Opinião: Benfica, um mês e meio de muito futebol!
Desde que começou a época o Benfica não sabe o que é perder. Um jogo na Taça da Liga = uma vitória; dois jogos na Supertaça = dois empates (vitórias nas decisões por grandes penalidades); cinco jogos na Liga Feminina = cinco vitórias e quatro jogos nas eliminatórias para o acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões = quatro vitórias.
É ainda preciso destacar que nesta fase da época há, no total de doze jogos disputados, 50 golos marcados.
Um Benfica de outro campeonato…e de Champions!
A estratégia que o Benfica definiu para contratar, para entrar em pré-época após o Mundial e para começar o campeonato não foi apenas um trabalho de equipa técnica, foi um trabalho de estrutura.
Contratou jogadoras de qualidade em Portugal, o que facilitou o processo de integração, pois não houve necessidade de adaptação ao país e/ou cultura. E contratou de forma muito informada jogadoras estrangeiras que fossem jogar de forma evidente e que acrescentassem qualidade no imediato.
Apesar de alguma reticência e gestão inicial de Filipa Patão nas suas escolhas para começar a época, optando por jogadoras que já estavam na época transata no clube, ficou claro que as jogadoras contratadas, no momento de entrar no jogo, iam trazer qualidade e davam outras soluções em termos individuais.
Ao quarto jogo da época, a treinadora das águias já tinha o seu onze base quase definido e a sua equipa perfeitamente familiarizada com o seu sistema preferencial de três defesas, cinco médias e duas avançadas (3-5-2).
A estabilidade que o clube encarnado vem revelando neste ano civil é de destacar. Se olharmos para as pré-eliminatórias da UWCL (Liga dos Campeões Feminina), nunca o Benfica tinha disputado esta fase da prova evidenciando tão expressamente o seu favoritismo.
No entanto, não nos podemos esquecer que nestas eliminatórias vimos eliminados o Arsenal e o Wolfsburgo, que na época 2022/23 estiveram presentes nas meias-finais da competição.
Kika Nazareth, Lúcia Alves e companhia entram para esta fase de grupos com boas possibilidades de fazer história e garantirem um acesso aos quartos-de-final da prova.
Um grupo constituído por Barcelona e Rosengard, dois clubes que se cruzam novamente no caminho do Benfica depois da época passada, também pertencerem nesta fase da prova. Para completar o grupo, o Eintracht Frankfurt vai fazer a estreia, o clube alemão que no trajeto até aqui eliminou surpreendentemente a Juventus.
Ainda que o Barcelona tenha sentido dificuldades no Seixal na época passada sabemos que o atual campeão da competição dificilmente dará hipóteses a qualquer equipa nesta fase de grupos. Mas as suecas e germânicas são equipas que estão ao alcance de um bom Benfica e de uma boa estratégia de jogo. Veremos.
Afirmação
O ano de Kika Nazareth, em doze jogos e 795 minutos, a número 10 do Benfica leva 16 contribuições para golo (12 golos e quatro assistências). Kika só precisa de aproximadamente 50 minutos para estar ligada aos golos da equipa.
Revelação
Lara Martins, a menina de 17 anos que é um diamante a lapidar nas mãos de Filipa Patão. Os poucos minutos que vai conquistando nesta fase prematura da carreira profissional, vão revelando uma qualidade técnica que nos deixa de queixo caído. Com um toque de bola característico, com uma ótima visão de jogo no último terço e com um golo de letra que a fez aparecer em várias frentes, Lara Martins poderá tornar-se um caso sério para o futuro do futebol feminino em Portugal.