Exclusivo com Ashimeru (Anderlecht): A influência de Kompany, a influência de Addo e o novo penteado
Depois de vários períodos de empréstimo enquanto jogava na Áustria, poucos poderiam prever o caminho que o talentoso ganês teria pela frente.
Em 2024, Ashimeru não só se estabeleceu como um jogador-chave para o gigante belga Anderlecht, como também deixou a sua marca nas competições europeias.
No início deste ano, em junho, Ashimeru decidiu deixar de usar as suas famosas rastas, o que assinalou um novo capítulo na sua carreira.
"Senti que precisava de cortar as madeixas e começar tudo de novo, porque me lembro que quando estava no Gana não tinha madeixas", explica o médio, numa entrevista exclusiva ao Flashscore.
"Por isso, depois de seis, sete anos, acho que preciso de inventar algo novo e começar de novo, e foi por isso que o fiz", acrescenta.
A carreira de Ashimeru atingiu um novo marco recentemente, quando participou na vitória do Anderlecht por 2-1 sobre o Ferencvaros, na quarta-feira, para a Liga Europa. Este jogo marcou a sua estreia na competição, depois de ter jogado anteriormente na Liga dos Campeões com o Red Bull Salzburgo e na Liga Conferência com o Anderlecht.
"Esta é a minha primeira vez a jogar na Liga Europa. Estou ansioso por viver um momento fantástico durante esta Liga Europa. O mais importante é a vitória, mas sinto-me bem no geral. Começar com uma boa forma como esta na Liga Europa é um bom passo para a equipa e eu entrar nos últimos 25 minutos é sempre difícil, mas estou feliz pela vitória", partilha Ashimeru.
A época 2024/25 da Liga Europa introduziu um novo formato, substituindo a tradicional fase de grupos por uma fase de Liga, com 36 equipas. Esta mudança significa mais jogos para as equipas participantes, uma perspetiva que entusiasma Ashimeru.
"Quanto mais jogos jogarmos, melhor, porque é uma boa sensação. Para mim, pessoalmente, acho que é uma boa fase para jogar tantos jogos", disse, entusiasmado.
Apesar do entusiasmo, Ashimeru tem enfrentado desafios com o tempo de jogo recentemente. Dos seis jogos que disputou esta temporada, apenas dois foram como titular, já que o clube administra cuidadosamente a sua carga de trabalho devido a lesões anteriores.
No entanto, o médio continua positivo em relação ao seu progresso.
"No geral, tem sido bom, porque no ano passado tive muitas lesões e agora estou a subir de forma gradual. No geral, diria que me sinto muito bem por jogar neste clube e também na cidade, nos adeptos, em toda a gente. Só espero poder dar o próximo passo", explica.
O compromisso de Ashimeru com o Anderlecht foi ainda mais solidificado em julho de 2024, quando prolongou o seu contrato até 2027. Esta renovação diz muito sobre o seu afeto pelo clube.
"É incrível, porque já estou aqui há três anos e meio", lembra.
O Anderlecht, apesar da sua rica história, viveu uma seca de troféus nos últimos anos. O último título da liga foi conquistado na temporada 2016/17, e o clube não conseguiu conquistar o troféu nas últimas temporadas. Ashimeru, no entanto, continua otimista quanto às perspectivas da equipa.
"Damos um passo de cada vez, mas acho que podemos ir muito longe, porque temos jogadores incríveis e esperamos o melhor, e vamos continuar", afirma.
O caminho de Ashimeru no Anderlecht começou sob a tutela de Vincent Kompany, que fez pressão para que o jogador fosse contratado definitivamente após um primeiro empréstimo do Red Bull Salzburgo. Ashimeru não está surpreso com o sucesso da transição de Kompany para o comando técnico do Bayern de Munique.
"Sempre acreditei nele, porque é um treinador que aprendeu muito. E eu sabia que um dia ele iria treinar uma das melhores equipas. E agora conseguiu-o. Todos podem ver como a equipa (Bayern de Munique) está agora. Ganharam seis jogos e acho que ele sabia o que queria. É um bom treinador em geral. Acho que ele vai mesmo longe. Sempre acreditei nele", afirmao médio.
Depois de trabalhar de perto com Kompany por mais de um ano, Ashimeru deu uma ideia do que diferencia o jovem treinador.
"É uma pessoa que está sempre a interagir com os jogadores e, por vezes, até nos treinos se junta e treina com a equipa. Por isso, penso que esta é uma qualidade que faz com que os jogadores queiram lutar por ele, queiram matar-se por ele. Por isso, acho que com isto ele vai mesmo, mesmo, mesmo longe", explica.
A nível internacional, o percurso do jogador formado no WAFA com a seleção do Gana tem sido sinuoso. Depois de fazer a sua estreia em 2021, contra a África do Sul, teve de esperar dois anos pela próxima convocat+oria. No entanto, desde o final de 2023, tornou-se uma presença constante no plantel, participando em oito dos doze jogos possíveis. Na recente janela internacional, Ashimeru jogou pela primeira vez sob o comando de Otto Addo.
"É uma sensação incrível poder ser convocado, porque temos muitos jogadores aqui no Gana. Trabalhar com Otto Addo é algo de que eu estava à espera há muito tempo. Depois de ter tido tempo para trabalhar com ele, posso dizer que é um bom treinador e sinto que temos muitas coisas para alcançar juntos. É uma sensação boa trabalhar com ele", assume.
O desempenho recente do Gana tem sido preocupante, já que a equipa conquistou apenas um ponto em duas partidas das eliminatórias para o Mundial-2026, contra Angola e Níger. O pior início de campanha nas eliminatórias desde 1961 coloca em risco a participação no torneio do ano que vem, em Marrocos.
O jogador de 26 anos reconhece a gravidade da situação, mas continua determinado:
"Sabemos o que Gana exige dos outros jogadores, então vamos dar tudo de nós para vencer os jogos e torcer para que possamos nos classificar para a CAN", diz.
Com o foco renovado e o compromisso com o aperfeiçoamento, Ashimeru está pronto para alcançar voos ainda mais altos com o Anderlecht e a seleção de Gana nos próximos anos.