Análise: Dembélé reencontrou em Paris o futebol que o caracterizou no Dortmund
Quando Ousmane Dembélé empatou no Parc des Princes na primeira mão contra o Barcelona, foi a primeira vez que marcou na fase a elimine da Liga dos Campeões desde 2019: contra o Lyon nos oitavos de final, ao serviço dos blaugrana.
Apesar de esta ser apenas uma estatística entre muitas, ela diz muito sobre a ressurreição que ele está a passar no PSG nesta temporada. É certo que foi criticado durante os primeiros meses da competição, nomeadamente por não ter sido suficientemente decisivo. Mas em Paris, talvez mais do que em qualquer outro lugar, espera-se que os jogadores de ataque brilhem nos grandes jogos. E foi exatamente isso que Dembélé fez.
Com 19 golos em 38 jogos (cinco golos e 14 assistências), há várias épocas que não era tão bom na finalização. Acima de tudo, está a brilhar na equipa de Luis Enrique e a impressão que deixa é muito positiva. E é bom que assim seja, tendo em conta os jogos que se avizinham, porque foi em parte por isso que o PSG decidiu investir nele no verão passado.
Esta quarta-feira à noite, Dembélé regressa ao Signal Iduna Park, onde fez as delícias do público durante a época 2016/17. E se não tivéssemos finalmente redescoberto o Ousmane Dembélé do Dortmund? Aquele que voava pelo relvado como um virtuoso?
Porque, para além das suas contribuições ofensivas, o número 10 do PSG tem sido inegavelmente um dos melhores jogadores da sua equipa desde o início da segunda metade da época. E várias características do seu jogo e da sua natureza humana que o representavam nos seus primeiros tempos estão a reaparecer gradualmente.
Sorridente, bem-humorado, com vontade de viver, leve em campo e disposto a correr riscos exagerados, mas eficazes, Dembélé vai fazer 27 anos em breve, mas está a jogar o futebol da sua juventude. Lembra-se de quando se estreou no Rennes e depois explodiu no Dortmund em 2016/17? Era despreocupado, tão seguro como fora de campo, e foi por isso que tantos adeptos de futebol se afeiçoaram à sua personalidade.
Na Alemanha, os adeptos do Dortmund também o veneravam e ficaram compreensivelmente tristes quando a sua transferência para o Barça foi anunciada no final do mercado de verão. Ficou apenas uma época, mas deixou uma impressão duradoura com o seu talento, personalidade e capacidade de ajudar a equipa a vencer.
Essas qualidades parecem estar de novo em evidência este ano em Paris, apesar de ter tido dificuldades em mostrar o seu valor na Catalunha durante várias épocas. Não foi poupado de lesões, mas o problema deve ter sido mais profundo do que isso. Em campo, não tinha perdido completamente o seu talento para o drible e o passe, mas a confiança tinha desaparecido. Na capital francesa, ele está no seu elemento.
Mais um sucesso para Luis Enrique, que claramente conseguiu colocar um sorriso de volta em seu rosto. Ousmane Dembélé está de novo a florescer e, como se fosse um sinal, vai poder prová-lo perante um estádio inteiro esta quarta-feira à noite. Um estádio que já o viu marcar golos antes, mas desta vez é o Paris que espera ver o seu número 10 levantar os braços mais uma vez.