Entrevista Flashscore a Custódio Castro: "Queremos formar jogadores a vencer"
Em vésperas do arranque da fase de todas as decisões, o Flashscore ouviu oito treinadores que vão lutar pela subida de divisão. Seguimos com Custódio Castro, treinador-adjunto do SC Braga B, que terminou no quarto lugar da Série A.
"Ninguém é maior do que o clube"
- Como foi o trajeto do SC Braga até chegar ao play-off de acesso à Liga 2?
- O balanço é positivo por vários fatores. Foi uma campanha difícil, decidida até à última, mas isso também diz muito do que é a Liga 3: muito competitiva e em que o resultado é incerto. Demonstra também o nosso crescimento nos primeiros seis meses, em que alguns jogadores passaram por um período de adaptação. Tivemos jogadores que passaram dos sub-19 para a equipa B sem tempo de jogo nos sub-23. Era fundamental podermos jogar esta fase de subida. Um dos nossos objetivos no clube é que os jogadores se possam valorizar, não só com a chegada à equipa principal, que tem existido, mas também com a colocação em clubes na Liga. Portanto, foi uma fase muito produtiva não só para o futuro imediato na competição, mas também para o futuro de muitos destes ativos no SC Braga.
- Estamos perante um projeto distinto, em que as vitórias são importantes, mas onde se privilegia o aspeto formativo, não é verdade?
- Quando falamos na formação e valorização dos jogadores, nós queremos formar jogadores a vencer. Isso é fundamental. Quando olhamos para o crescimento que tem sido do SC Braga, é fundamental termos atletas e treinadores vencedores connosco. É preciso criar essa mística de vitórias. Temos três pilares: clube, jogadores e equipas do SC Braga. Sobre o clube, ninguém é maior do que o clube; depois os jogadores são ativos e temos de os valorizar; e por fim as equipas, dado o que são os calendários, é importate fazer com que todas as equipas estejam fortes. Queremos ajudar os jogadores a crescer e se possível a chegar à equipa principal ou à Liga. Tudo isso faz com que esta primeira fase vitoriosa seja também bastante saborosa, pois conseguimos cumprir vários objetivos sem grande ponta de sorte. Isto consegue-se com muito trabalho e competência.
- Qual o momento que acaba por definir este desfecho para o SC Braga?
- Há vários momentos, mas mais do que momentos há princípios que foram marcantes. Há um momento que posso apontar que foi a seguir à derrota com o Trofense (1-0), acho que podia ser muito fácil a equipa não encontrar um foco muito grande nos objetivos e começarmos a duvidar e aconteceu o contrário. Houve um acreditar muito forte e conseguimos depois quatro vitórias, dois empates e a qualificação. Mas, mais importante do que esses momentos, é o dia-a-dia dos jogadores, a forma como trabalham, como se entregam ao SC Braga e como olham para os objetivos coletivos e individuais.
"Momento ótimo para o crescimento dos jogadores"
- Segue-se a fase de subida com as oito melhores equipas da prova. O que espera?
- É um momento ótimo de competição para o crescimento dos jogadores. Acabamos por juntar as oito melhores equipas da Liga 3 e isto permite dar continuidade aquilo que são os objetivos: tornar jogadores vencedores, tornar equipa vencedora, jogar para ganhar e valorização dos jogadores. Temos de olhar para o futuro do SC Braga e o futuro passa muito por estes ativos que temos de fazer crescer.
- Em virtude desta entrada num momento ainda mais exigente, muda algo em termos de mensagem para os seus jovens jogadores?
- O momento é exigente, porque se juntam as oito melhores equipas, mas mantém-se a exigencia diária num clube como o SC Braga. É importante treinar para nos tornarmos vencedores e isso requer muito treino e disciplina. Acabamos por conseguir o objetivo na primeira fase e colocamos três jogadores na Liga (Diogo Fonseca no Estrela, o André Lacximicant no Casa Pia e o Luís Asué no Moreirense). Um dos nossos grandes objetivos é poder refletir a nossa formação na equipa principal.
- Entre os oito participantes, podemos incluir o SC Braga B no lote de candidatos ou favoritos?
- Estamos no lote de candidatos, juntamente com as restantes equipas. Os nossos principais objetivos são: entrar em cada jogo para vencer, tornar os jogadores cada vez mias vencedores e ajudar na sua formação, seja como jogadores ou como homens.
- Que análise faz à Liga 3?
- A liga é cada vez melhor. Em quase todos os mercados vemos jogadores a saltar da Liga 3 para a Liga. É um patamar competitivo muito interessante e espero que continue num caminho de evolução, com os seus responsáveis atentos ao tempo útil de jogo e qualidade de futebol que se apresenta. Nós temos feito um bom trabalho nesse sentido: fomos a equipa com mais tempo útil na Série A e uma das equipas com mais ataques na Liga 3.
- E que valências lhe dá enquanto treinador?
- Perante o que disse, pode perguntar-me se eu nao olho para mim também. Eu respondo: Olho, olho para o clube, jogadores e equipas do SC Braga. Se isto funcionar bem, o meu trabalho está a ser bem feito. Há também um ditado que diz: "Se tens pessoas competentes à tua volta, então é porque és mais competente com elas". É desta forma que olho para o meu trabaho no SC Braga.
"Adeptos podem estar descansados em relação ao futuro"
- Os adeptos podem estar confiantes e descansados em relação ao futuro do SC Braga?
- Os adeptos são vitais para os clubes e querem saber também o que se passa na formação dos clubes. É determinante que o SC Braga tenha cada vez mais adeptos. Em relação à questão, eles podem estar descansados em relação ao futuro do SC Braga, pelo menos no que toca a este campo da formação. Temos bons valores e eles estão identificados. Agora, gostavamos de ter cada vez mais o apoio dos adeptos no que toca à equipa B. É verdade que jogamos em Fão, mas não nos podemos separar dos adeptos.