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Feminino: As reações dos treinadores após o Benfica-Sporting

LUSA
Sporting venceu Benfica por 3-1 no Seixal
Sporting venceu Benfica por 3-1 no SeixalFPF
O Sporting venceu este domingo o Benfica por 3-1, em partida de oitava jornada da Liga feminina portuguesa de futebol, resultado que encurta para dois pontos a distância das ‘leoas’ para o primeiro lugar da tabela classificativa.

- Filipa Patão (treinadora do Benfica):

“Sofrer um golo cedo condiciona sempre alguma coisa, nem que seja a cabeça das jogadoras e a forma como temos de reagir ao jogo. Foi uma primeira parte pouco conseguida da nossa parte, com muito nervosismo e muitas más decisões, principalmente na primeira fase de construção. Sempre que conseguimos passar essa fase, conseguimos criar perigo, mas fomos muito inconsequentes na forma como saímos dessa primeira fase, a tomar más decisões e a olhar mal para os espaços e isso foi letal."

"Acabámos por sofrer o segundo golo e isso mexeu connosco. Ainda assim, reagimos muito bem na segunda parte, que foi muito boa, tendo em conta que vimos de quatro jogos em duas semanas. Na única situação que o Sporting tem na segunda parte acaba por fazer (golo) e nós temos muitas situações para o fazer e não o fizemos."

"Isto faz parte do futebol. Se não temos a capacidade de ser eficientes no momento da finalização e do último passe, isso vai trazer consequências para a nossa equipa. Conseguimos fazer o 3-2, que acabou por ser anulado, e, animicamente, senti que fomos muito abaixo. Senti que se o golo não tivesse sido anulado, acabaríamos por conseguir fazer o 3-3. Repito, uma primeira parte muito mal conseguida, uma segunda parte onde não posso apontar absolutamente nada às jogadoras."

"São momentos. A equipa não pode estar sempre bem, as jogadoras não podem estar sempre bem. Há dias em que não conseguem ser tão capazes de desempenhar as suas tarefas. Nós também, se calhar, não tomámos as melhores decisões na primeira parte, na forma como queríamos sair e condicionar o Sporting. Retificámos ao intervalo e entrámos muito bem na segunda parte, mas tivemos um golo contra a corrente do jogo e fartámo-nos de falhar golos."

"Às vezes o futebol é muito isso. É o momento em que a bola entra ou não entra, um golo que é anulado ou não e pode fazer toda a diferença num jogo. E hoje o que fez a diferença foi mesmo a eficiência. O Sporting teve quatro situações para fazer golo, fez três, nós tivemos muitas situações e fizemos um. Isso, no futebol, marca a diferença no resultado. Não posso dizer que tenha a ver com incapacidade das jogadoras ou do plano de jogo. Tem a ver com o momento e nós não soubemos gerir emocionalmente aquele momento do jogo, aquele primeiro golo mexeu muito connosco, o Sporting cresceu muito com isso, e aqueles dois ou três erros na primeira fase de construção também mexeram muito com a equipa e deu uma força anímica ao Sporting para continuar a pressionar. Na segunda parte voltámos a ser nós, a ser o Benfica, só não conseguimos concretizar as oportunidades que tivemos."

"O Sporting tem muito mérito e dou-lhe os parabéns pela forma como abordou a primeira parte, mas nós também tivemos os nossos erros e o nosso demérito na forma como encarámos a primeira parte. Não penso que as pernas tenham pesado. Quanto muito, o cansaço psicológico pode pesar nalgumas decisões. Ainda assim, vi um Sporting na segunda parte com as jogadoras todas no chão e a não conseguirem já transitar e vi um Benfica com uma alma e uma capacidade física de correr uma segunda parte inteira contra o resultado que não é normal de uma equipa que faz cinco jogos em 15 dias."

