Mercado: a maior "ameaça" à Arábia Saudita? O Newcastle

No filme protagonizado por Brad Pitt, a equipa do Oakland Athletics vê-se obrigada a substituir a saída de uma das suas estrelas e, com base nos dados analisados pelo novo consultor Peter Brand, tem em vista três jogadores que, à partida, causam perplexidade.

Três são também os alvos de meio-campo escolhidos pelo AC Milan após a saída de Tonali, mas os rossoneri acabaram por optar bons jogadores como Loftus-Cheek, Reijnders e, muito provavelmente, Musah. Será que Cardinal conseguirá fazer melhor do que o seu amigo Beane? Entretanto, as compras foram pagas com a venda, a peso de ouro, do antigo médio do Brescia, que rumou ao Newcastle.

A titularidade do Newcastle

A oferta de 70 milhões de euros + 5 milhões de bónus por Tonali foi uma daquelas que não se pode recusar, até porque era consideravelmente superior ao valor do jogador no mercado.

Uma loucura em pleno verão árabe de 2023, uma vez que, apesar de ser uma equipa inglesa, o Newcastle é detido em 80% pelo PIF, o fundo soberano do príncipe saudita Bin Salman, bem como pela PCP Capital Partners de Amanda Staveley e pela RB Sports & Media.

O PIF registou um volume de negócios de 370 mil milhões de euros em 2020 e nenhuma outra propriedade pode gabar-se de possuir tais ativos, estando o valor do fundo estimado em 430 mil milhões de dólares. Por outro lado, o património pessoal de Bin Salman é de 18 mil milhões de dólares, o que o coloca a par do outro homem rico do futebol mundial, o xeque Mansour, proprietário do Paris Saint-Germain.

Na mira de Kvaratskhelia e Chiesa

É por isso que, com o Newcastle na Liga dos Campeões, esperam-se mais novidades dos ingleses no mercado, e não é de estranhar os últimos rumores de que estão interessados em Kvicha Kvaratskhelia, o fenomenal extremo georgiano do Nápoles, por quem terão oferecido 95 milhões de euros a De Laurentiis. Uma oferta que o proprietário do Nápoles poderá considerar demasiado baixa, mas o Newcastle, ou seja, a PIF, tem a oportunidade de a aumentar e, se o jogador for muito desejado, poderá conseguir o seu desejo.

Nas últimas semanas, os ricos ingleses também demonstraram interesse em Federico Chiesa, um interesse que não foi seguido por uma oferta real. Mas o mercado é longo e não está excluído que eles possam quebrar o gelo mais tarde.

Porque uma coisa é certa: com Tonali, o Newcastle apenas começou o que promete ser uma campanha de compras faraónica, já que este ano, além do jogador do AC Milan, apenas garantiu Yankuba Minteh, lateral-direito do Odense, que recebeu 8 milhões de euros. Por isso, a Arábia Saudita talvez não seja a maior ameaça para as equipas europeias, uma vez que no Médio Oriente ainda têm de lidar com uma liga que não é considerada estimulante pelos jogadores de topo, bem como com uma diferença cultural que implicaria uma mudança de estilo de vida que nem todos querem empreender (pense em Allegri e nas ofertas rejeitadas).

Em vez disso, o Newcastle pode ser mais insidioso, oferecendo dinheiro (muito dinheiro), uma liga de topo como a Premier League e, a partir deste ano, também a participação na Liga dos Campeões.

O Fair Play Financeiro não é um problema

O Newcastle, aliás, também não está particularmente limitado pelo Fair Play Financeiro, uma vez que, segundo cálculos da empresa Swiss Ramble, que analisa financeiramente o mundo do futebol, pode gastar até 700 milhões de euros no mercado, nos próximos três anos, para reforçar a equipa.

Os regulamentos ingleses permitem um défice orçamental até 125 milhões de euros e o Newcastle teve um lucro de 38 milhões de libras nos últimos três anos. A este valor acrescem 30 milhões de euros de custos não integrados. É por isso que um assalto a Kvaratskhelia ou a Chiesa não deve surpreender.

É provável que, a par da Arábia Saudita ou de um Real Madrid que possa concretizar o sonho de Mbappé, o clube de St. James Park seja um dos reis do mercado de verão.