A noite de glória do matador viajante Joselu contra o Bayern de Munique
A dez minutos do final do jogo, as coisas não estavam a correr bem para o Real Madrid, que perdia por 0-1 com o Bayern e estava fora da final da Liga dos Campeões, depois de um empate a 2-2 na primeira mão.
Carlo Ancelotti não teve outra opção senão arriscar e fez entrar Joselu e Brahim Díaz para os lugares de Federico Valverde e Rodrygo.
E foi Joselu, que curiosamente nasceu na Alemanha, que operou o enésimo milagre no Santiago Bernabéu, o estádio em que o clube se sente invencível.
Apenas sete minutos depois de ter entrado em campo, e apenas cinco minutos depois de a trave ter impedido os bávaros de se adiantarem no marcador, Joselu aproveitou um ressalto de Manuel Neuer a remate de Vinicius, o único erro do guarda-redes alemão num jogo espetacular, para fazer o empate (88).
E quando o jogo se encaminhava para o prolongamento, no primeiro minuto dos descontos, o público do Bernabéu foi ao delírio ao ver o ponta de lança de 1,92 m de altura desviar o cruzamento de Antonio Rüdiger em posição duvidosa, adiando os festejos por alguns minutos até que o VAR validou o golo.
Reviravolta com bis
O protanista da passagem à 18.ª final da principal competição europeia de clubes (com o recorde de 14 títulos e a possibilidade agora de um 15.º - não foi uma das estrelas da equipa.
Desta vez, apesar do seu grande desempenho, as atenções não estarão viradas para Vinicius, nem para Bellingham, Modric ou Kroos. Quem vai estar nas fotografias desta vez é Joselu, um futebolista viajante que chegou a muito custo à elite, apesar de ter sido formado na academia do Real Madrid.
Trajetória
Filho de emigrantes galegos na Alemanha, nasceu em Estugarda a 27 de março de 1990. Só regressou a Espanha quando a família se mudou para Vigo (no noroeste da Galiza), tinha Joselu quatro anos.
Começou a jogar futebol no Celta, até ser contratado pelo Real Madrid em 2009 fazer parte de La Fabrica. Estreou-se na equipa principal em 2011, substituindo Karim Benzema num jogo contra o Almería em que marcou um golo com apenas dois minutos em campo, a passe de Cristiano Ronaldo.
Apesar disso, não se afirmou na equipa principal e iniciou um percurso que o levou de volta à sua Alemanha natal (Hoffenheim em 2012/13, Eintracht no ano seguinte, Hannover uma época depois) e a Inglaterra (Stoke City e Newcastle).
Em 2019, o Deportivo Alavés trouxe-o de volta ao campeonato espanhol e, em três épocas, tornou-se o melhor marcador da equipa na primeira divisão.
Emprestado pelo Espanhol
Em 2022, foi contratado pelo Espanhol, mas, apesar dos seus 16 golos, não conseguiu evitar a despromoção do clube de Barcelona.
No entanto, o Real Madrid, que procurava um avançado suplente antes da época atual para descansar os titulares, contratou-o por empréstimo, também de forma a não gastar muito dinheiro com vista à eventual contratação de Mbappé.
E agora, já na casa dos 30 anos, Joselu vive o melhor momento da sua carreira, o que o levou inclusivamente a jogar com a seleção espanhola e a ser uma das opções do selecionador, Luis de la Fuente, para o próximo Campeonato da Europa.
Os números confirmam-no: 9 golos na Liga Espanhola e outros cinco na Liga dos Campeões, embora nenhum com tanto valor como o bis que anotou na quarta-feira.
O Real Madrid ainda não decidiu se vai manter o "9" na próxima época, que curiosamente é cunhado de outro jogador do Real Madrid, Dani Carvajal. Mas com exibições como a de quarta-feira, não restam dúvidas de que Joselu terá, pelo menos, mais um ano vestido de blanco..
E o adversário da final de 1 de junho em Wembley é outra equipa alemã. O Borussia Dortmund já está avisado.