Feminino: Tricampeão nacional recebe octocampeão europeu para "momento histórico" na Luz
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Com apenas seis anos de existência, o Benfica conseguiu puxar para si o domínio do futebol feminino a nível nacional e assumir-se no contexto europeu. Sob a liderança de Filipa Patão, as águias participaram em três fases de grupos da Liga dos Campeões e, recentemente, escreveram mais uma página de história ao confirmarem a passagem para os quartos da prova europeia.
O emblema encarnado vive um "momento histórico" e tem pela frente o super-campeão Lyon, uma das equipas mais tituladas do planeta, que conta com oito Ligas dos Campeões no seu palmarés, cinco delas conquistadas de forma consecutiva (2016-2020).
O emblema gaulês tem à sua disposição algumas das melhores jogadoras do planeta, onde se destacam Wendie Renard, Selma Bacha, Van de Donk, Ada Hegerberg e Kadidiatou Diani, e uma das treinadoras mais consagradas, a luso-francesa Sonia Bompastor.
"Seria arrogância não atribuir favoritismo ao Lyon, devido ao seu palmarés, jogadoras e treinadora. Ainda assim, é um patamar onde queremos chegar e perceber a que nível competitivo estamos. Não estamos só contentes por cá estar. Queremos chegar e ser mais competitivos", reconheceu a treinadora Filipa Patão.
"Quanto mais subimos mais queremos, é um vício. Crescemos, evoluímos e queremos mais. Sabemos que o Lyon é uma potência, mas somos um Benfica sedento de continuar a subir patamares. Estamos na luta para chegar às meias-finais", sustentou.
Um desafio superlativo que vai colocar à prova uma equipa que tem superado inúmeros desafios nos últimos tempos e que, no passado mês de janeiro, travou o campeão europeu Barcelona (4-4), no Seixal, prova de que tudo pode ser difícil, mas nada é impossível para as encarnadas.
O crescimento
O futebol feminino tem dado importantes sinais de crescimento no Mundo nos últimos anos e Portugal não quis ficar atrás do fenómeno. A entrada dos projetos profissionais de Sporting e SC Braga, em 2016, foi muito importante para o aumento da qualidade interna, uma vez que estes dois clubes mostraram destreza para recrutar talento, e também para o desenvolvimento da formação, que hoje começa a dar frutos.
Dois anos mais tarde, um ano depois da presença histórica da Seleção Nacional numa fase final de uma grande competição (Euro 2017, nos Países Baixos), o Benfica juntou-se à "causa" e entrou pela porta da 2.ª divisão nacional com uma mensagem fortíssima para os demais.
O plantel das águias em 2018/19 era claramente desenquadrado com a realidade competitiva em que estava inserido e os números não deixam margem para dúvidas: 452 golos marcados (365 no campeonato) e seis sofridos (um no campeonato), sendo que a maior vitória foi 32-0 ao CP Pego.
A internacional brasileira Darlene, por exemplo, terminou a temporada com 109 golos marcados, seguida pela compatriota Geyse (51 golos), hoje ao serviço do Manchester United, depois de se ter sagrado campeã da Europa na temporada passada ao serviço do Barcelona.
Além do brilharete no campeonato, a equipa então orientada por João Marques, atualmente treinador do Racing Power, conquistou a Taça de Portugal. Uma mensagem clara para os "rivais".
No ano seguinte, a aposta continuou forte e as encarnadas deram uma demonstração de que estávamos perante um projeto que ambicionava mais do que o contexto nacional. Receita: forte aposta na formação (ex. Kika Nazareth e Lara Martins), recrutamento das melhores jogadoras a nível nacional (ex. Pauleta, Catarina Amado, Marie Alidou e Lúcia Alves) e olhar para jogadoras de qualidade de campeonatos periféricos (ex. Cloé Lacasse e Anna Gasper).
11 títulos e 1088 golos marcados
O resultado foi a conquista da Supertaça, Taça da Liga e do Campeonato, com mais de 100 golos marcados na principal competição de clubes em Portugal. Ou seja, em apenas dois anos de atividade, o Benfica completava a galeria de títulos e ainda alcançava a primeira qualificação para a Europa.
Seguiram-se mais três épocas de enorme sucesso, com vários títulos, muitos golos e mais um par de qualificações para a Liga dos Campeões. Na época em que escreve história na Champions, o clube encarnado atingiu uma marca redonda em todas as provas.
Em Limassol, na goleada ao Apollon (0-7), o primeiro golo da canadiana Alidou foi o milésimo da história da equipa feminina - são agora 1.088 (365 na segunda divisão, 403 na Liga, 168 na Taça de Portugal, 79 na Liga dos Campeões, 61 na Taça da Liga e 12 na Supertaça).
Benfica e Lyon defrontam-se esta terça-feira, dia 19, na primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões feminina, no Estádio da Luz, em Lisboa, a partir das 20:00.