"É futebol, continuamos à frente com dois pontos de vantagem sobre o Sporting, com cinco pontos sobre o SC Braga. Só dependemos de nós. Acredito que este jogo, como muitos outros que não nos correram tão bem, serve para nos desenvolvermos e para crescermos."

"Tal e qual como nós olhamos para as coisas que temos de melhorar, o Sporting, tenho a certeza absoluta que também o vai fazer, mas temos rapidamente de fazer com que a terceira equipa que está em jogo também queira melhorar. Não estou a dizer isto depois deste jogo, venho a dizer isto desde o início da época. O VAR não vai resolver os problemas que temos na Liga. A diferença da velocidade do jogo na Liga dos Campeões para a Liga portuguesa não tem só a ver com as intervenientes. Tem a ver com o facto de querermos deixar jogar, de não marcarmos todos os contactos e de queremos, realmente, promover o futebol feminino. Depois não se admirem de dizer que o futebol feminino é lento, que na Liga portuguesa não se joga futebol, que o jogo está sempre parado e que não deixamos as intervenientes brilhar. Enquanto a equipa de arbitragem não perceber isso, vamos continuar a ter um campeonato que não é atrativo para fora. E esta é que é a minha grande preocupação. A diferença que vemos de fora para aqui é muito, muito grande. Se nós olhamos para aquilo que temos de evoluir e de crescer, o Sporting com toda a certeza também o vai fazer, acho que quem toma conta da arbitragem rapidamente vão ter de olhar muito bem para aquilo que fazem e para aquilo que querem para o futebol feminino português. Porque, na minha opinião, este não é o caminho”.

Recorde as incidências da partida

- João Mateus (treinador adjunto do Sporting):

“Defendemos com uma linha de quatro, onde a Fátima (Pinto) integra como defesa central e depois com bola sobe para se juntar à Joana criando um duplo pivô na nossa construção a três. Já jogámos com a Ana Borges também a fazer esse trabalho, jogando como extremo e defendendo como lateral. Vem da nossa análise nos últimos tempos, para casar com as características das nossas jogadoras, permitindo também dar às médias ofensivas mais liberdade para ocupar os espaços que achamos relevantes. Depois, a Fátima (Pinto) também é uma jogadora que nos dá muito ao nível da agressividade, da comunicação, o que é importante. É um desdobramento que nos tem dado muitas garantias e que tem corrido bem."

"Não pensámos muito no pós este jogo. Estávamos muito focadas em apresentarmo-nos aqui bem hoje. Por isso elas estiveram excecionais a executar o que tínhamos planeado para hoje. E o resultado de hoje deve-se muito a essa capacidade delas de executar o que tínhamos trabalhado durante a semana, que é o mais difícil no futebol."

"Foi, obviamente, uma vitória importante por isso (reduzir para dois pontos a distância para o Benfica na classificação), mas nunca pensámos no que seria o pós. Pensamos apenas em chegar aqui bem, com uma atitude inegociável, como costumamos falar, e essa atitude foi o que nos colocou mais perto da vitória. Mas, somos a mesma equipa que perdeu em Valadares, continuamos no segundo lugar e o que temos de fazer é continuar focadas em nós, evoluir todos os dias, sermos melhores, corrigir as coisas que não correram muito bem e continuar a evoluir para poder continuar lá em cima a discutir até ao final."

"Não digo que foi um fator determinante, mas foi importante porque marcar cedo, especialmente num dérbi, que é um jogo muito emocional, facilita e ajuda um bocadinho. Mas elas hoje estavam tão focadas na tarefa, tão ligadas entre si, que tínhamos a certeza de que independentemente do que acontecesse no primeiro minuto de jogo, mesmo que o golo fosse do adversário, íamos sempre reagir e dar a volta por cima. Um golo no primeiro minuto ajuda sempre, mas não foi determinante. Permitiu-lhes relaxar um bocadinho mais, mas continuámos a pressionar e a executar da mesma forma. Foi um fator importante, mas não determinante para o resultado final”.