Opinião: Semana de futebol, de tanto futebol que nem sabemos para onde nos virar!
Um Valadares Gaia que traçou o seu caminho
Recebeu o Sporting e venceu (2-0). Foi a Braga e empatou (2-2). Foi ao terreno do Vilaverdense e trouxe os três pontos (0-1).
O Valadares é neste momento uma equipa que está surpreendentemente muito estável no campeonato, nada a ver com os pontos porque ainda é demasiado cedo, mas a forma madura como se apresenta nos jogos do ponto de vista tático e estratégico é o resultado de um trabalho muito bem preparado durante a semana.
Uma vitória clara contra o Sporting, um empate muito bem conseguido com o Braga e uma exibição controlada em Vila Verde, o treinador Zé Nando continua, para mim, a ser um dos destaques da Liga BPI pela forma como coloca toda a sua equipa de forma muito consistente a atacar e a defender.
Uma Lúcia Alves (Benfica) preponderante
Não tenho mais palavras para a Lúcia, parece que me repito todas as semanas. Jogue à esquerda, à direita mais atrás ou à frente, está numa forma inacreditável.
Lúcia e companhia receberam o Marítimo (3 assistências e um golo que lhe podiam ter valido facilmente o prémio de melhor em campo, que desta vez foi para Kika Nazareth) e não deram nenhuma hipótese (5-0). Vitória contra o Ouriense (3-1) em gestão e plantel, deixaram a Lúcia descansar. E mais uma vitória contra o Ouriense, agora na Liga BPI, onde a Lúcia voltou a fazer das suas com mais duas assistências que contribuíram para o resultado de 0-3.
Um Marítimo em mares agitados
Depois de uma derrota pesada com o Benfica (5-0), numa primeira parte muito difícil para as madeirenses, o empate com o Sporting para a Taça da Liga (1-1) ajudou a recuperar animicamente. No entanto, quando se esperava um domínio sobre o Torreense, o empate foi arrancado a ferros (2-2) .
Todos sabemos que o Marítimo é dominante na Ilha e jogar três jogos de elevado nível no Continente deixaram as madeirenses desamparadas.
Um Damaiense na inconsistência do caminho
Uma inconsistência em termos de estratégia de jogo, equilíbrio defensivo e performance das atletas. O que se passa com o Damaiense que não consegue fazer 90 minutos de forma consistente?
Sente-se que a qualidade individual das jogadoras é sobrepostas à pouca qualidade coletiva que existe neste momento. A derrota em Albergaria (2-1), apesar de ter sido nos minutos finais, mostrou muitos desequilíbrios defensivos, dificuldades nas transições e pouca coesão na construção.
Mas quando achamos que já vimos tudo nesta equipa, ela é capaz de “comer a relva” e vencer o Famalicão (3-2) em casa. As dificuldades defensivas e a falta de coesão na construção do jogo não desapareceu mas quando uma equipa tem uma alma tão aguerrida as vitórias também aparecem.
Um Albergaria surpreendendo surpreendendo-se
O Albergaria venceu em casa um jogo complicado contra o Damaiense (2-1) e quando estava a vir à tona para respirar voltou a afundar-se com uma derrota pesada em terras bracarenses (6-0).
Há jogadoras muito interessantes a aparecer nesta equipa, a mudança de Andreia Freitas (ex. Valadares) para Albergaria trouxe uma nova alma à jogadora e que tem dado possibilidade ao ataque aveirense de criar oportunidades com as suas autenticidades. Erin Healy também parece estar a ambientar-se bem às terras portuguesas - a americana tem criado oportunidades e o golo acabou por aparecer na vitória contra o Damaiense.
Infelizmente, também parte do Albergaria o primeiro despedimento do campeonato: Manuel Pinho e a sua equipa técnica foram despedidos e ainda nem tinha dado para as poeiras assentarem.
Veremos o que virá daí, mas é estranho que um clube que manteve durante tantos anos uma treinadora, com sucessos e insucessos, no comando, despeça agora um treinador à terceira jornada.
Um Sporting aos papéis
As leoas não convenceram a época passada, portanto esta época a Mariana tem a obrigação de fazer algo melhor do que o ano passado. Mas esta semana é quase para esquecer…
Deslocação a Valadares para o campeonato deu a primeira derrota da época (2-0), o resultado pode ser mau mas a exibição fica bem mais aquém do que se imaginava. Receberam o Marítimo e não foram para além do empate (1-1), a equipa parece incapaz de sair a partir de jogadas padronizadas, não há criatividade no último terço e mesmo quando entra Ana Teles e Maísa a equipa já corre contra a maré.
Na terceira jornada, lá conseguiram uma vitória contra o Racing Power (2-1) mas diria-se pouco justa. Do injustiças está o futebol cheio e a vitória acabou por cair para a equipa leonina ainda que sem brilho e sem domínio em quase todo o jogo.
Uma Rafaela Sudré (Torreense) que insiste em manter a equipa de pé
É como ver uma seta a espetar no alvo. Rafaela Sudré está numa forma incrível, tão incrível que a camisola 7 tem sido das jogadoras mais importantes neste início de época em que o Torreense ainda se está a descobrir.
Visita a Vila Verde que deu a primeira vitória à equipa para respirar (0-2) e o empate numa luta até ao fim com o Marítimo (2-2) deixam este Torreense a almejar novos objetivos e se a equipa seguir a capitã os três pontos serão mais fáceis de conquistar.
Um SC Braga que ganha, empata e perde
Uma vitória no Jamor contra o Racing Power (0-2), um empate para a Taça da Liga contra o Valadares Gaia (2-2) e uma vitória contra o Albergaria (6-0).
Uma sequência de três jogos em que se nota que ainda há muito para definir em Braga. Não vejo um Braga com uma superioridade qualitativa para se evidenciar neste campeonato, mas jogadoras não faltam.
Um Famalicão que deixa dúvidas
Miguel Santos construiu uma equipa do zero, tem transmitido as suas ideias, tem-se debatido com muitas dificuldades e, provavelmente, com muito mais competitividade do que imaginava.
A vitória contra o Ouriense na segunda jornada (2-0) e as derrotas contra o Racing Power para a Taça da Liga (0-1) e Damaiense na terceira jornada (3-2) devem certamente deixar o treinador com muitas dúvidas e questões.
Não será importante a equipa rever as suas dinâmicas no controlo do jogo e do resultado? A forma como se expõe com tantos erros individuais neste início de época não será uma alerta para o que vem a partir daqui?
Um Racing Power sem power
Sem power no campeonato com duas derrotas, uma frente ao SC Braga (0-2) e uma frente ao Sporting (2-1), salvou-se uma vitória na primeira mão da Taça da Liga contra o Famalicão (0-1) que traz a decisão da segunda mão para casa.
Esta equipa tem uma garra e uma entrega ao jogo à imagem do seu treinador, mas parece muitas vezes dependente do físico e da individualidade das jogadoras para tentar criar perigo. É uma equipa que procura a velocidade, que vai ao choque e que disputa cada lance como fosse o último, no entanto o cerco começa a apertar para uma equipa que investiu tanto financeiramente. Pedem-se resultados…
Um Ouriense e um Vilaverdense à procura das vitórias
Ambas as equipas tiveram uma semana difícil, sem conhecerem o sabor da vitória. Um Ouriense com duas deslocações difíceis e a receber o Benfica (0-3). Um Vilaverdense que irá ter muitas dificuldades com um plantel inexperiente e ainda muito jovem.
Venha mais uma semana de um campeonato que eu disse que seria menos competitivo mas que errei, felizmente, redondamente.