Gonçalo Ramos, um dos beneficiados pelo adeus de Kylian Mbappé
"Precisamos de nos habituar a jogar sem o Kylian. Quando eu quiser jogar com ele, jogo. Quando não quiser, farei a mesma coisa", disse Luis Enrique após o empate com o Stade Rennes. É uma declaração que ressoa fortemente num momento em que o camisola sete do Paris Saint-Germain está de saída, e quando o seu treinador dizia há apenas algumas semanas que isso não poderia ser evitado.
Uma mudança de trajetória que faz sentido. É muito provável que o espanhol já esteja a pensar na próxima época, ou seja, sem Mbappé. Por isso, apesar de a janela de transferências de verão ir certamente mudar as coisas, jogadores como Gonçalo Ramos têm e terão um papel a desempenhar nos próximos meses.
O português, que se distinguiu nas últimas semanas, provou que pode dar um verdadeiro contributo à equipa parisiense. É verdade que as suas estatísticas não são muito boas, mas, como Mbappé deve ter um pouco menos de protagonismo até maio, deve poder expressar-se mais em campo.
Um jogador subestimado?
"É preciso haver competição, rivalidade. É isso que tento criar em todas as minhas equipas. O nosso objetivo é coletivo, para que os adeptos do PSG possam ver uma equipa que luta", explicou Luis Enrique em conferência de imprensa, na semana passada.
Luis Enrique não tem dúvidas de que os seus jogadores poderão mostrar do que são capazes até o final da temporada. A lista de jogos é outro fator a este respeito, uma vez que o clube da capital joga uma série de jogos a cada três ou quatro dias, pelo que é necessário ter um plantel relativamente completo para atuar a diferentes níveis. Gonçalo Ramos é um bom exemplo disso.
No banco de suplentes contra o Toulouse e o Lens no mês passado, bem como contra a Real Sociedad no Parque dos Príncipes, o avançado português não é um dos primeiros nomes na lista do seu treinador. Nos jogos contra o Brest e o Estrasburgo, Gonçalo Ramos jogou apenas 30 minutos. Por fim, na Taça de França, teve a oportunidade de mostrar o seu valor e marcar golos, como aconteceu contra o Lille e o Rennes, jogos em que balançou as redes.
Porque é que o português jogou tão pouco tempo? Porque teve um processo de integração bastante complicado desde a sua chegada no verão passado. Tímido e reservado por natureza, o antigo jogador do Benfica demorou algum tempo a integrar-se no plantel profissional. Por um lado, isso parece lógico quando se tem apenas 22 anos, vem de outro país, não fala a língua e apenas jogadores como Vitinha, Danilo ou Nuno Mendes o podem ajudar a integrar-se. No entanto, à medida que as semanas passam, os relatos vão no sentido certo para o português: começa lentamente a adaptar-se à sua nova vida em Paris.
Seja como for, Gonçalo Ramos marcou 8 golos em 26 jogos pelo PSG em todas as competições. Não é suficiente, mas pode melhorar nos próximos meses.
Nem sempre bom com a bola, é seguro defensivamente e com a sua linguagem corporal. Apesar desta integração relativamente difícil, nunca desistiu e, no PSG, isso é algo que é apreciado. Gonçalo Ramos vai dar tudo de si se quiser deixar a sua marca nas próximas semanas.
Ora, se olharmos mais de perto para as estatísticas, torna-se evidente que é um elemento precioso da equipa de Luis Enrique, jogando sem bola. É certo que não sabe necessariamente criar oportunidades sozinho, mas não é mesquinho e não há dúvida de que vai melhorar com esta atitude. Em termos de percentagem de duelos ganhos (52,7%) e de duelos aéreos ganhos (55,3%), em comparação com os avançados da Ligue 1, está no topo do campeonato. Sim, certamente não é suficiente, mas Gonçalo Ramos tem qualidades, e há muitos que negariam isso.
Contra o Mónaco, esta sexta-feira à noite, o português poderá ter outra oportunidade de ser decisivo. Cabe-lhe a ele aproveitar a oportunidade e ajudar a sua equipa a vencer.