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Esquerda, centro ou direita: Kokçu ainda procura encontrar o seu espaço no Benfica

Hugo Filipe Martins
Kokçu não teve partida inspirada no Dragão
Kokçu não teve partida inspirada no DragãoBenfica, Flashscore
O Benfica fez várias contratações para esta época. A de Ángel Di María terá sido a mais sonante, mas foi a de Orkun Kokçu que motivou um maior investimento por parte das águias, que pagaram 25 milhões de euros ao Feyenoord pela contratação do médio turco. Numa altura em que chegamos ao último terço da temporada, pode dizer-se que o início de Kökçü no Benfica não correu como esperado.

Siga as principais incidências

Para este artigo fica desde já a questão: será culpa do próprio Kokçu ou de Roger Schmidt?

Como se diz em Portugal, "a culpa não morre solteira", o que significa que o turco e o alemão dividem responsabilidades para que a temporada de Kokçu esteja longe do nível que se esperava à partida para a época 2023/24.

Se é Kokçu, com o seu talento, que pode fazer a diferença dentro de campo, também se esperava que Roger Schmidt, técnico que desejava a contratação do médio que conheceu na Eredivisie, soubesse que tipo de jogar estaria a contratar e onde o encaixar, mas a verdade é que tal parece não ter acontecido.

Os números

Numa análise mais redutora, comecemos por ver os números do jogador de 23 anos desde que chegou ao Benfica - 32 jogos pelas águias, dois golos marcados, nove assistências realizadas. 

No capítulo do passe, Kokçu até está a uma assistência do melhor registo da carreira, mas o médio não tem feito a diferença como certamente se esperaria. O registo goleador está distante do que apresentou na época passada (12 golos marcados) pelo Feyenoord, com vários remates de fora da área a entrarem no lote dos principais highlights dos vídeos "Kokçu: welcome to Benfica".

Pelo que vinha fazendo nos Países Baixos e pelo que se foi vendo, a qualidade de Kokçu era inegável, mas faltava perceber de que forma poderia o turco encaixar no plantel encarnado.

O mapa de passes de Kokçu frente ao FC Porto
O mapa de passes de Kokçu frente ao FC PortoSL Benfica, Opta by Stats Perform

Início atribulado

A estreia oficial não tardou. Titular na Supertaça, Kokçu não começou logo a convencer, o que não foi surpresa, tendo em conta que tinha acabado de chegar ao Estádio da Luz.

Mas a verdade é que os jogos foram passando e o médio turco continuava a parecer distante do nível que se esperaria à partida.

A pausa internacional e alguns jogos menos conseguidos das águias, nomeadamente na Liga dos Campeões, fizeram com que passasse a ter estatuto de suplente. Com Roger Schmidt a dar a oportunidade a Florentino, um médio com um perfil bem diferente, era evidente que o alemão procurava coisas diferentes para o meio-campo encarnado.

Depois dessa fase e de alguns problemas físicos, o turco acabou por voltar ao onze com alguma naturalidade, embora numa posição ligeiramente diferente.

Turco foi pouco procurado pelos colegas
Turco foi pouco procurado pelos colegasBenfica, Opta by Stats Perform

Ainda à procura de lugar

Se é verdade que Kokçu é um dos jogadores mais utilizados no Benfica, também é verdade que Roger Schmidt parece ainda não ter percebido qual a posição ideal para o jogador de 23 anos.

Com João Neves a assumir o controlo do meio-campo, o técnico alemão foi hesitando ao colocar o turco ao lado do internacional português, embora ambos tenham vindo a fazer parte do mesmo onze com regularidade. 

Será o próprio João Neves o problema de Orkun Kokçu? É que o turco parece ofuscado pela forma como o jovem português toma conta do miolo encarnado, desdobrando-se em missões defensivas, construção de jogo e transporte de bola. Nesse sentido, qual o papel de Kokçu no Benfica? Para Roger Schmidt, essa parece ser a questão de um milhão de euros.

Kokçu oscilou entre a esquerda e a direita
Kokçu oscilou entre a esquerda e a direitaBenfica, Opta by Stats Perform

Voltando ao que já tinha acontecido esta temporada, o técnico alemão procurou fazer do turco uma espécie de João Mário no Clássico com o FC Porto, colocando-o à esquerda, no início da partida e, mais tarde, à direita.

Numa prova cabal de que o próprio Roger Schmidt ainda procura a melhor posição de Kokçu, a partida no Dragão foi um exemplo claro de que, nesta fase, o turco é mais um problema do que uma solução para o alemão.

Entregue ao pendor ofensivo de João Mário, à criatividade de Francisco Conceição e às dificuldades de Morato (a lateral esquerda suspira por Grimaldo), Kokçu foi mais vítima do que réu, embora tenha de ser responsabilizado pelas vezes que acompanhou o lateral portista à distância, com o mero auxílio da visão.

Kokçu, com a camisola 10, próximo de João Mário na posição média
Kokçu, com a camisola 10, próximo de João Mário na posição médiaBenfica, Opta by Stats Perform

Quando passou para a direita, as dificuldades defensivas reduziram-se, mas ofensivamente foi a sombra que tinha sido no lado contrário, apesar das várias trocas de posição com Rafa, que tentou encontrar espaço para fazer o que o turco não conseguiu.

Depois de 45 minutos onde voltou a não justificar o investimento, Kokçu vai certamente procurar dar uma resposta nos próximos jogos, mas o facto de não saber ao certo em que posição irá jogar daqui para a frente dificulta a missão do internacional turco.

À esquerda, ao centro ou à direita? No Dragão, simplesmente não apareceu.

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