No meio de uma época turbulenta, o Lyon-Marselha continua a ser um confronto imperdível
Lyon quer esquecer a derrota
Dois meses após a derrota por 0-3 no Velódrome, o Olympique Lyon enfrenta o Marselha numa partida que será marcada pela tensão, com o reforço do policiamento no Estádio Groupama.
Os Gones foram muito ativos durante a janela de transferências de inverno, com Orel Mangala e Saïd Benrahma a chegarem por empréstimo no último minuto, após um imbróglio legal com o West Ham.
Assim, Pierre Sage tem sete novos jogadores sob o seu comando, com novos automatismos a desenvolver. Confiante como sempre, John Textor está convencido de que o Lyon está a salvo de um final de temporada complicado, mas depois de duas derrotas consecutivas e seis golos sofridos, o seu otimismo parece um pouco desequilibrado.
Em conferência de imprensa, Sage usou uma metáfora musical para explicar o que esperava dos jogadores após a derrota por 2-3 com o Rennes:
Disse-lhes para pararem de tocar violoncelo e começarem a tocar guitarra elétrica. Temos de aumentar a intensidade do nosso jogo. Tudo o que não vimos na primeira parte e que apareceu ocasionalmente na segunda parte. Com os jogadores que temos, não nos podemos permitir esse tipo de atuação. Vamos colocar o violoncelo de volta no saco e jogar um jogo mais agressivo, com mais intensidade", afirmou.
Alexandre Lacazette não discordou, quando questionado sobre o resultado.
"No treino, o treinador deu-nos uma boa conversa sobre olhar para o futuro e trabalhar bem, como fizemos esta semana. Ele fez-nos assumir a responsabilidade pelos nossos papéis. Estou contente com a nossa semana e espero que dê frutos. Disse-nos que temos de nos esforçar mais e não ter medo de cometer erros. Foi essa a diferença entre as duas partes do último jogo. Quando jogamos com os travões puxados, como fizemos na primeira parte, os nossos adversários castigam-nos", referiu o avançado.
Apesar de este confronto com o Marselha ser um dos mais importantes da época, o treinador espera que não seja ele a determinar a motivação da sua equipa.
"Não é o contexto do jogo que nos deve pedir para aumentar a concentração. Os pontos não têm cheiro e precisamos de ganhar o maior número possível. Quer seja contra o Marselha ou contra outro adversário. Além do resultado e dos pontos que conquistamos, o que é importante para mim é a nossa atitude. Temos de ter uma atitude dinâmica, virada para o futuro, e não tentar apenas resistir. Não gosto de ser passivo", defendeu o técnico.
Para o General, esta segunda volta deve vingar a afronta que sofreu no rescaldo do apedrejamento de autocarros nos arredores de Vel, que levou ao adiamento do jogo: "Temos de nos vingar, queremos mostrar que podemos ganhar em casa!"
Marselha ainda sob pressão
Gennaro Gattuso viu a chegada de Quentin Merlin para reforçar a posição de lateral-esquerdo, após a saída de Renan Lodi. Além disso, a maioria dos jogadores regressou da Taça das Nações Africanas e só falta Chancel Mbemba.
Muito provavelmente, os calabreses vão jogar num 4-3-3, mas não poderão contar com Geoffrey Kondogbia, que se lesionou contra o Mónaco (2-2), Pape Gueye, que regressou da lesão com o Senegal, e possivelmente Jordan Veretout e Amir Murillo. Pierre-Emerick Aubameyang também sofreu um revés, segundo o próprio.
Os marroquinos Azzedine Ounahi e Amine Harit poderiam, portanto, ser titulares alguns dias após a eliminação dos Leões do Atlas pela África do Sul ( 2-0), assim como Ismaïla Sarr, apesar de sofrer de uma lesão no pulso. A Taça das Nações Africanas tem atormentado muito Gattuso, que não aceitou bem este período sem vários jogadores importantes.
"40 dias a treinar 10-11 jogadores aumenta o stress. E quando somos atingidos em cheio, como contra o Rennes, os dias são longos. Temos reforços com entusiasmo. Foram 40 dias difíceis com jogadores que jogaram com problemas. Provavelmente não teriam jogado se houvesse jogadores no banco", referiu o treinador.
Faris Moumbagna está no plantel como substituto do português Vitinha, que foi emprestado ao Génova, mas "precisa de perder um pouco de peso, e pode ter um impacto físico, pode trazer perigo" .
Jonathan Clauss, figura importante no final da janela de transferências de verão, regressou tarde aos treinos e correm rumores de que Bamo Méïté poderá ser titular na lateral direita, deixando o centro do terreno para Leonardo Balerdi e Samuel Gigot, de regresso após suspensão.
Esta deslocação vale 3 pontos, mas é um pouco mais do que isso, sobretudo para Gattuso, que foi preterido por Textor antes da contratação de Fabio Grosso.
"O jogo contra o Lyon não deve ser visto pela classificação. É um jogo especial, uma espécie de armadilha. O Lyon tem muitos reforços, uma imagem diferente com alguns bons jogadores. É uma equipa que nos pode dificultar a vida", defendeu.
Na sua opinião, a sua equipa "ainda não conseguiu explorar todo o seu potencial" esta temporada.
"Podemos melhorar no meio-campo do adversário. Contra o Mónaco (2-2), se saíssemos do primeiro tempo a pressionar, tínhamos dificuldade em colocar o jogo em pé. Temos as qualidades para fazer isso", acrescentou.
Tanto ele quanto Balerdi estão convencidos de que o Marselha pode garantir um lugar no pódio e qualifica-se para a Liga dos Campeões.
"O nosso objetivo é ir à Liga dos Campeões", insistiu o defesa argentino.
"Depende de nós. Se vencermos no domingo, isso dará força. Precisamos fazer um bom jogo e conquistar os três pontos. Já empatámos muitos jogos cometendo pequenos erros. Precisamos de estar concentrados em todos os jogos", alertou.