Opinião: Os seis passos do novo ciclo da Seleção
Todos sabemos que as seleções vivem de ciclos, vivem de grupos que atingem conquistas históricas e de gerações que vincam as suas posições de forma irreverente. É o caso da nossa Seleção (não me perguntem qual, porque eu só escrevo sobre uma)!
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Francisco Neto foi criticado como todos os selecionadores são – faz parte da profissão - quando optou por levar alguns nomes com ele para o Mundial, mas também nunca escondeu que este foi o grupo que trabalhou nos últimos anos para que pudesse marcar e terminar um ciclo de forma histórica e assim o fez.
No fim de todos sofrermos com um sonho que embateu no poste, se foi evidente que a maioria das jogadoras lamentavam o fim que estava próximo de um grupo que cresceu como se fossem irmãs, também foi evidente que as atletas mais jovens começavam a “morder os calcanhares” às mais velhas e a exigir um lugar no onze titular, assim se começou a definir que o fim do ciclo estava próximo.
1.º passo – Autoconhecimento (olhar como um todo)
É preciso entender que as opções são cada vez mais, que há portuguesas pelos quatro cantos do mundo, que as nossas seleções jovens trazem cada vez mais jogadoras para os seus estágios de observação e que permitem a criação de uma base de dados mais ampla e completa, que a equipa sub-23 permite uma proximidade às ideias do mister Francisco, mas também uma possibilidade de manter por perto opções que se estão a afirmar nos seus clubes.
2.º passo – Aceitar (antes, agora e depois)
Aceitar que todos temos um fim nas histórias dos clubes, das instituições e das equipas. Aceitar que por mais que as jogadoras tenham contribuído para a subida histórica no ranking mundial, há um momento em que é preciso dar a oportunidade a outras e ser grata pelas que aqui passaram. Aceitar que as primeiras opções para ocupar as posições destas jogadoras, provavelmente não serão as definitivas. Aceitar que a Seleção entra agora numa fase de mudança para o Europeu de 2025 e temos que ser pacientes.
3.º passo – Aprender com as experiências (Liga das Nações)
Está a formar-se um novo grupo, que tem que se conhecer, que tem que gerir emoções de forma diferente e que tem de aprender a cada dia que passa. Estes primeiros dois jogos não vão apresentar grandes mudanças em termos táticos, mas vão trazer mudanças suficientes para se aprender a cada jogo que passa.
4.º passo – Dirigir a nossa atenção para o agora (próximas convocatórias)
Será que Joana Martins é opção em vez de Maria Alagoa? Será que Sierra Cota-Yarde dá mais garantias do que Rute Costa? Bruna Lourenço é a substituta de Sílvia Rebelo? E Mariana Azevedo não é uma solução tão ou mais válida? Sobre Ana Dias não é contestável, sabemos que estar entre as escolhidas é mais do que justo. Nádia Gomes será uma opção para o ataque? Érica Costa não tem mostrado o suficiente para uma oportunidade?
Será que Dolores Silva continua a ser uma boa aposta tendo em conta o rendimento que as suas colegas do meio-campo apresentam? Há muitas perguntas para responder, é preciso focar-nos em todos os pormenores.
5.º passo – Ter objetivos e metas
Já sabemos que se fala na subida do ranking, de profissionalizar clubes, de melhorar as condições. Mas o que queremos efetivamente em termos de resultados nesta Liga das Nações? É um fracasso não estarmos no Europeu 2025? Temos que ser francos e colocar os pontos nos í’s. Passamos a ser uma seleção afirmada nestes palcos e não uma seleção em afirmação.
6.º passo – Fazer diferente
Mundial passou. As jogadoras vão mudar. O staff técnico tem agora a responsabilidade de colocar as jogadoras noutro patamar, ambicionar mais, elevar a qualidade porque as condições também serão proporcionalmente elevadas.
Conclusão, o foco no Europeu de 2025 tem que ser agora. A primeira convocatória trouxe mudanças e as próximas irão trazer também, isto se olharmos atentamente para a convocatórias das sub-23, portanto aguardamos que a bola comece a rolar e veremos o que virá de novo. Certo é que estamos num bom caminho, por isso, continuemos.