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Até agora, esta situação era conhecida como Fergie-time, e não apenas em Old Trafford. Agora, na BayArena, o tempo de Xabi Alonso poderá ser chamado de Xabi-zeit, uma vez que a equipa do Leverkusen já provou ser decisiva nos descontos.
Desde o início de 2024, o campeão alemão conseguiu virar uma partida no último quarto de hora dez vezes em todas as competições, melhor do que qualquer outro clube das cinco principais ligas da Europa.
Além disso, o Leverkusen marcou 15 golos nos descontos em todas as competições. Um desempenho que permitiu aos alemães empatarem os seus adversários in extremis em seis ocasiões para manterem a sua invencibilidade. A partir dos 80 minutos, esse número sobe para 33 golos! O Werskelf conquistou assim oito pontos na Bundesliga para além dos 90 minutos. E, quando isso acontece com tanta frequência, é tudo menos devido ao acaso.
Uma explicação tático-técnica
A 21 de abril, Josip Stanisic salvou a sua equipa aos 90'+7 minutos no Signal Iduna Park, conseguindo um ponto. Seis dias depois, ainda na Bundesliga, foi Robert Andrich que voltou a conseguir o impensável ao impedir que o Estugarda triunfasse no terreno do líder, empatando a partida aos 90'+6. Parecia que os homens de Xabi Alonso acabariam por ceder, mas não o fizeram.
A 9 de maio, na segunda mão das meias-finais da Liga Europa, a Roma aguentou até aos 82 minutos. O Leverkusen teve então pouco mais de dez minutos para manter viva a sua invencibilidade. Foi aí que Stanisic conseguiu mais uma proeza, conseguindo garantir o empate 2-2. E esses foram os resultados mais recentes. Mas o golo nesta fase do jogo tem sido um tema recorrente desde o início da época. Em março, foi o caso do Qarabag, onde todos pensavam que o Leverkusen também ia perder.
Quase sempre, as estatísticas mostram que a equipa de Xabi Alonso é superior. O espanhol nunca desiste das suas ideias e continua a acreditar que é capaz de ultrapassar a defesa adversária. Com um bloco alto e muita posse de bola, a ideia passa por exercer uma pressão constante, colocando o maior número possível de jogadores na área.
Não foi por acaso que Andrich e Stanisic marcaram este ano: ousaram arriscar e partir para o ataque, na esperança de conseguir um cabeceamento ou um remate à baliza. E, de um modo geral, é toda a equipa que acredita nisso da mesma forma, semana após semana. Quando a equipa não consegue dominar desde o início de um jogo, sabe que a vitória acabará por chegar. A ideia é nunca desistir e repetir os padrões de passe.
O resultado é que funciona com um pouco de sorte (claro), mas no final é o trabalho do treinador espanhol, que aparentemente jurou garantir que os seus jogadores não perdem. Os últimos resultados mostram que o Bayer Leverkusen mantém a sua filosofia ofensiva. Em todos os jogos, marcam pelo menos um golo. Apenas o Borussia Mönchengladbach conseguiu silenciar os campeões (0-0).
"Recusamo-nos a perder", disse Xabi Alonso no mês passado. A Atalanta e o Kaiserslautern foram avisados: uma derrota do Werkself seria quase inesperada...
Uma explicação psicológica?
"Sempre acreditamos em nós mesmos até ao fim. Nesta época, é claro que também há um pouco de sorte. Mas se funcionar, tanto melhor", disse Stanisic.
"Estou mais uma vez sem palavras, depois de ter conseguido marcar (contra a Roma). (...) Mostrámos força e caráter e penso que os rapazes mantiveram a confiança de que estávamos a jogar da forma correta", explicou o treinador espanhol após a segunda mão das meias-finais da Liga Europa.
Uma equipa à prova de ferrugem, cenários incríveis, jogos que nos deixam sem palavras: se não soubermos de quem estamos a falar, podemos pensar que se trata de uma equipa que veste camisolas brancas e joga na liga espanhola. No entanto, essa pode ser uma das possíveis explicações para a reviravolta do Bayer Leverkusen nesta temporada.
Xabi Alonso começou a ter as suas primeiras aulas de treinador nas camadas jovens do clube merengue há cinco anos. Um território que ele conhecia muito bem, tendo sido um dos principais arquitectos da 10.ª Liga dos Campeões do clube espanhol em 2014, enquanto jogador. E se esse espírito lhe tivesse sido transmitido durante as suas duas passagens pela Casa Blanca e o basco fosse capaz de o transmitir ao seu plantel? Em todo o caso, esta capacidade de nunca desistir e de dar tudo até ao último segundo é exclusiva do Real Madrid. A correlação é simples, o mais difícil é aplicar o que uma pessoa aprendeu numa fase da sua vida num clube.
No entanto, isso tem sido feito na perfeição até agora. Se o Bayer terminou invicto, para além das estatísticas e do estilo de jogo, é porque este grupo acredita nas suas forças e na sua capacidade de dar a volta por cima rapidamente. Uma abordagem psicológica que é complicada de explicar ao cidadão comum. Em todo o caso, para já, mantém-se. Será que os "Neverlusen" conseguirão vencer sem nenhum cenário maluco esta noite contra a Atalanta? A resposta às 20 horas.