Herói improvável acompanhou o Olímpico: Calcanhar de Arthur Cabral leva Benfica à Liga Europa
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Depois do terceiro empate consecutivo para todas as competições na receção ao Farense (1-1), as águias não puderam contar com o castigado António Silva e os lesionados Bah, Bernat e David Neres. Um pressionado Roger Schmidt optou por lançar Tomás Araújo no lugar do central, ocupando o eixo com Otamendi, e entregou as alas a Aursnes e Morato.
A tarefa não se adivinhava fácil, tendo em conta que os austríacos só perderam por dois golos de diferença por uma vez esta época, na receção à Real Sociedad (0-2) e chegavam a este encontro sem perder nos últimos cinco encontros. A favor dos lisboetas estava o facto de nunca terem perdido na Áustria.
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Era preciso uma noite especial... e apareceu Di Magia
A mexida na retaguarda complicou a saída de bola dos encarnados perante um Salzburgo confortável com a posse de bola e a levar o seu tempo a atacar. Apesar das dificuldades em conseguir chegar controladamente à fase ofensiva, pertenceu ao Benfica a primeira oportunidade clara de golo, com Rafa a surgir isolado perante Schlager, mas a rematar por cima da trave... Pairavam os fantasmas do empate com o Farense.
No entanto, foi o tónico que as águias necessitavam para assentar o jogo no meio-campo adversário com confiança e fluidez. Di Maria começou a abrir o livro: dentro de área tirou dois defesas da frente e tirou um cruzamento-remate que ficou a milímetros da cabeça de Tengstedt e do poste de Schlager, que estava batido. No minuto seguinte, aos 33, fez magia. Na cobrança de um pontapé de canto, o movimento de Otamendi enganou os defesas e o guarda-redes, que foi surpreendido pelo golo olímpico do extremo argentino.
Os anfitriões responderam, beneficiando de algumas precipitações em fase de construção, falta de comunicação e de apoio nas dobras. Aos 40 minutos, Ratkov teve sorte ao ganhar um ressalto dentro de área, mas esbarrou num seguro Trubin que, pouco depois, voltou a intervir a remate de Nene que poderia ter sido mais altruísta em lance de superioridade numérica.
Em cima do intervalo, a chuva deu lugar a um banho de gelo nas bancadas austríacas com o segundo golo encarnado. Tengstedt atrapalhou, João Neves recuperou e passou para Di Maria, com o argentino a lançar imediatamente Rafa na profundidade que, de primeira, atirou cruzado e rasteiro para colocar o Benfica, provisoriamente, na Liga Europa!
Os tais fantasmas de Faro...
Com o apuramento na mão, Schmidt regressou dos balneários à procura do terceiro golo e fechar a eliminatória com a entrada de Musa para o lugar de Tengstedt. O avançado croata beneficiou desde logo de uma oportunidade, mas foi atrapalhado pelo defesa na altura de rematar e Schlager segurou o esférico.
Rafa conseguiu fazer ainda pior a um metro do guarda-redes... Numa recuperação junto à área adversária, João Mário ganhou a linha de fundo, picou para a pequena área, onde o avançado português, completamente sozinho e à boca da baliza, conseguiu acertar no único sítio onde estava o guarda-redes.
Não resolveu o Benfica, cinco minutos depois marcou o Salzburgo. Na conclusão de um jogada paciente e bem desenhada, Oscar Gloukh deixou o esférico com Susic à entrada da área e o forte disparo do avançado croata desviou em Tomás Araújo, não dando qualquer hipótese de defesa a Trubin.
Rafa no centro do desperdício
Tal como no campeonato, o Benfica só se podia queixar de si próprio por não estar mais confortável. Mesmo depois do golo de Susic, as oportunidades surgiram a pontapé, mas, entre a pontaria ligeiramente desafinada da caneta esquerda de Di Maria e o desperdício do pé direito de Rafa, não há Schmidt que resista.
O argentino continuava a tirar coelhos da cartola, fosse a rematar, fosse a servir, e ainda acertou no poste com um remate colocado que deixou Schlager pregado ao relvado. Já o português, apareceu no coração da área para atirar por cima após cruzamento de Morato e, depois, fez tudo bem para se isolar perante o guardião que respondeu com uma grande defesa.
Até ao fim!
Musa também se juntou à festa e, nem com um ressalto fortuito, acertou na baliza. João Neves também tentou de longe e não acertou no alvo. Os minutos corriam, mas quem quer que fosse o interveniente o destino parecia o mesmo. Até que... entrou Arthur Cabral para os últimos cinco minutos.
O patinho feio que custou mais de 20 milhões de euros, apareceu no momento certo, no sítio certo, para desviar de calcanhar após o passe de Aursnes, que deu seguimento a um excelente lançamento de João Neves em profundidade.
Homem do jogo Flashscore: Angel Di Maria (Benfica).