de 2020, na sequência de uma lesão de Ousmane Dembélé.
Poderá também recorrer aos serviços de um jogador recém-reformado, como é o caso de Claudio Bravo (41 anos), que pendurou as luvas após a Copa América, mas que poderá regressar ao clube onde jogou de 2014 a 2016. Mas é sobretudo Wojciech Szczesny (34) que tem sido objeto de interesse. De acordo com a sempre bem informada Catalunya Radio, Robert Lewandowski pegou no telefone para tentar convencer o seu compatriota a regressar à competição depois de sete temporadas na Juventus.
Foram avançados vários nomes, todos eles com sotaque merengue. O Diario Sport fala de Antonio Adán (37 anos), que está disponível desde o final do seu contrato com o Sporting CP (que, de resto, também estará lesionado). Formado no Real Madrid, o seu perfil é o de um substituto. Não é o caso de Keylor Navas, que conquistou três títulos da Liga dos Campeões com o Real Madrid. Após terminar o contrato com o Pairs SG, o costa-riquenho de 37 anos estaria muito motivado pelo desafio e acrescentaria o seu nome à lista de jogadores que vestiram as duas camisolas. É, sem dúvida, o perfil mais sério neste momento.
Outro nome que surgiu para janeiro foi o de Álvaro Vallés, do Las Palmas. O andaluz foi alvo de rumores no Betis e no Marselha durante o mercado de verão, mas desde então foi relegado para segundo plano, onde foi substituído por Jasper Cillessen. Com um contrato que expira em 2025, o Barça não teria de pagar uma quantia avultada para atrair o jogador que foi uma revelação na época passada. No entanto, com apenas uma temporada de LaLiga, não há garantias de que tenha o que é preciso para competir no campeonato e, acima de tudo, na Liga dos Campeões.
Para já, Hansi Flick parece não ter pressa e confia em Peña, que conhece a difícil tarefa de assumir o cargo de guarda-redes interino. "Iñaki esteve muito bem na pré-temporada e nos treinos", disse em conferência de imprensa na terça-feira.
"É um guarda-redes profissional que treinou muito para isso. Para um segundo guarda-redes, estar 100% concentrado é muitas vezes complicado, mas pelo que vejo ele está totalmente empenhado e pronto para jogar", acrescentou.
Embora ter Stegen possa ter sido questionado, especialmente depois do erro no jogo contra o Mónaco na quinta-feira passada, a sua lesão prolongada coloca o Barcelona numa situação complicada depois de um início perfeito na LaLiga. Com três jogos em uma semana contra Getafe, Osasuna e Young Boys, Peña tem dois jogos acessíveis para se afirmar. E com a pressão máxima sobre os ombros: "Também temos de avaliar a situação e analisar as nossas opções", disse o treinador alemão.
Caso não seja bem-sucedido, o mercado de inverno será agitado, com a perspetiva potencial de um guarda-redes não apenas capaz de substituir Ter Stegen até ao final da temporada, mas também de suceder ao alemão. É uma situação com a qual o guardião está muito familiarizado, como aconteceu quando substituiu Bravo antes de se tornar o titular indiscutível e até capitão do Barcelona.