No lado errado da história: SC Braga eliminado pelo Qarabag (3-2)
Reveja aqui as principais incidências da partida
Depois de uma longa viagem até Baku, Artur Jorge partia com a ambição de dar a volta a uma eliminatória onde sabia que precisava de marcar no mínimo três golos para resolver a questão no tempo regulamentar. Em relação ao duelo de há uma semana duas mudanças em termos dos nomes, uma estrutural: Pizzi e Roger Fernandes foram lançados no onze, com a equipa a espraiar-se num 4x4x2, em que Moutinho e Zalazar dividiam o meio-campo, e os recém-entrados ocupavam as faixas.
No que toca ao Qarabag, Gurban Gurbanov mudava apenas um nome. Vesovic entrava para o lado direito da defesa. De resto a aposta nos mesmo homens que triunfaram na Pedreira e que procuravam fazer história.
Vontade de viver passou a sobrevivência
Com uma desvantagem de dois golos, o SC Braga sabia que era imperioso dar uma resposta. Até para serenar as bancadas de Estádio Tofiq Bahramvo repleto e com adeptos a apoiar em plenos pulmões o campeão do Azerbaijão.
E num primeiro momento, a equipa arsenalista parece ter acedido ao repto de Artur Jorge. Entrou forte e Banza teve mesmo a melhor oportunidade, quando tirou um adversário do caminho, já dentro da área, mas não conseguiu direcionar o remate. Mostrava vontade viver na Liga Europa.
Contudo, o SC Braga rapidamente se tornou num sobrevivente. A jogar em casa e com uma faixa canhota bastante inspirada (As combinações entre Jankovic, Benzia e Zoubir foram a principal fonte de perigo), o Qarabag tomou conta da partida.
Pressão alta retirou a bola aos médios do SC Braga e deixou mais tranquilo o conjunto azeri. E a festa nas bancadas só não foi maior porque Matheus voltou a agigantar-se. O guardião (que cedeu a braçadeira de capitão a Abel Ruiz) defendeu o tiro de Vesovic (41 minutos) e foi lesto a sair dos postes quando Leandro Andrade apareceu isolado. Antes, foi Juninho que falhou o desvio após um belo cruzamento de Zoubir.
O intervalo mostrou um insatisfeito Artur Jorge. A melhor notícia para o SC Braga foi não sofrer um golo no primeiro tempo, o que lhe permitia continuar a sobreviver na eliminatória.
Vermelho esperança
O segundo tempo trouxe um Braga diferente. Pizzi deu lugar a Álvaro Djaló e uma faceta mais ofensiva do conjunto arsenalista. E pese embora a equipa de Artur Jorge tenha entrado melhor, raramente conseguiu incomodar Lunev, enquanto o Qarabag se mostrava mais afoito e obrigou novamente Matheus a esmerar-se para evitar um novo golo.
E quando o Qarabag parecia novamente estar a tomar conta do jogo, eis que Cafarquliyev deitou tudo a perder. No espaço de quatro minutos, Cafarquliyev derrubou Cher Ndour e Roger Fernandes. Das duas vezes viu o cartão amarelo e foi expulso. Um vermelho de esperança para os guerreiros do minho.
A irreverência do menino
Sentia-se a apreensão nas bancadas. O Qarabag parecia ter conseguido gerir bem a partida, mas com menos um jogador a tarefa ficava mais complicada. O SC Braga sentiu essa apreensão e foi em busca do adversáVIO.
À entrada para os 20 minutos finais, Paulo Oliveira e Niakaté, os centrais, eram os únicos defesas de raiz no onze arsenalista.
Completamente virada para a frente, a equipa do SC Braga encontrou na irreverência de Roger o antídoto para fazer cair o muro azeri.Aos 70 minutos, aproveitou um cruzamento de Bruma no lado esquerdo, recebeu na área, e disparou de pé esquerdo para o fundo das redes do Qarabag. Um motivo de esperança para o SC Braga.
A festa parecia completa aos 79 minutos, quando Abel Ruiz marcou após novo cruzamento de Roger. Contudo, o árbitro descortinou um domínio com o braço (por centímetros) antes do remate fatal. O VAR estragou os festejos de um SC Braga que parecia ter o sentimento de missão cumprida.
Não foi preciso muito tempo para faer novamente a festa. A atravessar uma fase menos fulgurante, Álvaro Djaló mostrou porque tem sido uma das figuras do SC Braga esta época. Recebeu a bola de Bruma, fletiu para o meio e disparou para o fundo das redes. Um golo de craque que silenciou o outrora barulhento Tofiq Bahramov.
Os erros
Depois da euforia do golo, o Qarabag mostrou que ainda não estava morto. Matheus voltou a ser decisivo a três minutos do fim, quando segurou uma bola após uma incursão dos jogadores azeris na área contrária. Um aviso que a equipa de Artur Jorge devia ter ouvido no prolongamento.
Com 2-0 no marcador e 4-4 na eliminatória, foram precisos mais 30 minutos para decidir o vencedor da eliminatória e quem iria carimbar o lugar nos oitavos de final da Liga Europa. Para não correr riscos, Artur Jorge substituiu o amarelado Paulo Oliveira por Serdar Saatçi e manteve a equipa completamente de tração à frente.
Os 30 minutos extra, mostraram a mesma toada do final do tempo regulamentar. O SC Braga dominava e procurava furar a defesa de um Qarabag que se remetia ao processo ofensivo. A única forma de visar a baliza de Matheus era de bola parada e o nesse sentido, o conjunto arsenalista acabou por dar um tiro nos pés.
Herói do segundo golo, Álvaro Djaló entrou de forma impetuosa sobre um adversário e deu um livre na meia direita. Chamado a bater, Jankovic colocou a bola ao primeiro poste, foi afastada e na resposta, Matheus Silva foi o mais lesto a responder ao ressalto e colocou a bola no fundo das redes com uma bela finalização.
Balde de água fria para o SC Braga, novo sentimento de euforia nas bancadas. Era um passo gigante rumo à história e sentia-se o ambiente de festa em Baku, denunciado pelo reforçar da segurança em volta das bancadas, para impedir uma eventual invasão de campo.
Uma celebração que ficou estragada com um novo erro. Aos 111 minutos, Banza foi derrubado na área por Mustafazada. Após uma longa revisão do VAR, que esteve também a equacionar um possível cartão vermelho, foi assinalada grande penalidade e o avançado da República Democrática do Congo colocou-se na linha de 11 metros, onde não falhou.
Estava feito o 3-1 que empatava a eliminatória (5-5) e com tempo para um último assalto. Contudo, pese embora os esforços, Lunev não mais foi batido e a decisão parecia que ia mesmo ser da marca de penálti
Agora sim, a festa
Mas eis que um novo erro do SC Braga ditou um balde de água fria. Após uma falta tática de Rony Lopes para travar a arrancada de Jankovic. Com Bruma, Cher Ndour e Rony Lopes ao pé do local da falta, a equipa bracarense não soube travar a saída rápida da bola. Uma ingenuidade que pagou caro. Livre batido rapidamente, Akhundzade, uma das revelações do futebol azeri apareceu na cara de Matheus e marcou.
Festa do Qarabag. Torna-se na primeira equipa do Azerbaijão a chegar aos oitavos de final de uma prova europeia. O SC Braga sai eliminado de Baku depois de ter feito o mais complicado: conseguiu empatar a eliminatória, chegou a ter a passagem na mão, mas foi traída pela ingenuidade.
Homem do jogo Flashscore: Akhundzade (Qarabag).