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Cristiano Ronaldo faz balanço positivo do Europeu: "A meu ver, não foi uma desilusão"

Hugo Filipe Martins
Cristiano Ronaldo fez um balanço da participação no Euro-2024
Cristiano Ronaldo fez um balanço da participação no Euro-2024HESHAM ELSHERIF/ ANADOLU/ Anadolu via AFP
Cristiano Ronaldo esteve presente, esta segunda-feira, na Cidade do Futebol, em Oeiras, para fazer o lançamento da partida com a Croácia a contar para a Liga das Nações, mas acabou por fazer um balanço da participação de Portugal no Euro-2024 e abordar o seu próprio futuro na seleção nacional.

Siga as principais incidências da partida

Abandonar a seleção após o Euro: "Isso é tudo da imprensa, nunca me passou pela cabeça. Antes pelo contrário, ainda deu mais motivação para continuar, para ser sincero".

Motivação: "A motivação para vir é ganhar a Liga das Nações, que é a nossa próxima competição. É a nossa próxima competição, estamos cá a preparar os treinos da melhor maneira para ganhar esta prova. Essa é a nossa motivação. Não penso a longo prazo, sempre a curto prazo".

Jovens: "Acho que faz parte. A seleção sempre foi assim. É uma situação normal. Desde que estou na seleção, e já lá vão bastantes anos, a integração dos jogadores é normal e são sempre bem recebidos. O meu papel é ajudar quem vem, mas os jogadores mais velhos têm feito isso muito bem. É importante para o presente e para o futuro da seleção. Vejo com bons olhos essa experiência que o mister tem fazendo".

Integração dos mais jovens: "Muitos têm vergonha de falar comigo. Ainda há bocado estava a subir, vi o miúdo novo, o Quenda, fui ter com ele e disse 'então, jogador, estás recuperado do jogo?'. Vi que ficou envergonhado, mas quem me conhece bem sabe que na seleção sou sempre, não digo um pai, mas um irmão mais velho. Tento ajudar na integração deles. Já passei pelo mesmo e sempre fui bem recebido. Como todos sabem, a seleção é uma família e quando alguém vem é sempre uma mais-valia".

Os números de Cristiano Ronaldo
Os números de Cristiano RonaldoFlashscore

Evolução da seleção: "Há momentos bons, momentos menos bons, a vida de um futebolista é isso. Só podemos melhorar numa derrota, num mau momento. Quando as coisas estão bem, é difícil evoluir. Temos de tirar essa lição, ter capacidade de encarar esses momentos menos bons com leveza e tranquilidade. A expectativa que as pessoas meteram à volta da seleção foi demasiado alta. Se ganhamos os penáltis, estamos nas meias-finais e já ficavam todos contentes. Parece que houve uma desilusão. No meu ver, não foi uma desilusão. Foi parte de processo do crescimento de uma seleção com novos jogadores, novo selecionador, que tem de ter o seu tempo para pôr a equipa a jogar à sua maneira. A meu ver, foi positivo. Ninguém gosta de perder, mas para mim não foi um fracasso, foi uma vitória e temos de estar orgulhoso disso".

Possível estatuto de suplente: "Sempre terei, até ao final da carreira, o pensamento que sou titular. Respeitei sempre as decisões do selecionador e dos treinadores com quem joguei. Uma ou outra vez, porque também se portaram mal comigo (risos). Sempre que houver ética profissional, respeito as decisões dos treinadores. O que sinto é que, neste momento, e as palavras do mister demonstram-no, eu continuo a ser uma mais-valia na seleção. Quando sentir que não sou uma mais-valia, sou o primeiro a ir embora e vou de consciência tranquila. Sei o que sou, o que posso fazer, o que faço e vou continuar a fazer. Encaro o presente de maneira positiva. O ciclo é bom, sinto-me feliz. De uma certa forma, em termos gerais, acho que o Europeu foi positivo e sempre pensarei assim. Quando chegar esse momento, serei a primeira pessoa a dar um passo em frente. Não há qualquer problema. É escusado as pessoas opinarem, não vale a pena. Será uma decisão minha e será uma decisão normal que outros jogadores tomaram. Temos o exemplo do Pepe, que fez uma carreira excelente pela seleção, foi um exemplo para todos nós e saiu pela porta grande. Todos os jogadores que sairem da seleção, têm de pensar que sairão sempre pela porta grande. Não vejo isso com tristeza, mas com alegria".

Críticas: "A crítica é ótima. Se não houver crítica, não há evolução. Sempre foi assim, vai ser agora que vai mudar? Não vai. Tento fazer o meu caminho, ajudar a seleção e o meu clube da melhor maneira, com golos, sem golos, com disciplina e exemplo. O futebol vai muito mais além de marcar ou assistir. As pessoas que acham que percebem de futebol, opinam e não entendem. Muitas vezes até me rio. Eu vou falar de Fórmula 1? Como se nunca conduzi um carro de Fórmula 1? Não posso, não percebo de pneumáticos, de jantes... É normal. A crítica para mim é boa e faz parte, não tem problema".

1000 golos: "Depois de chegar a 899 golos, achas que estou preocupado com o golo 902? Não é o que me move. O que me move neste momento é a alegria que continuo a ter quando vou para o treino. Ainda sinto isso e isso para mim é mais importante. Se fizer esses números, parece fácil, mas não é. Tudo tem o seu preço, trabalho, mas antes de chegar aos 1000 tenho de chegar aos 900. Temos de encarar isto como uma brincadeira a sério. Temos de levar isto com leveza. Não viver obcecado pelo golo porque isso acontece naturalmente. Se me sentir motivado, continuarei e vou tentar chegar a essa marca. Uma marca de 900 golos não será assim tão má, digo eu".

Mundial-2026: "Não fiz pré-época, mas o início da época foi positivo. Marquei e assisti, sinto-me quase em forma. 2026? Não posso responder a essa pergunta. Vivo no presente, o momento é bom, vamos ter uma nova etapa, uma nova prova, a Liga das Nações. Estou muito feliz por vir novamente à seleção, jogamos com uma excelente equipa, em Portugal, e tentamos entrar com uma vitória. Até 2026 ainda há muita história no meio".

Liga das Nações: "A confiança está intacta. Vejo a equipa bem, fizemos um bom Europeu, não foi excelente, mas foi bom. Temos dois testes bons pela frente, jogamos os dois jogos em casa e isso é muito positivo. O passado é passado e o presente é mais importante. Jogadores novos, ciclo novo e acreditamos que as coisas vão correr bem".

Youtube: "Os meus filhos já dizem que sou Youtuber (risos). Isso aconteceu para estar mais próximo dos meus fãs, acho que eles merecem. Do que mais me impressionou no Europeu foi a quantidade de pessoas que esteve do lado de Portugal, principalmente do meu lado. Gostei bastante. Foi uma forma de demonstrar o carinho que têm tido por mim, principalmente nestes últimos anos porque sabem que serão os últimos dois ou três anos da minha carreira. Essa questão dos subscritores é relativizada, mas quero bater essa marca, atenção. Tudo a seu tempo. Sinto que os fãs estão mais contentes porque sentem-se mais perto do Cristiano. É com muito agrado que faço esse tipo de coisas. Daqui a dois anos, espero bater o Mr. Beast".