Só Bragança encontrou a receita contra o deslize: Sporting empata frente ao PSV
Recorde as principais incidências da partida
Na Liga Portugal, equipas como Sporting, Benfica, FC Porto e SC Braga podem ser quase perfeitas e mesmo assim vencer praticamente todos os jogos, mas na Liga dos Campeões o quase não chega. Na prova milionária, qualquer erro pode ser fatal. Quando os erros começam a acumular, a tarefa fica ainda mais difícil e esta noite foi um exemplo claro disso mesmo.
Lei de Murphy
Em Eindhoven, a importância de Pedro Gonçalves neste Sporting ficou clara, caso ainda existissem dúvidas. Geny Catamo foi o jogador escolhido por Rúben Amorim para fazer o papel do internacional português, mas as características do moçambicano são bem diferente e isso também ficou claro nesta partida.
Frente a um PSV de valor idêntico a este Sporting (as semelhanças ficaram claras neste artigo), a equipa de Rúben Amorim esteve desconfortável desde os primeiros minutos e foi nesse desconforto que falhou. Os erros, os tais que são fatais nestes jogos, apareceram numa sequência mortífera para os leões.
O piso estava escorregadio, literalmente, e o Sporting teve uma entrada aos tropeções. Geny Catamo não conseguiu ser solução a jogar de costas para a baliza e os defesas leoninos tiveram sempre dificuldades para encontrar Hjulmand ou Morita. Gyökeres, invariavelmente, foi sendo solicitado, mas nem o sueco dá para tudo.
O primeiro erro de Gonçalo Inácio só não foi fatal porque Franco Israel, que terá mesmo segurado a titularidade durante a lesão de Kovacevic, conseguiu evitar o primeiro, mas o mau passe de Debast custou caro.
O belga voltou a arriscar em demasia e, com o pé esquerdo, fez um passe complicado para Geny Catamo. Uma vez mais de costas para a baliza neerlandesa, o moçambicano caiu no contacto com Schouten (15') e o médio, inspirado pelo próprio Debast na primeira jornada, rematou de fora da área, sem hipóteses para Israel. Impossível prever, é certo, mas um Pedro Gonçalves talvez tivesse encontrado solução para a complicação causada pelo defesa belga.
Quando um mal nunca vem só, não há mesmo muito a fazer. Inácio já tinha falhado, Debast teve a sua culpa no golo do PSV e Diomande, que estava a fazer um jogo mais discreto, mas menos errático, acabou lesionado no tornozelo ao intercetar um remate. Eduardo Quaresma entrou para o lugar do costa-marfinense e trouxe ao Sporting a agressividade que faltava, ao contrário do que acontecia no conjunto neerlandês - 12 faltas nos primeiros 24 minutos.
Jogar na Liga dos Campeões tem destas coisas. Além da má entrada, o Sporting expôs-se aos erros e precisou de começar a reagir. Quenda, o mais jovem em campo, deu os primeiros sinais de vitalidade com duas arrancadas poderosas e escavou os primeiros dois túneis para o crescimento sportinguista, com Inácio a ficar perto do golo em cima do intervalo, na sequência de um canto.
Os sinais começavam a indicar um Sporting mais capaz de criar desconforto ao PSV, mas o início da segunda parte voltou a trazer um leão errático. Amorim não mexeu e só o desacerto neerlandês - Saibari e Luuk de Jong falharam ocasiões flagrantes - evitou um recomeço idêntico.
Efeito Bragança
As dificuldades de Geny já faziam prever uma mexida, mas com os médios do Sporting novamente sem influência, Rúben Amorim decidiu resolver dois problemas com a mesma solução - Daniel Bragança foi lançado e as características do jogo mudaram.
Trincão, vindo da esquerda, apareceu com mais espaço e a tal ligação que faltava começou a surgir, faltando, no entanto, a ligação essencial para alterar definitivamente o rumo da partida, a ligação com a baliza adversária.
É que o Sporting melhorou com a entrada de Daniel Bragança, mas Benítez continuou a ter uma noite descansada, mesmo quando Eduardo Quaresma conseguiu isolar-se após grande jogada e passe de Morita para, no momento do remate, escorregar (uma constante em Eindhoven) e nem sequer finalizar.
Mas as entradas de Harder e Maxi Araújo trouxeram a agressividade que faltava ao conjunto verde e branco. Do pé esquerdo do uruguaio saiu o cruzamento que Daniel Bragança, aquele que fez mais por merecer um destino diferente para esta partida, desviou à boca da baliza para um empate suado, mas saboroso em Eindhoven.
Melhor jogador em campo: Daniel Bragança