Recorde as incidências da partida
Bola na marca dos onze metros, Balotelli (Atlético) corre para o esférico e atira para defesa de Nuno Hidalgo, aos 83 minutos, impedindo que o conjunto de Alcântara reentrasse na discussão do resultado. Ufff! Dois minutos volvidos, o filme repete-se, mas com um novo ator secundário. Joãozinho assume desta vez a marcação do castigo máximo e remata... para defesa de Hidalgo!
O guarda-redes defendeu duas grandes penalidades e, algumas horas depois deste enorme feito, abriu as portas ao Flashscore para falar sobre as expectativas pessoais e coletivas para 2024/25. E ainda para recordar os vários títulos e as mais de 50 internacionalizações ao serviço da Seleção Nacional de Futebol de Praia.
"Foi uma vitória da União"
- Como surgiu esta oportunidade de regressar à UD Santarém? É público que a planificação da nova temporada atrasou devido ao problema com a inscrição do Vitória FC, que fez com que o clube fosse convidado a ocupar a vaga dos sadinos na Liga 3...
- Foi um período um bocado longo. Não se sabia se a UD Santarém ia ocupar a vaga do Vitória, se o Vitória ia conseguir participar na Liga 3. Não foi positivo para os dois lados, mas isso já é passado. Eu tinha terminado contrato com o Alverca e as pessoas da UD Santarém já tinham falado comigo a dizer que gostavam que eu voltasse caso o clube se confirmasse na Liga 3. Também tive outras propostas, mas sempre tive o interesse de um dia voltar a esta casa. Para já, está a correr muito bem, depois desta excelente vitória.
- Primeiro jogo, primeira vitória e dois penáltis defendidos. Como viveu tudo isto?
- Entramos bem no jogo, conseguimos marcar cedo numa bola parada, depois o jogo esteve repartido até ao intervalo. Sabíamos que o Atlético ia tomar a iniciativa do jogo na segunda parte, por estar a perder, mas conseguimos gerir bem o jogo. Acabamos por fazer o segundo golo e depois quando as pessoas pensavam que estava resolvido para nós houve penálti para eles, que graças a Deus consegui defender e ajudar a equipa num momento importante. Se sofrêssemos iam ser 10 minutos difíceis... E passado dois minutos outro penálti e a mesma história. Consegui defender, ainda tive a sorte de a bola bater na trave e vir para as minhas mãos. Foi importante para a equipa. Esta foi uma vitória da União, arrancada a ferros. Não sofrer golos também dá outra confiança à equipa para os próximos jogos. Estamos a trabalhar para continuar nos bons resultados.
- Primeira vez que defendeu dois penáltis?
- Foi, foi. Defender um já é difícil quanto mais dois. Acredito que seja difícil para o batedor, mas é mais difícil para os guarda-redes, pois a nossa taxa de sucesso é inferior. Felizmente correu bem, também devido ao trabalho dos guarda-redes durante a semana, juntamente com o nosso treinador de guarda-redes. Fazemos a preparação para este tipo de lances e ainda bem que o fizemos porque deu resultado.
- Os colegas agradeceram no final?
- Quando foi o segundo (penálti), em que consegui agarrar a bola, tinha 6-7 colegas de equipa à volta e só me lembro do Jaime (Simões) apontar para a zona do relógio e a dizer 'olha o tempo, olha o tempo' e o árbitro a gritar 'não toquem com a mão na bola, não toquem com a mão na bola' (risos). Ali com os festejos, a malta ainda tocava com a mão na bola e ainda havia outro penálti (mais risos). Mas a malta só queria festejar.
"Liga 3 é extremamente competitiva"
- O que é que a UD Santarém poderá fazer na Liga 3?
- Começamos a pré-época tarde e com poucos jogadores. Numa semana vinham 2-3 jogadores, na outra mais 2-3... Não foi fácil para a equipa técnica e para os jogadores, mas temos de agarrar as soluções e não aos problemas. Trabalhámos com o que tínhamos, demos o nosso melhor e acho que isso uniu o grupo. Não é fácil estar numa equipa que começa com 13-14 jogadores. Mas este jogo deu para perceber que se estivermos todos juntos conseguimos chegar mais longe e o grupo está unido e estamos confiante de que podemos fazer boa época.
