No dia em que completa 34 anos, Anthony Lopes mantém o registo de 489 jogos realizados pelo Lyon. Apenas a 11 da marca redonda dos 500 encontros, o guarda-redes português podia estar à beira de uma época marcante a nível pessoal, mas o que encontrou esta temporada foi um cenário bem diferente.
Após ter sido titular toda a época de 2023/24, até à última jornada, Anthony Lopes foi surpreendido na pré-época, quando percebeu que o seu espaço no plantel do clube onde fez formação, e do qual foi várias vezes capitão, ficou mais do que reduzido.
De titular a quarta escolha de Pierre Sage, o guarda-redes português falou ao jornal L'Équipe sobre a sua situação atual.
"Nunca ninguém teve tempo para falar comigo, exceto o treinador uma ou duas vezes", começou por dizer.
"Antes de mais, gostaria de dizer que ninguém me avisou que o meu lugar estava em dúvida. É evidente que não me foi dito nada em janeiro. Prefiro esclarecer este ponto. Em segundo lugar, com a chegada de Rémy (Descamps) e o facto de eu estar fora do plantel, nunca imaginei que chegasse a este ponto. É preciso ter em conta que nunca fui criticado por nada em termos desportivos, nem pela minha participação nos treinos, nem no balneário... mas a realidade é que hoje em dia vejo os jogos do sofá", lamentou.
Apesar de ter sido suplente do brasileiro Lucas Perri nas duas primeiras jornadas da Ligue 1, Anthony Lopes admite que se sente excluído das opções de Sage.
"Simplesmente acho que não pertenço à hierarquia dos guarda-redes do Lyon. Estou na posição que me foi dada, que é nenhuma. Aceito a situação o melhor que posso, sabendo que não tenho outra opção. Estou no grupo de treino, mas não na hierarquia, porque não me posso candidatar a jogar. Não percebo nada disto", afirmou.
Por fim, o internacional português falou da relação com Lucas Perri e com os próprios adeptos do Lyon.
"É uma relação profissional, não há mais nada a dizer. Se ele está a sofrer com a situação, não me importo de trocar de papel. Estou disposto a voltar a jogar. É um pouco presunçoso pensar que foi o cântico dos adeptos que o levou a cometer o erro. Os erros acontecem, claro... não faço parte do grupo, não posso ser responsável pelo que acontece durante os jogos, e estou atrás do Lyon aconteça o que acontecer", atirou.
"(O apoio) Tocou-me, claro. Quem é que não se sentiria tocado por isso? Foi um alívio para o meu coração... é indescritível. Toda a gente sabe a relação que tenho com eles. Talvez tenha deixado algumas pessoas tensas ao partilhar isto, mas era a única forma de lhes agradecer. Nunca há uma boa altura e eu não podia ficar calado perante este apoio. O apoio dos adeptos é o único apoio que ainda tenho no clube".
"A curto prazo, vou trabalhar para manter a minha forma, sinto-me muito bem. Depois, tenho de encontrar um novo desafio o mais rapidamente possível, porque sinto falta da adrenalina do campo e do jogo. Ninguém no clube me pode censurar pelo meu empenho nos treinos, não faltei a nenhum, estou sempre lá com um sorriso no rosto, nunca estou mal-humorado quando podia estar, mas a minha situação pessoal não pode interferir com a equipa. Tenho respeito pelo grupo e pela equipa. Nunca pensei que fosse acabar assim no Lyon, imaginava outra coisa", concluiu.