Luís Campos: "Ninguém esperava que Bernat e Draxler se iam lesionar, o mesmo com o Renato (Sanches)"
“Eles beneficiam muito do facto de serem grandes conhecedores do jogo. Quando o treinador pede uma determinada tarefa, o jogador português é, por norma, capaz de responder rapidamente de forma positiva a essa exigência. Essa é uma das características que o torna muito mais interessante. Talvez estejamos entre os melhores do mundo ou lá perto”, observou o dirigente, de 60 anos.
Luís Campos falava aos jornalistas à margem da terceira edição da cimeira Thinking Football, que arrancou esta quinta-feira e promoverá debates sobre a modalidade com oradores nacionais e internacionais até sábado, no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, sob organização da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).
“Neste momento, trabalho com treinadores estrangeiros e percebo a alegria que eles têm quando rapidamente percebem também que o jogador português é completo no entendimento do jogo. Provavelmente, não somos os melhores fisicamente, somos mais baixinhos, mas temos uma agilidade mental e uma capacidade de entender o jogo que nos ajuda a triunfar lá fora e a completar carências que possam existir nas equipas”, agregou.
O médio João Neves juntou-se em agosto aos compatriotas Nuno Mendes, Vitinha e Gonçalo Ramos no Paris Saint-Germain, ao chegar proveniente do Benfica por 59,92 milhões de euros (ME) fixos, mais 10 ME em variáveis, representando a venda mais avultada efetuada por clubes portugueses na janela de transferências de verão.
“Contar com o João Neves é contar com uma solução técnica, ágil e dinâmica, que permite ao nosso treinador manter um nível de jogo elevado por mais tempo e apresenta soluções capazes de responder àquilo que é exigido todos os dias no treino”, sustentou.
Já o polivalente Danilo Pereira rumou aos sauditas do Al-Ittihad, enquanto o médio Renato Sanches regressou ao Benfica oito anos depois por empréstimo dos parisienses, sendo encarado por Luís Campos como “uma pessoa fantástica e um jogador fabuloso”.
“Infelizmente, está numa fase em que as lesões acontecem. Penso que todos os clubes tentam ajudá-lo no sentido de que isso não volte a acontecer. Há trabalho a fazer com ele. Se o Renato Sanches fosse uma má pessoa e um mau profissional, já estaria largado deste mundo, porque isto funciona assim mesmo”, enquadrou, dois dias depois de o internacional português ter sofrido uma lesão muscular na coxa direita.
O Paris Saint-Germain cedeu excedentários ao Benfica pela terceira época consecutiva, após o lateral esquerdo espanhol Juan Bernat e o médio ofensivo alemão Julian Draxler, ambos condicionados por problemas físicos durante as respetivas passagens na Luz.
“Percebo (a contestação dos adeptos) porque é um facto real. Isso é perfeitamente normal, mas nenhum de nós pensava que dois excelentes jogadores como Bernat e Draxler se iriam lesionar. Aconteceu o mesmo com o Renato Sanches, mas penso que, com a ajuda de todos, ele vai ultrapassar este problema e ser alguém muito importante no Benfica”, sinalizou.
Mentor dos projetos que levaram Mónaco (2016/17) e Lille (2020/21) a contrariar a supremacia no campeonato francês do Paris Saint-Germain na última década, Luís Campos tornou-se conselheiro dos parisienses em 2022, um ano antes da chegada do treinador espanhol Luis Enrique, que coincidiu com as saídas do argentino Lionel Messi, para os norte-americanos do Inter Miami, e do brasileiro Neymar, rumo aos sauditas do Al Hilal, comandados por Jorge Jesus.
O ataque sofreu mais uma perda significativa no verão, quando Kylian Mbappé, capitão da seleção francesa e melhor marcador da história do clube, terminou uma ligação de sete temporadas e assinou como jogador livre pelo campeão europeu e espanhol Real Madrid.
“Temos um projeto que mudou. Ninguém nos pôs a obrigação de ganhar a Liga dos Campeões. Provavelmente, somos nós que colocámos lá dentro a exigência de querer ganhar tudo e a todos, até porque um clube como o nosso dá essa força. Entramos em todos os jogos para ganhar. Se conquistarmos a Liga dos Campeões, será perfeito”, concluiu Luís Campos, aludindo ao título mais desejado pela administração do qatari Nasser Al-Khelaifi.