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Opinião: O paradoxo de Frattesi, suplente no Inter de Milão e decisivo na seleção italiana

Davide Frattesi, médio do Inter e da seleção italiana
Davide Frattesi, médio do Inter e da seleção italianaCLAUDIO VILLA / GETTY IMAGES EUROPE / AFP
Atrás dos titulares nas escolhas de Simone Inzaghi, o médio Davide Frattesi foi fundamental nos dois últimos triunfos da seleção italiana. Mas será que consegue conviver com Barella?

No há nenhum jogador que tenha sido mais influente nas duas últimas partidas da Itália do que Davide Frattesi. O médio romano é o retrato do inesperado triunfo de sexta-feira passada em Paris, e do triunfo de ontem à noite em Budapeste, em termos de desempenho e eficácia, e está a viver o seu melhor momento de sempre. No Inter de Milão, joga pouco ou, pelo menos, não é um titular indiscutível.

Um tiro no peito, como se quisesse deixar claro que cada parte dele é afiada, a da faca azul mais afiada do momento. Para um treinador como Luciano Spalletti, que gosta de alguém que vai mais além e tem um instinto aguçado para o jogo, Frattesi é um jogador fundamental. Autor de um golo no Parque dos Príncipes, onde colocou a Azzurra à frente da França, repetiu-se na Bozsik Arena. Dois golos com assinatura, confirmando a sua eficácia e diligência em momentos de paridade, onde tudo é mais difícil de inverter. O médio de 24 anos tem a capacidade de quebrar a rocha quando ela é mais dura.

Momento certo

Frattesi é o símbolo atual da nova Itália de Luciano Spalletti, um treinador historicamente estético, que está a fazer uma abjuração do seu credo futebolístico, concentrando-se numa defesa de três homens e num meio-campo de cinco elementos, em que os avançados são praticamente meios-pontos capazes de surpreender os adversários, inserindo-se a partir dos "meios espaços", aqueles espaços entre eles que são difíceis de interpretar e marcar na fase defensiva. Deste ponto de vista, Frattesi é agora um jogador consagrado, pela forma como ataca o espaço e consegue afastar-se dos adversários.

O golo de ontem em Budapeste foi uma mistura de posicionamento, instinto e técnica. Ele não só chegou na hora certa ao cruzamento de Dimarco, como também sabia que o melhor seria bater com o peito. E, além disso, mandou a bola para o canto mais distante. O canto inexpugnável. O seu estatuto de principal escolha para a Azzurra reflete-se nos seis golos que marcou sob a direção de Spalletti, o que faz dele o melhor marcador, com mais quatro golos do que muitos outros, alguns dos quais avançados.

Paradoxo

E num panorama bastante desolador do ponto de vista ofensivo, a solução Frattesi parece ser a mais pertinente neste momento, embora o puzzle ofensivo ainda precise de ser resolvido. Além disso, neste momento, o número 16 da Azzurra destaca-se como titular devido à ausência de Nicolò Barella, um dos pilares também da seleção nacional e do próprio Inter, onde, de momento, o romano é suplente.

É evidente, neste momento, que a situação de Frattesi é bastante contraditória, uma vez que estamos a falar de um jogador cuja utilização é limitada por uma questão de função. De facto, tanto Frattesi como Barella estão habituados a orbitar na zona centro-direita e a inserir-se depois a reboque. Tentar fazê-los coexistir é mais um problema de Spalletti do que de Inzaghi, que terá muitos jogos para gerir.

Além disso, na seleção italiana, o retorno do dinâmico e obstinado Tonali também fechou a vaga de meia-esquerda, um lugar que Frattesi já mostrou que pode ocupar. Será que o desafio de Spalletti não será prescindir do ex-milanista para colocar o sardo, para muitos, e o romano juntos? Por enquanto, no entanto, Frattesi é o azul mais amado. E com boas razões. Porque sem ele, também autor da jogada que deu origem ao golo de Moise Kean, a Itália não estaria a liderar o grupo A da Liga das Nações.