Acompanhe aqui as incidências do encontro
No seu livro The Real Madrid Way, Steven G. Mandis explica como a nova direção do início dos anos 2000, liderada por Florentino Pérez, alterou a estratégia global do clube espanhol para o tornar naquilo que é hoje. "Concentrando-se nos seus valores históricos e nos elevados padrões do clube", explica, um longo processo conduziu "ao êxito desportivo e comercial do Real Madrid no século XXI".
Um excelente preâmbulo para perceber de que é feito o Real Madrid e porque é que Thibaut Courtois vai regressar à equipa titular após vários meses de ausência por lesão, relegando Andriy Lunin para o banco, apesar de todos os méritos do ucraniano.
Depois de uma época 2023/24 marcada por excelentes desempenhos do guarda-redes de 25 anos na Liga dos Campeões, muitos esperavam que fosse titular no sábado, por puro mérito e agradecimento. Uma heresia quando se considera a forma como esta equipa e, mais amplamente, este clube estão moldados. Embora o Real Madrid se tenha forjado sobre uma série de pontos fortes, um deles insiste num facto: em campo, são os melhores que têm de jogar. É uma mentalidade que explica a escolha de Ancelotti para a equipa que vai defrontar o Borussia Dortmund em Wembley.
A vontade, a humildade e a resiliência de Thibaut Courtois
E a realidade atual é esta: Thibaut Courtois é considerado o melhor guarda-redes do mundo por Carlo Ancelotti, pela equipa técnica e pela direção do clube espanhol, enquanto Andriy Lunin conseguiu impor-se internamente pelo trabalho que realizou durante um período de gestão interina. Apesar de ter sofrido duas lesões graves esta época, nunca houve qualquer debate interno sobre se o belga deveria ou não ser titular quando regressasse à forma física. Antes do jogo contra o Villarreal, o treinador italiano foi questionado pela imprensa sobre o assunto:
"Para mim, não há debate. Lunin fez uma época fantástica e ajudou-nos muito a chegar à final. Mas Courtois voltou a ser o que era antes: o melhor guarda-redes do mundo", afirmou. Não podia ser mais claro. No Real Madrid, o pragmatismo sempre prevalece sobre a emoção, uma palavra de ordem que se encaixa perfeitamente na mentalidade do treinador nascido em Reggiolo.
Contra o Bayern, Camavinga ficou no banco nos dois jogos, com Tchouaméni no seu lugar. O antigo jogador do Rennes merecia a titularidade, mas aos olhos do italiano, o ex-Mónaco estava mais apto a jogar contra os alemães, mesmo com um pé anestesiado há várias semanas.
A famosa "fórmula Real Madrid" foi aplicada a Thibaut Courtois no dia seguinte à sua intervenção cirúrgica ao ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. O clube fez tudo o que estava ao seu alcance para que o belga voltasse a entrar em campo o mais rapidamente possível. As infraestruturas, os preparadores físicos e o pessoal médico desempenharam um papel fundamental na longa convalescença do jogador de 32 anos.
Um ponto importante: o Real Madrid é um clube que tem a sorte de poder dispor de todo o tipo de terapias para que o jogador possa atingir uma determinada carga de trabalho sem que haja qualquer reação inflamatória ou outra no local da lesão.
Logo após a sua operação em agosto, Thibaut Courtois trabalhou as partes do corpo que podia exercitar, nomeadamente a parte superior, com exercícios muito específicos. Passou seis a oito horas por dia a tentar regressar o mais rapidamente possível. Este trabalho, realizado ao longo de 6 a 7 meses - até março/abril - foi "monstruoso", diz-nos a sua comitiva, e dá-lhe esperança de poder regressar após a pausa de março.
Mas o belga sofreu uma recaída, desta vez no outro joelho (uma rotura do menisco medial do joelho direito). Um momento terrível para qualquer futebolista, exceto para Thibaut Courtois. A aceitação da(s) lesão(ões) é uma das grandes forças do jogador neste momento complicado da sua carreira. Muito rapidamente, recomeçou, com os mesmos ingredientes que lhe tinham permitido ver o fim do túnel após a primeira lesão: determinação, humildade e resiliência.
Courtois retomou o processo de tentar voltar aos relvados o mais rapidamente possível, e isso aconteceu mais cedo do que o esperado. De facto, algumas semanas mais tarde, missão cumprida: o belga reapareceu no treino antes do jogo contra o Barcelona, causando espanto entre a imprensa presente nessa manhã em Valdebebas.
Em Wembley, a famosa "fórmula Real Madrid" vai voltar a ser aplicada. O belga será titular na baliza porque, para além de ter recuperado a forma, é simplesmente considerado o número 1 da equipa. Além disso, de acordo com a lógica do Real Madrid e de Carlo Ancelotti, Thibaut Courtois merece jogar este jogo tanto como Andriy Lunin, depois de todos os esforços e sacrifícios feitos para regressar num espaço de tempo tão curto. Não há dúvida de que o belga vai defender a baliza da sua equipa este sábado à noite em Londres.