Lookman subiu aos céus e levou a Deusa: Atalanta faz história e vence o Leverkusen
Recorde aqui as incidências do encontro
Uma final pode tornar uma equipa e um jogador imortal. Em Dublin, foi já com esse estatuto com que os jogadores do Bayer Leverkusen entraram em campo. A possibilidade de fazer ainda mais história estava à mercê de um jogo, dois para manter a invencibilidade no total da temporada, mas quando um clube conquista o seu primeiro campeonato de sempre, cada responsável passa a ser imortal, tal como acontece com Éder em Portugal.
Segundo a mitologia, os Deuses não nascem, simplesmente existem, mero milagre do criador, para os crentes, claro. Para acabar com o estatuto de imortal do Bayer Leverkusen, só mesmo uma figura de energia inesgotável, capaz de apaixonar qualquer adepto do futebol, tal e qual a Deusa Atalanta.
Conhecida pela sua capacidade atlética e por desafiar os seus pretendentes a uma verdadeira luta pelo direito de casar com ela, a Atalanta, que dá nome e rosto ao símbolo de um clube que pela primeira vez na sua história chegou a uma final europeia, prometia que para manter o estatuto de invencível o Bayer Leverkusen teria mesmo de lutar, e lutar muito, pelo direito de ludibriar La Dea.
Quase como uma figura mitológica para os adeptos de futebol esta temporada, Xabi Alonso parecia um técnico capaz de encantar a Deusa de Gasperini, mas o espanhol desiludiu na estratégia inicial e não conseguiu mesmo decifrar a Atalanta. Bem pelo contrário.
Sem um avançado de raiz capaz de conseguir enganar as marcações homem a homem e com Frimpong a fazer essas movimentações, o Bayer não conseguiu sequer incomodar a baliza de Musso. Por outro lado, Kovar, o titular na Liga Europa, teve noite atribulada para segurar a baliza alemã.
Enérgica, a Atalanta dominou toda a primeira parte. Chegou a uma vantagem de dois golos, boa contra quase todas as equipas menos contra o Leverkusen, e até podia ter marcado mais.
Ademola Lookman foi o Deus da equipa italiana. O nigeriano, em dois lances bem distintos, fez história ao tornar-se, logo na primeira parte, no primeiro africano a bisar numa final europeia, e, tal como a Deusa Atalanta, conseguiu enganar o adversário. Num canto aparentemente controlado, Palacios alertou para o posicionamento do extremo, solto no lado oposto onde se desenrolou a jogada, mas o argentino ficou-se pelos alertas verbais e foi passivo na abordagem, acabando por deixar Lookman fugir para o primeiro da partida (12 minutos).
Pior do que defrontar a Atalanta com a bateria carregada só mesmo defrontá-la em desvantagem. Pouco habitual esta época, o Bayer ressentiu-se daquele começo hesitante e foi caíndo perante a pressão de Ederson e Koopmeiners. Pela esquerda do ataque italiano, os problemas continuaram. Foi o espaço encontrado pela Deusa para ferir o adversário, que o diga Xhaka.
O médio suíço, uma das referências da boa temporada do Bayer Leverkusen, viu de perto os encantos de Lookman. Apenas 14 minutos depois, o nigeriano voltou à carga (26 minutos) e, em grande estilo, fez um golaço que trouxe ainda mais encanto à boa primeira parte da Atalanta, que teve mais uma oportunidade por De Ketelaere, depois de um excelente passe de Scamacca, desta vez com a defesa eficaz de Kovár.
O derradeiro teste ao Neverlusen
Totalmente dominado e a perder por 2-0 desde os 26 minutos, não havia maior teste à recente alcunha de Neverlusen, mas a confiança alemã é inabalável, especialmente numa época em que só o Borussia Monchegladbach não sofreu golos dos farmacêuticos. Era caso para dizer que a equipa de Alonso, mesmo quando parecia derrotada, encontrava sempre o remédio para abanar as redes adversárias.
O que não funcionou, no entanto, foi a receita inicial de Xabi Alonso. Pelo contrário, Gasperini nada tinha falhado na estratégia inicial. Para corrigir o problema, Victor Boniface foi a jogo após o intervalo, mas o remédio nigeriano não foi suficiente para ultrapassar o virus Atalanta.
É certo que o Bayer melhorou na segunda parte, em certos momentos até encostou a Atalanta às cordas, mas Musso não sentiu qualquer impacto da nova receita de Alonso. Com mais sofrimento, é certo, mas era a Deusa que continuava com o jogo nas mãos e a prova veio da estrela da noite, Ademola Lookman.
Com a exibição de uma vida, o nigeriano (seria ele a passar pelos céus portugueses rumo a Dublin?) fez um drible que voltou a deixar Tapsoba preso ao relvado (exibição complicada do ex-Leixões e Vitória SC) para sentenciar uma noite perfeita para a Atalanta.
Pareceu uma história mitológica, mas é mesmo verdade: o Bayer Leverkusen já não é invencível e a Atalanta venceu o primeiro troféu europeu da sua história.
Homem do jogo Flashscore: Ademola Lookman (Atalanta)