Retegui, o argentino que apaixona a Itália e quer liderar a Azurra
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Terá a Itália encontrado o avançado que procurava desesperadamente há anos? Um digno sucessor dos lendários Gigi Riva (melhor marcador com 35 golos), Paolo Rossi, Alex del Piero e Christian Vieri?
O calcio começa a acreditar que sim: desde o início da época, Retegui, de 25 anos, marcou 11 golos em 12 jogos do campeonato ao serviço da Atalanta e outros dois pela seleção. Mas os especialistas estão impressionados com outra estatística: 11 golos em apenas 14 remates à baliza!
"Ele tem uma grande qualidade: está sempre no lugar certo e na hora certa" , disse Vieri numa entrevista recente à Sportweek, a revista semanal de La Gazzetta dello Sport.
"Mateo já é forte, mas vai se tornar um jogador de topo", acredita o atual seleccionador Luciano Spalletti, embora não queira encher muito o balão de numa equipa com dificuldades para fazer golos .
A Azzurra está invicta na fase de grupos da Liga das Nações, incluindo uma vitória por 1-3 sobre a França em Paris, e lidera o grupo com três pontos de vantagem sobre os Bleus. No entanto, ainda lambe as feridas do fiasco do último Campeonato da Europa, onde foram eliminados nos oitavos de final após um registo calamitoso de uma vitória, um empate e duas derrotas, com três golos marcados e cinco sofridos.
22 milhões de euros
No torneio continental, Mateo alternou a titularidade com Scamacca, que se lesionou gravemente no joelho, e não chegou a marcar. Mas isso foi antes de assinar com a Atalanta no verão, que pagou 22 milhões de euros ao Genova pelos seus serviços, e adaptou-se muito bem ao sistema ofensivo de Gian Piero Gasperini.
"O que me impressiona é a sua evolução: gostaríamos que todas as contratações evoluissem como el fez em todos os aspetos", comentou o exigente treinador.
De facto, a ascensão de Retegui (17 jogos pela seleção, seis golos) tem sido deslumbrante. Há apenas 18 meses, o atual melhor marcador da Série A jogava no Tigre, da Argentina, por empréstimo do Boca Juniors, onde nunca se destacou.
A sua carreira deu uma guinada quando Juan Sebastián Verón, ex-jogador da Albiceleste, ligou para Roberto Mancini, então seleccionador de Itália. Conhecedor das dificuldades ofensivas da seleção italiana, Brujita conversou com o antigo treinador do Inter sobre Retegui e os seus antepassados italianos: o avô paterno nasceu em Sestri Levante (Ligúria, noroeste da Itália) e emigrou para a Argentina.
Uma família de desportistas
Poucos dias antes de um jogo crucial de qualificação para o Campeonato da Europa contra a Inglaterra, em março de 2023, Mancini e a sua equipa técnica analisaram os últimos jogos de Retegui e, para surpresa geral, decidiram convocá-lo.
O avançado, então desconhecido dos colegas de equipa e dos adeptos italianos, foi até titular. A Itália perdeu (2-1), mas Retegui deixou a sua marca ao marcar o primeiro golo pela Squadra Azzurra.
Com o argentino, voltou a estar no centro das atenções a questão dos naturalizados, os futebolistas nascidos fora de Itália, sobretudo na América do Sul, que vestiram a camisola da Nazionale graças às origens italianas. O primeiro título de Itália no Campeonato do Mundo, em 1934, deveu-se em grande parte a quatro deles, entre os quais o "argentino" Raimundo Orsi.
Mais recentemente, Mauro Camoranesi, vencedor do Campeonato do Mundo de 2006 e também nascido na Argentina, Thiago Motta e Jorginho, ambos de origem brasileira, foram os protagonistas.
"A minha história é uma série de coincidências, como se outra pessoa a tivesse escrito para mim", disse Mateo recentemente.
Originário de San Fernando, na província de Buenos Aires, Retegui cresceu numa família de desportistas: o pai (Carlos Retegui) foi treinador do Las Leonas até 2021, a mãe (Maria Grandoli) também jogou hóquei e a irmã (Micaela Retegui) ganhou o bronze em hóquei na relva nos Jogos de Tóquio.
O agora futebolista também teve um caso de amor de infância com o hóquei, embora mais tarde tenha decidido trocar o stick pela bola. E o seu bom jogo de pés atraiu o interesse de várias equipas da Premier League.