Jude Bellingham e a história por detrás do número 22 no Real Madrid
Muitos utilizam a expressão all-rounder ou o termo inglês box to box para se referirem a jogadores como Jude Bellingham mas, a não ser que evolua para outras posições no futuro, o médio só caberá no Real Madrid como 8 ou 10, ou seja, será um médio direito ou esquerdo. As principais virtudes de Bellingham, segundo os colegas de equipa e os treinadores que o conheceram, são a sua visão de jogo e a sua personalidade em campo. Tacticamente, os seus pontos mais fortes são a finalização e as assistências, bem como a capacidade defensiva. Não é um organizador, mas sim um criador de golos.
No Birmingham, antes de dar o salto para o Dortmund, Bellingham sempre usou o número 22. A história sobre ele é curiosa. Mike Dodds, um dos seus antigos treinadores na academia do Birmingham, explicou numa entrevista ao The Athletic.
"Um dia ele disse-me que queria ser um número 10 e eu disse que podia ser um... 22. Ou seja, disse que ele podia ser um número 4, um 8 e também um 10. Alguém que faz tudo: o que inicia a jogada, o jogador que rompe as linhas, o que entra na área e que também pode marcar golos. A soma dos três números (4, 8 e 10) dá 22, o seu número", explicou Mike Dodds.
Com estas características, o jovem inglês não jogará - a não ser que haja uma solução de emergência ou que Ancelotti pense de outra forma - como médio defensivo, posição reservada no Real Madrid para Tchouameni, Camavinga ou mesmo Kroos, que já jogou nessa posição em várias ocasiões, apesar de a sua capacidade defensiva não ser como a dos seus colegas franceses. Além disso, colocá-lo nessa posição seria perder um grande gerador de perigo e de oportunidades de golo. Assim, Bellingham ocupará o lugar de Kroos, Modric ou Valverde quando jogar como médio.
Em termos de adaptação, espera-se que faça progressos rápidos na língua espanhola. Os relatos pessoais sobre ele são de que é educado, simpático e muito profissional. Começou a estudar sociologia, mas desistiu por incompatibilidade com as suas funções de jogador profissional. Os seus pais, Mark (sargento da polícia e antigo melhor marcador do futebol amador britânico) e Denise (funcionária do departamento de recursos humanos de uma empresa britânica) sempre lhe incutiram a humildade e a educação como valores fundamentais, tal como fizeram com o seu irmão mais novo, Jobe, também ele um futebolista de grande projeção, atualmente também no Birmingham.
O nível pessoal e a sua passagem pela Bundesliga também foram analisados em profundidade em Valdebebas, antes de dar o salto para um contrato caro, mas bem pensado. Não se teme que a nova contratação seja um cliché sobre a fraca integração dos jogadores ingleses em Madrid. O tempo o dirá.