Sissi: "Queremos um troféu e a qualificação para a Liga dos Campeões no SC Braga"
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"13 reforços? Não está a ser uma dificuldade..."
- Como correu a pré-temporada?
- A pré-época correu muito bem. Aproveitamos para consertar todos os erros que cometemos na época passada e acredito que vamos chegar bem fortes (à competição), pois o trabalho está a ser bem feito. Apesar das muito chegadas, estamos unidas e acredito que vai correr tudo bem.
- Este é o segundo ano da Sissi no SC Braga. Conseguiram perceber o que falhou em 2023/24 (5.º lugar na Liga Feminina)?
- Muita coisa. Houve muitos jogos em que devíamos ter pontuado, mas não estávamos a conseguir acertar o passo... Só queríamos que a época acabasse para esquecer tudo o que aconteceu. Mas, como disse, a pré-época serviu para corrigir isso.
- O SC Braga contratou 13 jogadoras para a nova temporada. Como está a ser a ligação entre todas?
- Eu não tenho muita dificuldade, pois brinco com todas e tento ajudar na integração. Temos procurado o entendimento dentro de campo, percebendo aquilo que cada uma gosta, e acho que estamos a conseguir isso. Como você disse, foram 13 contratações, mas não sinto que esteja a ser uma dificuldade. As coisas estão a correr bem.
- Qual tem sido a mensagem do treinador Miguel Santos?
- O mister transmite sempre a mensagem de que temos de ter confiança com bola no pé e devemos estar sempre em cima (dos adversários), com força total, sem tirar o pé.
- A época passada não correu bem a nível coletivo, mas a Sissi destacou-se do ponto de vista individual (10 golos e uma assistência em 25 jogos). Podemos esperar mais em 2024/25?
- Sim, claro que sim. Quero estar sempre bem para ajudar o SC Braga da melhor forma a conquistar os objetivos e este ano não vai ser diferente. Vou trabalhar no máximo para estar pronta para ajudar a equipa.
- Chegou ao SC Braga na época passada. Que clube encontrou?
- Temos todas as condições no SC Braga. Trabalhamos com cabeça tranquila e não encontro nenhum problema.
- Como foi a adaptação a Portugal?
- No início foi difícil para mim, pois sempre joguei em relva natural. Mas adaptei-me bem. Ahh, e o frio também, meu Deus!
- Qual a avaliação que faz à competitividade da Liga?
- Acho que tem vindo a ficar cada vez melhor. Ninguém esperava o que aconteceu na temporada passada, então esta época está toda a gente curiosa para ver o que vai ser. Da nossa parte, vamos trabalhar para estar preparadas para o que vier.
- O que os adeptos podem esperar de vocês? E o que esperam deles?
- Esperamos sempre o apoio deles, seja na melhor ou na pior fase, e eles podem esperar o máximo de nós. Vamos dar sempre o melhor para que possamos chegar nos nossos objetivos.
"Acredito que algumas pessoas vão ficar surpreendidas"
- Aos 26 anos, que metas ainda existem na sua carreira?
- Uma delas é conseguir um troféu no SC Braga. Vamos trabalhar forte para que isso aconteça este ano, além de tentarmos chegar à qualificação para a Champions.
- Notei um certo brilho nos olhos quando falou em Champions.
- É onde estão as jogadores que você gosta, portanto poder participar nessa competição seria incrível.
- E é possível chegar lá com esta equipa do SC Braga?
- Acredito que sim. Temos um plantel que vai dar trabalho e vai chegar forte à competição (Liga). Dá para chegar sim! Acredito que as pessoas vão ficar surpreendidas com algumas jogadoras do SC Braga.
- A formação tem ganho especial destaque nos últimos anos e o SC Braga não tem sido indiferente. Que conselhos procura passar às mais jovens que chegam à equipa principal?
- Acho muito importante esta aposta na formação. Até para o meu irmão, que quer ser jogador de futebol, o que eu digo sempre é 'trabalhar, trabalhar' e que 'se estiverem na melhor forma, vão ter as suas oportunidades'. É preciso estar bem fisicamente e psicologicamente.
- O lado mental é muito importante?
- Se a cabeça não estiver bem, nada acontece. É muito importante estar bem psicologicamente, contigo mesmo e com a tua família. Se isso estiver bem, o físico dá para trabalhar.
- Olhemos agora o jogo contra o Famalicão. O que esperam?
- Estamos focadas em nós. Estamos a trabalhar para chegar bem nos jogos e não vai ser diferente. Vamos colocar em prática tudo o que trabalhámos na pré-época e vamos lutar por um resultado positivo.
"Não me via a jogar de chuteiras"
- A Sissi sempre teve o sonho de ser jogadora de futebol?
- Sempre, desde os meus oito anos. Comecei no futebol de praia, depois fiz a transição para o futebol campo, que foi difícil. Não me via a jogar de chuteiras (risos), mas aconteceu e deu tudo certo. Depois só queria alcançar o melhor: queria estar no melhor clube, nas melhores competições... O meu sonho era ter uma oportunidade de jogar fora do Brasil. Ela apareceu e eu não pensei duas vezes.
- Essa oportunidade surge em 2022, em que deixa o Brasil para vir para Portugal. Foi difícil?
- Eu recebi essa oportunidade através de um treinador que estava a sair do Brasil. Tinha jogado contra ele e quando ele recebeu a proposta de vir para o Famalicão, ele entrou em contacto comigo a dizer que gostava muito do meu trabalho e queria que eu viesse com ele para cá. Eu estava na minha melhor fase no Brasil e fiquei muito na dúvida. Mas, dentro de mim, eu tinha pedido essa oportunidade. Fiquei com medo, mas conversei com a família e todos apoiaram.
- Olhando agora para trás, valeu a pena?
- Valeu tudo a pena! Gostei bastante da experiencia que tive no Famalicão. Aprendi bastante e saí de lá com uma Taça (de Portugal).
- Como é que a Sissi avalia a evolução do futebol feminino?
- O futebol feminino está sempre a ultrapassar barreiras e está a crescer cada vez mais, mesmo com as dificuldades. No Brasil tem crescido muito nos últimos anos e aqui também.
- Gostava de fazer mais duas perguntas. A primeira é: aconteça o que acontecer ao longo deste ano, o que é que a Sissi gostava que dissessem de si no final da época?
- Gostava que destacassem a minha entrega e garra em campo e que dissessem que estive sempre disponível para ajudar a equipa. Sabemos que vão existir momentos em que as coisas não vão correr tão bem como desejamos, mas nunca vai faltar garra.
- Última: o que significa o futebol na sua vida?
- O futebol significa tudo, tudo. Não me vejo a fazer outra coisa. Se me perguntar o que vou fazer depois do futebol, não sei. Não penso nisso. O meu pai brinca com isso, mas eu quando acabar não sei mesmo o que vou fazer. (...) Quero conquistar várias coisas e eu sei que vou conseguir isso através do futebol.
Nota: Entrevista realizada antes de ser conhecida a decisão do Länk Vilaverdense em desistir da Taça da Liga, que fez com que o SC Braga garantisse vaga direta na próxima fase da competição.