- Qual a sua análise à Liga 3?
- A decisão da Federação em criar esta Liga foi muito importante. No Campeonato de Portugal haviam muitas diferenças entre as equipas. Tinhas equipas totalmente profissionais e depois tinhas equipas acabadas de subir das distritais, com todo o mérito, mas era uma diferença muito grande. Umas a treinar de manhã em relvado e outras à noite em sintético. Podiam estar preparadas para o Campeonato de Portugal, mas não estavam preparadas para jogos contra equipas totalmente profissionais. A Liga 3 veio ajudar nesse aspeto. Permite aos clubes estarem mais preparados para subir à Liga 2.
- Qual a mensagem para os vossos adeptos?
- Toda a gente sabe que esta Liga 3 é extremamente competitiva. Eu conheço as equipas quase todas e muitos dos jogadores. Na teoria poderá existir 1-2 equipas em cada série melhor apetrechadas, mas, em suma, acho que todas as equipas estão equilibradas e todas podem ganhar a qualquer outra. É muito cedo para fazer prognósticos, mas o que os sócios podem esperar foi o que aconteceu neste jogo. Claro que não sabíamos que íamos ganhar, mas vamos sempre dar tudo em campo em prol de representar bem o clube, a cidade e região.
Seremos sempre uma equipa organizada e competente, que não vira a cara à luta, com muita humildade e trabalho. Acho que esse é o caminho para mais vitórias. Muitos dizem que o objetivo é a manutenção, mas o primeiro passo para a manutenção é ficar nos quatro primeiros, por isso... Sabemos que é muito difícil, mas vamos jogo a jogo.
- Os avançados prometem golos, o Nuno promete defender o próximo penálti?
- Defender um é difícil, dois é quase impossível, defender o próximo… Trabalhamos sempre para todos os momentos do jogo. Sabemos que podem haver livres, penáltis, cantos... É tudo perigoso e temos de estar preparados.
- Mas prepara as grandes penalidades de forma particular?
- Eu, o outro guarda-redes e o treinador fazemos a análise do adversário. Penáltis, livres, cantos e remates. Por exemplo, se é uma equipa que faz muitos cruzamentos, se rematam muito de meia distância ou não... E sabemos que os penáltis podem acontecer e temos de estar preparados para eles.
- O que espera que esta época lhe dê do ponto de vista individual?
- Espero ajudar ao máximo a minha equipa a atingir os objetivos. Em termos individuais é jogar sempre o máximo de jogos possíveis, sofrer o mínimo possível e conseguir o máximo de vitórias. Basicamente é isso.
O passado internacional pelo areal
- Muitos podem não saber, mas o Nuno Hidalgo chegou a conciliar o futebol e o futebol de praia durante vários anos. Conte-nos um pouco sobre esse capítulo da sua vida...
- Na altura jogava Campeonato de Portugal e existiam pausas muito longas no verão, de 3-4 meses. Eu como não gostava de estar parado comecei a fazer alguns torneios e depois foi ficando mais sério. Joguei um ano no Sporting, outro no Belenenses e apareceu a proposta do SC Braga. Também fui sendo chamado à Seleção e fiz muitos jogos. Na altura também apareceu a Covid, o campeonato parou e no ano a seguir surgiu a possibilidade de ir para o Estrela na Liga 2 e tive de deixar o futebol de praia.
- Saudades?
- Tenho saudades, sobretudo dos amigos que tinha lá. Jogava no SC Braga e a equipa era quase a Seleção. Passei bons momentos, que guardo com carinho, mas a vida é mesmo assim. Não deu para continuar, mas continuo a acompanhar e desejo toda a sorte.
- Algo que já ninguém lhe tira é ter representado a nossa Seleção.
- Tenho 50 internacionalizações, viajamos por esse mundo fora a representar o país e a Seleção, e ganhamos muitos torneios. E no SC Braga ganhamos 6-7 campeonatos e três Ligas dos Campeões. Bons momentos que guardo com muito carinho.