A antiga estrela do Liverpool - que foi capitão dos reds na conquista da Premier League e da Liga dos Campeões durante uma bem sucedida passagem de 12 anos pelo clube - fez a controversa transferência durante a janela de verão, no meio de um coro de controvérsia relacionada com o historial do jogador em falar sobre várias questões de direitos humanos, particularmente em nome da comunidade LGBTQ+.
Os ativistas questionaram abertamente a mudança do jogador, uma vez que a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo é ilegal na Arábia Saudita.
Numa entrevista ao The Athletic, Henderson revelou que "compreendia" a raiva e as frustrações e que "se preocupa", mas que, em última análise, fez a escolha pela sua família e pela sua carreira.
"Houve algumas coisas que fizeram soar o alarme. Tenho uma relação muito boa com o Jurgen. Ele foi muito honesto comigo. Eu sabia que não ia jogar tanto. Sabia que iam entrar novos jogadores na minha posição", explicou Henderson.
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"E se não estou a jogar, como todos sabem, especialmente o treinador, isso pode ser muito difícil para mim, especialmente quando estou num clube há tanto tempo e sou capitão da equipa há tanto tempo. Especialmente quando a Inglaterra é uma coisa importante para mim. Temos o Euro à porta. Depois, o Al Ettifaq contactou o clube para saber se seria possível eu ir para lá. A reação do clube não foi dizer que não", peosseguiu.
"Tinha de ser algo em que eu sentisse que podia acrescentar valor, fazer e tentar algo novo - um novo desafio e por razões diferentes. E esta oportunidade com o Stevie (Gerrard), numa liga totalmente diferente e numa cultura totalmente diferente, era algo completamente diferente, que talvez nos entusiasmasse em termos do projeto que nos foi apresentado, em termos da liga e da utilização da minha experiência para tentar ajudar em muitas áreas diferentes e sentir que as pessoas valorizam", prosseguiu.
"É bom sentirmo-nos desejados. Sei que o Stevie me queria muito. Sei que o clube queria muito que eu fosse e queria que tentássemos construir, nos próximos anos, algo que veio para ficar e ser uma das melhores ligas do mundo", rematou.
"Foi difícil aceitar as críticas"
Henderson - que foi convocado por Gareth Southgate para a próxima partida de qualificação para o Europeu contra a Ucrânia - também afirmou que esperava tentar fazer alguma mudança dentro do país, desde que não fosse contra as crenças da cultura da Arábia Saudita e que a mudança não tinha qualquer motivação financeira.
"As pessoas podem acreditar em mim ou não, mas na minha vida e na minha carreira, o dinheiro nunca foi uma motivação. Nunca", atirou.
"Não me interpretem mal, quando se muda, o negócio tem de ser apertado. Temos de ter finanças, temos de nos sentir desejados, temos de nos sentir valorizados. E o dinheiro é uma parte disso. Mas não foi a única razão. E essas possibilidades surgiram antes mesmo de se falar em dinheiro", sustentou.
"Pode haver muitas críticas, muita negatividade à minha volta como pessoa. E isso foi difícil de aceitar. Mas sinto que, porque me preocupo com as diferentes causas em que me envolvi e com as diferentes comunidades... preocupo-me. E o facto de as pessoas me criticarem e dizerem que lhes virei as costas magoou-me muito, muito", considerou.
Henderson continuou: "Fiz tudo o que estava ao meu alcance para ajudar (a comunidade LGBTQ+). Usei os atacadores. Usei a braçadeira. Falei com pessoas dessa comunidade para tentar usar o meu perfil para os ajudar. Foi tudo o que tentei fazer. Quando ouço coisas como: 'Viraste-nos as costas', isso magoa-me. Eu preocupo-me. Tenho família e amigos na comunidade LGBTQ+."
"Compreendo a frustração. Consigo perceber a raiva. Compreendo-a. Tudo o que posso dizer em relação a isso é que lamento que se sintam assim. A minha intenção nunca foi magoar ninguém", sublinhou.
Henderson também disse que não excluiria a possibilidade de usar atacadores arco-íris na Arábia Saudita, insistindo que o gesto ainda está totalmente de acordo com os seus valores, mas que não quer ser desrespeitoso.
A Inglaterra e Henderson defrontam a Ucrânia na Polónia, no sábado, numa partida de qualificação para o Euro 2024, e defrontam a Escócia num amigável em Hampden Park, a 12 de setembro.