Momento Flash da semana: O calcanhar da redenção
Até este verão, Arthur Cabral seria um nome desconhecido para a grande maioria dos adeptos do futebol português (exceção feita para alguns do SC Braga, contra quem o avançado fez três dos sete golos da Fiorentina no play-off da Liga Conferência do ano passado), mas para Roger Schmidt não. Atento ao brasileiro de 25 anos desde que chegou à Europa pela porta do Basileia, o técnico alemão apostou nele para render Gonçalo Ramos (não era a primeira opção, essa seria Santiago Giménez, do Feyenoord) e o Benfica pagou 20 milhões de euros à Fiorentina para trazer o melhor marcador da última edição da Liga Conferência.
A verba parece quase irrisória, tendo em conta os valores praticados no mercado atual, mas certo é que Arthur Cabral foi a segunda transferência mais cara dos encarnados neste período (20 milhões de euros), apenas superado por Orkun Kokçu (25 milhões de euros). As expectativas geram-se e, em conjunto com a responsabilidade de render o melhor marcador da época passada, parecem ter pesado demasiado sobre a cria do Palmeiras.
Com 16 jogos e 611 minutos disputados, Arthur Cabral somava apenas dois golos (um na Taça de Portugal, outro na Taça da Liga) e fazia desesperar os adeptos que não hesitavam em apontar todo o tipo de debilidades. Pior ainda ficaram com o gesto irrefletido após o empate com o Farense, que aqueceu um ambiente já de si muito quente no Estádio da Luz (onde ainda não conseguiu marcar).
Contudo, o futebol parece muitas vezes saído de um daqueles filmes de superação, que muitos nos habituamos a ver nas tardes de fim-de-semana, sobretudo estas de inverno.
90+1 minutos, Salzburgo. A ganhar por 2-1, o Benfica preparava-se para somar o primeiro triunfo nesta edição da Liga dos Campeões, mas era insuficiente. Ou vencia por dois golos de diferença, ou era eliminado das provas europeias. Com Petar Musa e Gonçalo Guedes já em campo, Roger Schmidt lança uma última cartada de desespero: Arthur Cabral. E foi bem-sucedido.
Otamendi lança Aursnes na profundidade, o norueguês coloca a bola na pequena área, onde Arthur Cabral rodopia sobre si enquanto dá um toque de calcanhar para o fundo das redes. Toda a equipa aglomerada em volta dele a festejar, cientes da importância do momento.
No espaço de quatro dias, Arthur Cabral passou de ser o patinho feio, e o símbolo maior de um mercado de verão menos conseguido, para poder ser a figura do momento em que o Benfica (esperam os adeptos) vira a página época de uma época que está a trazer alguns dissabores. Mais do que as palavras, este parece ter sido o verdadeiro pedido de desculpas para os adeptos.