Declan Rice faz história no West Ham e a glória na Liga Conferência marca a sua despedida
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No que parece ser o seu último jogo com a camisola do West Ham, Declan Rice despediu-se de uma forma digna de um conto de fadas, quando o golo de Jarrod Bowen em cima do minuto 90 garantiu a dramática vitória por 2-1 sobre a Fiorentina em Praga, esta quarta-feira.
Descartado pelo Chelsea quando ainda era um adolescente, e duvidado até mesmo pelo clube onde acabou por escrever o seu nome, Rice entrará para a história como apenas o terceiro homem a levantar grandes troféus com as cores do West Ham.
Bobby Moore venceu a final da Taça de Inglaterra de 1964 e a Taça dos Vencedores das Taças de 1965, enquanto Billy Bonds foi o capitão do West Ham nas Taças de Inglaterra de 1975 e 1980.
Tanto Bonds como Moore são lendas do West Ham, um estatuto de que Rice agora também goza, depois do catártico triunfo desta quarta-feira na Liga Conferência ter posto fim à seca de troféus do clube.
"Ainda estou em choque. É incrível. Adoro este clube, eles fizeram de mim um dos seus. Há interesse de outros clubes. Vamos esperar para ver. Quem sabe", afirmou.
Enquanto limpava as lágrimas de alegria após o apito final, Rice sabia que deixaria a capital checa para enfrentar um momento decisivo na sua carreira.
O treinador do West Ham, David Moyes (60 anos), admitiu no mês passado que estava "totalmente ciente" de que havia "uma boa hipótese" do médio inglês ser vendido antes do início da próxima temporada.
Rice deixou claro que quer jogar na Liga dos Campeões, algo que atualmente ultrapassa os sonhos do West Ham, que terminou em 14.º lugar na Premier League esta época.
O jogador está avaliado em cerca de 100 milhões de euros, mas isso não impedirá que Manchester City, Manchester United, Arsenal e Bayern Munique disputem a sua contratação.
Mesmo que Rice fique encerre a sua estadia de nove anos no leste de Londres, as cicatrizes da dolorosa saída do Chelsea aos 14 anos continuarão a estimulá-lo a atingir novos patamares.
A ascensão de Rice ao estrelato começou com um soco no estômago, quando foi dispensado pelo Chelsea em 2014, depois de oito anos na formação do clube londrino.
Mesmo depois de se juntar ao West Ham, Rice foi o único jogador do seu grupo que recebeu uma bolsa de estudos sem a oferta de um contrato profissional garantido.
Mas, mais de 200 partidas depois, com três prémios de melhor jogador do ano no currículo e uma medalha da Liga Conferência ao redor do pescoço, Rice provou que todos os céticos estavam errados.
A doce confirmação
Embora a reação emocional de Rice à vitória sobre a Fiorentina seja compreensível, o treinador deu voz aos seus próprios sentimentos no rescaldo de uma vitória que pode ter salvo o seu emprego.
Na semana passada, notícias davam conta de que Moyes poderia ser demitido se o West Ham perdesse a final, depois de uma temporada conturbada no futebol inglês. O técnico escocês, certamente, respirou de alívio graças ao primeiro grande troféu da sua carreira.
Desde que se tornou treinador, há 25 anos, Moyes só tinha conquistado um título da terceira divisão em 2000, com o Preston, e a Community Shield em 2013, com o Manchester United.
Durou apenas nove meses em Old Trafford, numa passagem desastrosa como sucessor de Alex Ferguson, que veio a ensombrar a sua carreira.
"Isto é fantástico. Tive uma longa carreira e não há muitos momentos como este", afirmou Moyes, que festejou no relvado da Eden Arena com o seu pai, de 87 anos.
Em muitos aspectos, o West Ham e Moyes são almas gémeas. Embora o West Ham se autodenomine de "A Academia", numa referência orgulhosa ao seu histórico de formação de craques como Moore, Geoff Hurst, Rio Ferdinand e Frank Lampard, o clube há muito tempo que é visto como um emblema de baixo desempenho.
Mas, pela primeira vez desde que o cabeceamento de Trevor Brooking garantiu uma vitória surpreendente contra o Arsenal na final da Taça de Inglaterra de 1980, Moyes e o West Ham podem desfrutar de um momento de doce alegria.
No balneário do West Ham em Praga, um poster de Moore a segurar a Taça dos Vencedores das Taças estava estampado com o slogan "Never Give Up". Para Rice, Moyes e todos os adeptos do West Ham, a mensagem parecia especialmente adequada numa noite que nunca esquecerão.