Na cerimónia da Bola de Ouro em Paris, na segunda-feira, Kylian Mbappé, que chegou ao Théâtre du Châtelet à última hora sem a sua comitiva, parecia tenso e irritado por ter de se sentar ao lado deErling Haaland para testemunhar a coroação de Lionel Messi com a 8.ª Bola de Ouro. Como se estar ali fosse uma obrigação, devido ao seu estatuto de capitão da equipa francesa e, mesmo assim, ao seu lugar no pódio do troféu individual pela primeira vez na sua carreira.
De qualquer forma, o contexto era bastante entediante para o homem que, a 18 de dezembro de 2022, conseguiu bater três vezes o melhor guarda-redes da época, Dibu Martinez. Afinal, o homem que provocou o jogador de Bondy nas ruas de Buenos Aires no dia seguinte à final subiu ao palco ontem à noite, sob os assobios de alguns espectadores. Seguiu-se a coroação da estrela argentina, com quem, como se sabe, as relações com Mbappé não eram as melhores no PSG. Tudo sob os seus próprios olhos, em Paris, em casa.
A cerimónia foi também uma oportunidade para premiar a fabulosa temporada do Manchester City, que foi logicamente eleito o clube masculino da época 2022/23. Cinco jogadores terminaram entre os dez primeiros, mas foi sobretudo o lugar do avançado norueguês que deve ter ficado na boca do francês. É que Erling Haaland, para além de ter ganho o Troféu Gerd Müller, terminou em segundo lugar, à frente de Mbappé. É bastante lógico quando se olha para os números individuais e para os resultados coletivos. Mas conhecendo o avançado do PSG, deve ter sido difícil de engolir.
Mas o francês tem de assumir as suas escolhas, depois de todos os relatos da imprensa durante o verão terem indicado que ele queria ficar no Paris Saint-Germain a todo o custo. Depois de se ter arrependido no ano passado de ter prolongado o seu contrato, teria certamente desejado partir para o Real Madrid este verão, se o Paris tivesse aceitado pagar-lhe os seus prémios. E sabe certamente que, se quiser reencontrar a alegria da seleção francesa e aspirar à Bola de Ouro, terá de deixar finalmente o PSG.
Todos os caminhos vão dar ao Real Madrid... ou à Premier League. É essa a realidade para ele, se quiser aspirar a ser o melhor jogador do desporto durante várias épocas. Não há dúvida de que ele se apercebeu disso, tal como os que o rodeiam, que estão angustiados com o nível de recrutamento no clube da capital francesa no verão de 2022, de acordo com as nossas informações.
No marasmo do ponto de vista desportivo e face ao que a competição está a alcançar, Kylian Mbappé foi também criticado quando festejou um golo de raiva contra o Brest. Porque respondeu aos vários insultos que ele e os seus companheiros de equipa receberam ao longo do jogo. Mas o festejo foi positivo. De certa forma, prova o seu compromisso com os companheiros de equipa - se não com o seu clube. Para algumas pessoas, em 2023, um jogador de futebol já não pode responder a um público incorreto, só porque é o capitão dos Bleus... Absurdo.
Kylian Mbappé deve manter a cabeça erguida. Falta-lhe apenas um ano para poder escolher outro caminho. Um caminho que lhe poderá permitir ganhar a Liga dos Campeões e depois a Bola de Ouro. Em todo o caso, até lá, o francês deve continuar a fazer o que sabe melhor: marcar golos, bater recordes da Ligue 1 e defender os seus companheiros no PSG e na seleção francesa.